Meditando
- i!
- Oi! Que fazes aqui?
- ‘Tou fazendo nada e tudo.
- Hã?
- Então… ‘tou quieto, meditando…
- Meditando? Mas estás a falar comigo e vais conversando com todos os que aparecem!
- Então meditar é estar quieto e ainda por cima mudo?
- Bem… meditar é atingir o íntimo de si mesmo e nessa altura há como que um alheamento do que nos rodeia.
- Humm… isso não consigo, mas às vezes consigo sonhar… hã… acordado… depende.
- Depende de quê?
- De não me interromperem, ora!
- Mas és tu mesmo que te diriges às pessoas. Eu, por exemplo, não teria dado por ti se tu não me falasses.
- Humm… ok, então agora vou experimentar tudo e ainda sem falar com as pessoas…
…
- Então, que dizes? Conseguiste atingir… hummm… um estado meditativo?
- Acho que não. Sabes que deixei de me dirigir às pessoas, mas a seguir concentrei-me em todos os cachorros e gatos que ali foram dar comigo. Estavam com tão mau aspeto!
- Porque não tentas em casa, em vez da rua?
- Humm… mas… assim ninguém percebe as minhas boas intenções de mudança!
- Ora bem, esse é o primeiro critério. O que fazes é para ti contigo, não para os outros comentarem ou darem palpite ou te felicitarem.
- Então qual é o ganho de estar quieto?
- O ganho assim como o referes não existe. O que acontece é uma sublimação do ser, é o reencontro com a unidade de si mesmo em si próprio.
- Então não sei se é isso que eu quero…
- A cada um a sua decisão.