Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007
Estão todos à volta de um lago de águas serenas.
Estão sentados sem cadeiras, simplesmente assim, em posição sentada.
De vez em quando, um deles (ou delas) levanta voo até à bordinha do lago e estende a mão para a água.
Mais alguém vem chegando. Às vezes isoladamente, outras vezes em grupo.
Saem da água de pé, como se a água cobrisse degraus de uma escada.
Mas o lago é um lago e não um poço. Nem sequer é fundo... é assim..tal e qual.
Aparece primeiro um bocado de roupa a flutuar, como se fosse alguém vestido com uma t-shirt enfunada pelo vento enquanto aparece a nadar, meio dentro, meio fora da água.
Depois a figura aproxima-se e nada da margem para o lago.
A seguir, e para sair, agarra na mão que se estende para ajudar e parece subir dois ou três degraus para conseguir sair da água e pisar a areia.
A areia junto à borda é fina e muito branca.
A impressão que dá, daqueles que estão em posição sentada, é que se levantam para ir ajudar e receber alguém conhecido. Porque a ordem é arbitrária.
E vão indo todos embora na direcção do horizonte, com reflexos azuis claros, brancos e lilases.
Sem palavras, nem sorrisos, nem explicações.
- Olha lá, isso foi um filme?
- Não sei!
.
.
.
Imagem retirada da net
.
♪: Concerto nº2 para flauta - Mozart
Segunda-feira, 14 de Maio de 2007
14 de maio de 2007
Quase no cimo de uma montanha está um túnel, muito escuro, que une duas cavernas.
Estas cavernas estão nos dois lados das encostas, quase em frente uma da outra.
Na primeira entra-se por uma pequena rampa larga onde está agora um homem, já velho, com um grande peso às costas, tão pesado que o arrasta pelo chão.
Fica indeciso perante a escuridão do túnel à sua frente.
Mesmo assim decide avançar e, já cansado mas guiando-se pela parede à direita, consegue passar deste túnel para a segunda caverna.
Pensa sentar-se, mas esta caverna termina logo numa encosta a pique e totalmente iluminada pelo sol.
O sol indica que o dia já vai a meio. O homem mal consegue olhar para o vale, lá muito em baixo.
Continua indeciso sem saber o que fazer.
Algo, um som ou um vento ou um reflexo de luz, leva-o a olhar em frente, o que, pela altura em que se encontra, é o mesmo que olhar para um céu infinitamente azul.
Mas não! Esse céu não é todo azul.
Começa a perceber a existência de um caminho muito longo, mesmo à sua frente.
Há uma mulher, que lhe é muito querida e que sendo da mesma idade, lhe aparece agora com a figura da rapariga que era quando casaram.
Ela acena-lhe e ele quase voa ao seu encontro.
A carga que tem de arrastar desfaz-se – evapora-se – pelo caminho e, já mais liberto de mãos, pode agarrar as rosas cor-de-rosa que ela lhe envia e que o envolvem, mesmo estando ainda tão longe dela.
Ele chora e ri, ao mesmo tempo que a chama sem cessar, a caminho desse reencontro de sonho.
Quarta-feira, 12 de Abril de 2006
12 de abril de 2006 Voando sempre a uma velocidade incrível vou sempre vendo a luz, aonde devo chegar. No meio da escuridão ela é o único guia do meu destino. Cheguei e parece ser uma construção industrial de algo tóxico, porque os guardas têm máscaras na cabeça - azuis escuras e só os olhos se vêem. Por acaso... a olharem para mim friamente. Mas não me dão importância. Entretanto vão-se embora em carros, ou jipes. Fico a olhar para o que parece ser uma administração abandonada e enormes armazéns vazios. Nesta altura os armazéns abrem-se ao meio e enchem tudo de luz. O chão abre também em fendas. Agora os sulcos vão para mais longe deixando antever túneis e túneis seguidos. Em subsolos mais fundos saem pessoas "a voar" como se fossem libertas de uma prisão. Vestidas com túnicas de cores claras ou escuras. O chão continua a abrir e a mostrar mais túneis.
E lá, no espaço mais fundo, está uma rapariga de túnica clara. Assustada, mas estende-me a mão para a ajudar a subir.
Eis que vem a voar também.
Observando melhor vejo que todos seguem os reflexos de uma luz fortíssima, em grande alegria. Outros esperam-nos nessa zona iluminada, também em grande júbilo.
É um reencontro feliz.