Casa-quarto
recisamos de uma casa, mesmo sem saber exactamente onde ficar; mesmo sem saber, amanhã, em que lugar vamos trabalhar ou viver.
Uma casa, seja pequena ou grande, dá segurança – segurança e estabilidade. Além de já estar cansado de andar por aí, de terra em terra, como um caixeiro-viajante.
Eu, que nem tenho ensejos de mercar nada e só compro o essencial.
Gostaria, e muito, de ter uma casinha… um sítio para passear à volta, conhecer os vizinhos e dar os bons-dias a quem encontrasse.
Acho que estou cansado e gostaria de viver mais à-vontade.
Também percebo que hoje em dia acontece de tudo, desde roubos a tornados, cheias e sismos que tudo põem em derrocada.
Sei que a vida não é nada. Que hoje temos o que podemos e o amanhã talvez Deus o dê.
Mas continuo a pensar que gostaria de ter uma casinha onde me recolher todas as noites e em qualquer altura do dia, sem precisar de pedir licença para entrar, para ir buscar a minha roupa arrumada no roupeiro, ou para me lavar e vestir, ou para, finalmente, me deitar.
- Mas afinal, onde estás tu a morar? Pensei que era nesta cidade.
- E é, mas tenho apenas um quartinho alugado e quando me ausento alugam-no a outro e assim eu não tenho que pagar o aluguer no entretanto. Assim só pago quando, ou enquanto, habito.
- Tem lógica e é um esquema poupado.
- Pois é, mas… gostava de ter uma casinha para mim… e talvez formar uma família…