Silêncio
ritos, confusão, barafunda
Zangas, violência, raiva
Movimentos desordenados
A desculpa é o desespero.
Mas quem desespera
Tem movimentos lentos e maquinais
Ou paralisa
Sofre silenciosamente
Porque já não tem voz
Para emitir um som sequer…
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ritos, confusão, barafunda
Zangas, violência, raiva
Movimentos desordenados
A desculpa é o desespero.
Mas quem desespera
Tem movimentos lentos e maquinais
Ou paralisa
Sofre silenciosamente
Porque já não tem voz
Para emitir um som sequer…
a pressa do dia-a-dia
Esquecemo-nos de nós
De quem somos
De onde viemos e para quê
Na pressa do dia-a-dia
Esquecemo-nos de nós
Do que gostaríamos de ser
Em vez de ter
Na pressa do dia-a-dia
Esquecemo-nos de nós
E não estamos verdadeiramente
Nem aqui nem ali
Corremos entre um ponto e outro
Na pressa do dia-a-dia
Esquecemo-nos de nós
Precipitadamente vamos
Cansados voltamos
Na pressa do dia-a-dia
Esquecemo-nos de nós
Da serenidade e silêncio
Em nós.
- spero por ti à hora do costume e dás-me boleia, pode ser?
- Está bem, até logo.
- ….
- Não dizes nada?
- Estou em silêncio.
- Isso já percebi, mas não sei porquê.
- Porque não tenho nada útil para dizer.
- Ora aí está uma boa razão!
- …
- Bem, então falo eu, porque este silêncio não é suportável. Deve ser o tal som do silêncio. O silêncio faz pensar alto, não faz? Parece que atrai o nosso íntimo cá para fora. O problema é que depois não sei o que fazer com ele.
- Com ele?
- Com o meu íntimo à vista.
- Que tal olhares bem para ele ou, melhor dizendo, para ti mesmo e tratares de ti trabalhando, equacionando e amando o melhor de ti em ti.
- Olha, volta a ficar calado!
- Fazemos a viagem em silêncio, então!
- Fazemos! Desta vez, pelo menos.
ilêncio!
Que silêncio há aqui, que é isto afinal?
Ah, então é isso?
Mas gosto!
Então porque não me calo?
Porque…
Acho que não consigo fazer silêncio em mim.
Gosto de sentir esta força
Não pensei que o silêncio tivesse tanta força
Mas… por outro lado… não suporto bem essa força
Acho que vai desabar algo dentro de mim
E assusta-me.
Porque não fico mais vezes em silêncio comigo?
Acho que nunca fiquei, assusta-me!
Talvez? Talvez seja isso
A pureza do silêncio completo!
O simples silêncio não tem nada de simples!
Vou tentar… oh, sim! Vou tentar encontrar esse silêncio em mim.
- h! Sim!...
- …
- Pois, efectivamente!...
- …
- Humm…
- …
- Uff! Que cansaço este não falar!
- ??...
- Pois é isso mesmo. O não falar provoca uma catadupa de pensamentos que podem fazer estoirar a cabeça de uma pessoa. Pois!
- ??...
- Não aguento este som constante!
- ??...
- Exactamente, afinal sabes o que é!
- !!...
- Ora aí está, é isso mesmo – o som do silêncio! Digo-te que é atroz e nem toda a gente o suporta. A maioria fala para o abafar e abafar os pensamentos que não param nunca; pelo contrário, tornam-se uma torrente incontrolável. Ah! É isso que se pretende? Controlar também os pensamentos? Uff!...
- Hoje está um dia lindo!
- Falaste? Ah! Apenas para dizer algo agradável? Isso é irreal no dia-a-dia, pois se até nos pagam para corrigir outros trabalhos, imagina conseguir dizer só o que é agradável. Hã? Dizer sempre tudo do modo mais educado e agradável possível? Humm… pois, pois… será… um dia será assim para mim.
úsica forte, digamos assim, porque se ouvia por toda a parte quer se mantivessem as janelas fechadas ou abertas.
Os sons batiam nas coisas, no chão, até os corpos sentiam essas batidas interiormente.
Depois… o carro foi embora, rapidíssimo, e os sons foram embora com ele, com eles, porque eram vários no mesmo carro.
- Veículo ligeiro!
- Sim, sim. E o silêncio voltou ao campo…
- Isto é…
- Pois sim, depois do interregno, continuaram a ouvir-se os sons do campo, da natureza simples. Desde a água das fontes, aos pássaros, abelhas…
- E dos gatos e suas guerras com pássaros, cães e entre eles, os gatos.
- Pois sim, a natureza é isso tudo. Então, calmamente pude ouvir música mais ao meu gosto.
- A outra era ao gosto de quem ia no carro, ora!
- Pois sim. Mas abalava tudo em redor. A que prefiro não abala nada, embala isso sim!
- Gostos são gostos! E nesse embalo vou eu embora, até amanhã.
- Até amanhã, talvez com novas melodias!
ons… vozes lá fora… vozes cá dentro… onde?
Intuição… intuições… que são?
Instinto é reacção vital para preservação do corpo, da vida, da família, dos bens…
Intuição é comunicação com sabedoria.
Sabedoria de outros por nós ou de nós mesmos.
Intuímos, então, sobre a vida que temos e sobre tudo o que pretendemos.
Uns ligam importância à intuição, outros ignoram-na prepotente ou incredulamente.
Uns sentem-na em plena força e pujança, outros dizem que não a sentem porque não a reconhecem.
Para a reconhecer é preciso reaprender a sentir intimamente o corpo, os órgãos, a forma de elaborar os pensamentos, é preciso parar a corrida do quotidiano.
Sobretudo, é preciso saber esperar no silêncio interior de si para que ela reapareça.
Primeiro volta só para espreitar. Depois, ainda timidamente, aflora à vista desarmada com uma pequena sensação leve e boa.
Então, se há espaço mental para sobreviver, a intuição volta paulatinamente.
Ou seja, seguindo um dito antigo, quando o servidor está pronto o serviço aparece…
aquele par ali, ela esbraceja e fala sem parar. Ele parece meio enfadado e meio adormecido no ritmo algo abrupto que ela gera com o timbre da voz nas palavras bruscas que profere…
Aquele outro par, acolá, é ele quem se enerva com a política e as actualidades desportivas. Ela vai dando a sua atenção de modo quase obsessivo às crianças…
Este par aqui está em absoluto silêncio.
- Estão a dormir?
- Ah! Não, não! Estão simplesmente calados…
- Conclusão?
- Nenhuma! Cada um vive, ou sobrevive, no dia-a-dia conforme lhe dá jeito. Há quem seja surdo e quem o pareça. Há quem oiça o que se diz e pretenda entender o que ainda não se disse.
- E há os que se divertem com tudo isso…
- Exactamente! Todos nos procuramos equilibrar entre o que gostamos, o que queremos e o que podemos fazer com as limitações físicas e psíquicas que temos.
- Bem, nós também promovemos as limitações que temos, com que sofremos, assim como somos capazes de promover as libertações dessas mesmas.
- Ou seja, queres dizer que está em nós a mudança para melhoria de nosso bem-estar.
- E que tal tarefa é enormíssima e dificílima… mas vale a pena!
- coração e a mente clamam por justiça!
- Credo! Para que é isso tudo? Clama por serenidade e paz, isso sim! Mas melhor é ainda não clamares por nada e fazer silêncio em ti com serenidade interior e exterior.
- Mas isso não é nada que se veja!
- Que os outros vejam, queres dizer. A ideia é trabalhares na tua personalidade sozinho contigo e sem fazer marketing disso ou espectáculo para ninguém.
- Mas… que fama ou dinheiro é que essa atitude faz, ou favorece?
- Não é para tal finalidade, mas para a felicidade do próprio. A felicidade é um estado no íntimo de cada um, estado que não se incomoda com o exterior e que nada pode desfazer, a não ser o desequilíbrio do próprio.
- Pois… mas este é um meio de vida, o meu trabalho, e por isso preparo-me cuidadosamente e faço espectáculos ao público. Não obrigo ninguém a ir, nem a pagar. Vai quem quer, e mais nada!
- Pelo menos poderias esclarecer os que ali vão…
- Poder poderia…
empos certos. Relógios acertados.
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