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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

01
Nov11

Céu rosa, sol rosa

eva

iajando em um céu rosa atravessámos de um pulo o Sol que era róseo também.

Chegámos a uma terra branca, que nos mostrava vapores igualmente esbranquiçados e que encobriam os nossos pés.

Ah! Estávamos sem nada, nenhuns sapatos e não tínhamos frio, antes dávamos passadas muito cómodas.

Caminhámos assim durante muito tempo, pareceu uma eternidade e não sentíamos o cansaço.

Chegámos a um rebordo sobre o mar, ou algo semelhante ao mar que conhecemos, porque a espuma das ondas chegava até nós em salpicos.

Os nossos cabelos esvoaçavam e, no entanto, não havia vento algum.

Ao longe ouviram-se sinos com sonoridades cristalinas e percebemos que íamos embora.

- Pois, isso mesmo, vamos embora. Não percebo onde está o apito do comboio que parte e como possa sequer assemelhar-se a sinos… quê? Ah, sim…. Cada um ouve como pode… Sinos cristalinos?! Vamos, que hoje é só preguiça, não?...

25
Out10

Sonhos?

eva

- ntão, então? Vamos indo! O autocarro não espera.

- Autocarro? Onde está?

- Ali mesmo, senhora. Ali estacionado – não o vê?

- Agora já, mas de autocarro só tem o tamanho!

- É quanto basta, senhora. De resto leva-nos onde quisermos ir.

- Ah! sim?

- Onde quer ir, senhora?

- Eu quero ir para casa, nem sei onde estou nem o que estou fazendo aqui.

- Foi aqui chamada e por isso aqui está a fazer o que lhe disseram para fazer.

- Chamada? Eu? Por quem?

- Por aqueles ali, vê-os? Estão a rir e a divertir-se com isto tudo, com todos vocês.

- Todos nós, quem?

- Todos estes, não os vê? Não tem disciplina, pois não senhora?

- Eu? Mas como é que chamaram, se não ouvi nada? Só se foi em sonhos!

- Sonhos? Mente, disciplina mental, sono, sensibilidade… faz ideia do que isso seja?

- Não, e não me parece que queira saber!

- Vamos para sua casa, então! Já chegámos!

- Mas… como é possível? … nem chegou a um instante!

 

14
Mai10

Haja saúde

eva

- stou há bastante tempo à espera… pois!... disso tudo – que te despaches, que chegues e, finalmente, que possamos seguir viagem.

- Viagem para onde?

- Sim, é só mudar de bairro, mas é uma viagem. Apenas não referi se era grande ou pequena. A viagem é uma disposição da pessoa em mudar de ambiente… 

- Bem, mesmo sendo pequena de trajecto, pode ser enorme para quem sai de casa, sobretudo se não tem condições físicas para o fazer.

- Sim, pois… sem condições mentais é pior, ou mau na mesma, sei lá!

- Não há dúvida que viver numa ilusão torna essa ilusão igual ou ainda mais sentida e agudizada do que a realidade.

- A loucura? Oh! Mas a quantidade que anda aí convencida de uma realidade que não é o que está a viver... e ainda considera que está bom da cabeça.

- Bem, também há desses, há – os que acham os outros piores que eles e que são uns incompreendidos.

- O que, bem vistas as coisas, até é verdade serem incompreendidos, porque os outros também os julgam como se estivessem bons de cabeça. Mentalmente sãos!

- Talvez… afinal quem pode vangloriar-se de estar vivendo realmente tudo por que passa?

- Não vale entrar em dramatismos. A cada um os seus pensamentos e atitudes perante a realidade que lhe assiste a sua mente.

- E haja saúde!

 

23
Jun08

Nem sonho nem pesadelo

eva

Uma cova funda que faz lembrar o interior de um vulcão que vi uma vez em filme. Tudo negro e íngreme, no entanto ainda se vê um patamar ou nesga de passagem que desce, desce…
Tudo cada vez mais escuro e, lá em baixo, em vez da massa ao rubro que se via no tal filme, está o chão duro da rocha e um pouco molhado – como se corresse ali um riacho.
Isso fez-me procurar para onde ia a água na expectativa de encontrar uma saída.
Nada. Nada de nada. O chão acabava já ali para recomeçar uma subida, de qualquer modo impossível, desse lado – só voltando pelo mesmo caminho.
Lá em cima, muito acima, estava a claridade do céu azul.
Parece que, afinal, somos um grupo e isso reconforta-me um pouco.
Nem sonho nem pesadelo.
Há uma chamada de nomes e aqueles que são referidos começam a aparecer e a sair de … humm… parecem celas com grades… e agora, vamos todos juntos, como num elevador, para uma nova plataforma que se formou – agorinha mesmo – com tanta luz e calor do sol que todos protegemos os olhos, já habituados ao negrume.
- Então e depois?
- Depois fomos todos, felizes, para novos postos de trabalho. Este já estava terminado!

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Fotograma do filme "What Dreams May Come" (Para Além do Horizonte)
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Disse  Khalil Gibran :  Quem vive nas trevas não consegue ser visto, nem vê nada!
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11
Jun07

Perdidos no nevoeiro

eva
11 de junho de 2007

- Perdidos no nevoeiro! Não se vê nada e já não sabemos dos outros.
- Lembram-se daqueles versos «caminhante, não há caminho. O caminho faz-se ao andar»?  Pois é o que este nevoeiro me lembra. Já nem sei há quanto tempo aqui andamos! Aliás, nem sei onde é o aqui! Seguimos o que nos parece ser “sempre em frente” e logo se verá...
- Ali! Ao longe! Parece haver alguma claridade. Vamos!
- Vamos, pois! Temos que ter sempre esperança. Há sempre possibilidades de melhorar!
- Resta saber quando…
- Se nos falta a esperança, nem damos pelo quando…
- Olhem que está mesmo outra luz por trás daquela árvore grande!
- Nem dá para acreditar! É um vale! E a poucos metros! E parece banhado de sol!
- Parece e está! É verdade que o sol já se está a pôr mas amanhã virá um novo dia, de novo o sol, e poderemos seguir viagem! Agora até se vê onde pomos os pés! E o céu tem um rosa digno de uma fotografia, para o lembrarmos sempre assim. Agora é rosa e alaranjado, e continua belo! Parece um oásis no meio dos nossos dias. Deixem-me ficar aqui uns minutos para me recordar da cor da esperança que este céu me dá!
- Olha, está ali o outro grupo! Parecem tão felizes quanto nós.
29
Mai07

Regresso

eva
29 de maio de 2007

Estavam várias pessoas de bata branca numa sala, também igualmente branca como de hospital, sem móveis a não ser uma cama de ferro e uma mesa-de-cabeceira também de ferro.
As pessoas rodeavam uma senhora adulta de aspecto forte e de ar nada doente. No entanto parecia estar a sentir um cansaço extremo porque mal falava e toda ela parecia em câmara lenta.
Eis que chega uma rapariga que se aproxima da cama devagar e olhando-a com todo o carinho, lhe pega nas mãos e entrelaça-as nas suas.
Parece que vai chorar, mas segura as lágrimas nos olhos e a tremura das palavras, para ir falando com calma e boa disposição.
Vai falando das novas técnicas e produtos, das novidades dos computadores, de tudo o que a tal senhora poderá encontrar daí a algum tempo.
Das lojas que agora estão juntas em centros comerciais, das serras, dos campos, da neve e do calor, das praias…
A senhora parece esboçar alguns sorrisos, conforme vai ouvindo as palavras.
A rapariga continua a falar devagar sobre música, arte, beleza e tudo o que se vai lembrando de agradável.
E a senhora, em paz, parece transformar-se, como que encolhendo.
O tal pessoal de bata branca acode-lhe, rodeando-a.
E ela encolhe tanto que parece transformar-se em bebé minúsculo.
A voz da rapariga, agora sentada a um canto da sala, continua a soar na cabeça do bebé, do tamanho de um recém-nascido ou talvez ainda mais pequeno.
- E depois, 'vó?
- E depois a rapariga abraça-a, como tu agora me estás a fazer, e a bebé chama-lhe 'vó!
22
Out06

C. S. Lewis # O Cavalo e o Seu Rapaz

eva
22 de outubro de 2006
...............................................
Oh, por favor... por favor, vai-te embora. Que mal te fiz? Oh, sou a pessoa mais infeliz do mundo!
Mais uma vez sentiu o bafo quente da Coisa na mão e no rosto e ouviu-a dizer:
- Vês? Isto não é o hálito de um fantasma. Diz-me o que te aflige.
Aquele hálito tranquilizou um pouco Xassta. Por isso lhe contou como nunca conhecera o pai e a mãe e como tinha sido duramente criado por um pescador. Depois contou a história da fuga, como tinham sido perseguidos por leões e obrigados a nadar para salvar a vida; e falou de todos os perigos de Tashbaan, da noite passada entre os Túmulos e de como os animais vindos do deserto o haviam ameaçado com os seu uivos. Falou ainda do calor e da sede da viagem pelo deserto e de como estavam quase a chegar ao destino quando outro leão os perseguira e ferira Arávis. E também de como não comia nada há muito tempo.
- Não acho que sejas infeliz – disse a Voz Profunda.
- Não achas que foi pouca sorte encontrar tantos leões?
- Só havia um leão – respondeu a Voz.
- Que queres dizer? Acabei de te contar que havia pelo menos dois na primeira noite e...
- Só havia um, mas era rápido de pés.
- Como sabes?
- O leão era eu. – Xassta ficou de boca aberta, sem saber o que dizer, e a Voz prosseguiu: - Eu era o leão que te forçou a reunires-te a Arávis. Eu era o gato que te reconfortou entre as casas dos mortos. Eu era o leão que afugentou os chacais enquanto dormias. Eu era o leão que deu novas forças aos cavalos nos últimos quilómetros para que tu chegasses a tempo junto do Rei Lune. E eu era o leão de que não te recordas e que empurrou o barco onde te encontravas, uma criança às portas da morte, de modo que chegaste a terra, onde estava um homem sentado, acordado à meia-noite, para te receber.
- Então foste tu que feriste Arávis?
-Fui.
-Mas para quê?
- Criança – respondeu a Voz -, estou a contar-te a tua história, não a dela. Só conto a cada pessoa a sua própria história.
- Quem és tu? – perguntou Xassta.
- Eu mesmo – respondeu a Voz, tão profunda e tão surda que a terra tremeu. – Eu mesmo – repetiu de uma forma nítida, sonora e alegre. – Eu mesmo – repetiu pela terceira vez, num murmúrio tão doce que era quase inaudível, embora parecesse provir de tudo o que havia em redor, como trazido pelo sussurrar das folhas.
...............................................
Aproxima-te, Arávis, minha filha. Vê! As minhas patas parecem de veludo. Desta vez não serás arranhada.
- Desta vez? – perguntou Arávis.
- Fui eu que te feri. Sou o único leão que encontraste em todas as tuas viagens. Sabes por que te arranhei?
- Não.
- Os arranhões nas tuas costas, golpe por golpe, dor por dor, sangue por sangue, foram iguais aos vergões que ficaram nas costas da escrava da tua madrasta devido à droga que lhe deste para adormecer. Precisavas de saber o que se sente.
- Sim, estou a ver. Por favor...
- Pergunta, minha querida.
- Ela vai sofrer mais devido ao que eu lhe fiz?
- Criança – respondeu o Leão – estou a contar-te a tua história, e não a dela. ... ...
.
in " As Crónicas de Nárnia", vol. 3 - "O Cavalo e o Seu Rapaz"
de Clive Staples Lewis
.
.
09
Jul06

Natália Correia # Passaporte

eva
9 de julho de 2006

..................................................

Herdei-me como herdei a Babilónia
E o sentimento de passar por mim
Na lenda dum perfil quase magnólia:
O que resta das eras donde vim.
.
Num país irreal como haver mastros,
A minha infância de ainda haver sereias
É um chegar ao mundo antes dos astros
E não ficar por causa das areias.
.
Um caroço num fruto transparente,
Minha alma é a estrela que me sonda
Levando de Oriente a Oriente
O que me falta para partir em onda.
.
Natália Correia
.
 
27
Jun06

Os viajantes

eva
27 de junho de 2006

Parece um escafandro, é um capacete cheio de fios ligados a qualquer coisa.
Limos e algas escuras por todo o lado.
Os enfermeiros e médicos estão a desligar-lhe os fios e o dito capacete com todo o cuidado.
Metódica e lentamente, vão verificando tudo.
A luz é suficiente, nada forte.
O ambiente, apesar da gravidade da situação, é ameno, talvez pela ordem em que decorrem as tarefas.
Todos parecem competentes e conhecedores das regras deste trabalho e da equipa.
Finalmente estão a retirar o que parece ser um fato de escafandro.
O fato, conforme se separa do corpo do indivíduo, vai desaparecendo no ar.
Dissolvido completamente, depois de retalhado em partes e partículas cada vez mais pequenas.
Pronto - desfez-se todo!
Os limos e as algas parecem tomar vida e seguir caminhos desconhecidos, levados por outros enfermeiros que acorrem para esse trabalho, específicamente.
O indivíduo, muito pequeno em relação ao tamanho do fato, parece acordar.
Está muito espantado mas também muito atento às instruções que vai percebendo.
O seu coração é tocado e vai batendo mais forte.
Outros, em situação semelhante, surgem aos meus olhos.
É uma sala enorme cheia de camas.
Alguns levantam-se e vão descobrir a sua própria rota.
Outros apenas vão melhorando.
Todos serão viajantes.

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