Dito assim soa esquisito
- ois digo-te que era um despenhadeiro muito, muito alto e bravio de passar.
- E como o passaste tu?
- Dificilmente e mal, porque caí desamparado algumas vezes, mas entre as quedas e o caminhando ou deslizando lá cheguei ao fundo. Parecia uma enseada de areia, mas não tinha água nenhuma.
- Mas donde vieste tu para chegar ali?
- Olha que nem sei bem. Sei que entrámos numa gruta, entre montanhas e rochas e fomos andando e atravessando o que pareciam ser secções…
- Secções?
- Pois, dito assim soa esquisito mas era isso que parecia.
- E eram muitos os que estavam ali?
- Oh, sim! Tudo estava completamente cheio e a abarrotar de entes que se atropelavam para passar ou chegar à margem.
- Mas afinal atravessaste um rio? Se dizes margem…
- Nada, não, pois já não te disse que não havia água em lado algum!
- Não entendo nada!
- Pois digo-te que no fim os tais da enseada-clareira entraram para balões que ali pousaram e seguiram neles para o alto do despenhadeiro e dali para longe voando nos céus.
- Então e os outros todos?
- Quais?
- Os das grutas, que sei lá eu?
- Não sei bem, porque muitos deles apareceram no cimo do despenhadeiro, à saída das grutas, e ficaram a observar o que acontecia lá em baixo com os outros e os balões.
- Então e tu?
- Eu voei para casa e estou aqui a contar-te tudo, ora!