oje é um dia banal, tal como os outros.
Os dias sucedem-se sem projectos, nem optimismo, nem nada.
Apenas tentando juntar forças onde não há muitas para juntar.
Apenas tentando sobreviver…
E a vida corre bem, sem lutas…
As lutas pela sobrevivência mantêm muitos ardentemente vivos.
Essas lutas podem ser exteriores e as marcas visíveis.
Ou íntimas e as marcas são notadas a posteriori, geralmente por um pormenor de ínfima importância.
Há então quem se lembre de juntar vários pormenores do mesmo género e que, isolados, não tinham qualquer significado.
Somados, pelo contrário, formam um retrato de personalidade, nossa ou alheia.
Quem quiser arregaçar as mangas e trabalhar tem muito que fazer ou, na melhor situação, congratular-se por conferir uma personalidade tão aperfeiçoada.
Os dias para muitos de nós servem também para isso, para nos aperfeiçoarmos nas pequenas e simples tarefas de cada dia.
Gosto daquele hábito de bem respirar o ar fresco das manhãs e das noites, ou o ar quente das tardes.
Dá a sensação de respirar outros pensamentos, outros ossos, outras dores…
Dá impressão que tudo é possível de melhorar e que tal pode suceder a partir daquele instante.
Depois, de impressão em impressão, pode atingir-se uma infinitude de possibilidades a cada instante, ampliando a visão primeira da vida no dia-a-dia.
Toda transformação pode começar com um sopro.
Um simples sopro de ar pode ser o móbil que se necessita sem, no entanto, nada disso ser propriamente necessário…
- Ora então sopra aí no balão azul que eu sopro neste amarelo…