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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

18
Jul09

A cada um a sua medida

eva

Nunca tinha visto os pés assim, ao contrário. Os dedos são gordos e muito redondinhos. As unhas estão muito bem aparadas e perfaziam o resto do desenho.
Nesta óptica, os pés eram… humm… bem… eram diferentes.
Afinal, todo o peso do corpo assenta neles – pobres coitados – e a maior parte das pessoas nem um olhar lhes dirige, apesar de serem bonitos.
- Se começássemos a ver o corpo a partir dos pés…
- Se calhar, todos encontrávamos coisas nunca vistas!
- Ah Ah! No mínimo!
- Vamos hoje à feira?
- Aí está outra coisa que deve ser engraçada ver de baixo para cima.
- O ano passado até telemóveis se perderam nos solavancos dos carrinhos, aviões, rodas, etc., das diversões.
- Pudera! Com tanta volta e reviravolta…
- Sabias que nalguns casos nem deixam levar os chinelos para as viagens?
- Não, mas tem jeito de ser, sim senhor!
- Tudo aquilo é uma confusão e até uma aflição para mim, que nem tento ir naquelas voltas.
- Também é mais confuso para quem fica a olhar. Lá, apertados com os cintos não parece tão perigoso.
- Para mim, são riscos desnecessários e não são, de todo, brincadeira.
- Mas outros gostam do risco, da velocidade e das emoções que conseguem sentir com tudo isso e, ainda, com a vantagem de estar junto dos amigos.
- Pois, para cada um a sua medida.
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Imagem retirada da net
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Disse  Pe. António Vieira:  Das obras grandes ou pequenas, das acções generosas ou vis, cada um traz na própria cabeça a verdadeira medida !
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03
Jun09

Uma canção feliz

eva

Havia uma canção que foi muito popular, em que o tema dos versos era sobre o que Jesus faria…
- Sim, lembro. Mas ainda há, só que não é tão popular, a não ser entre os grupos católicos.
- Oh! Que pena, porque era tão alegre! Era algo assim: sonhar como Jesus sonhava, sorrir como Jesus sorria e ao chegar ao fim do dia eu sei que dormiria muito mais feliz
- Algo atrapalhado, mas é uma referência à canção do Padre Zézinho.
- De quem era não sei.
- De quem é! O facto de já não se ouvir não significa que deixe de existir. Imagina se fosse assim com tudo. Já basta o esquecimento de…
- Pronto, pronto! Só me lembrei porque os sonhos foram desagradáveis e se fossem amenos teria dormido muito mais feliz.
- Bem, é uma canção feliz, ela também. Alegre pela música, pelo coro de vozes infantis que geralmente a cantava e pela pedagogia da letra.
- Pedagogia?
- Sim, todo o poema reflecte as vantagens de seguir os ensinamentos e exemplo de Jesus. Afinal, tão simples e fáceis. São ensinamentos para bem-viver de bem consigo mesmo e com os outros. De vida simples e de paz e harmonia com o mundo e…
- Pois foi mesmo essa a recordação que me ficou da canção.

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Neila Ben Ayed - Alegria e felicidade
Imagem retirada da net

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Disse  Santo Agostinho:  Aqueles que pretendem encontrar a alegria fora de si, facilmente encontram o vazio !

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01
Jan09

Novo ano

eva

Novo ano que se inicia, geralmente com bons e variados projectos pessoais.
- Olha, estão na garagem a divertir-se!
- Não estão, não! Só alguns, os outros estão a ser massacrados pelas brincadeiras!
- Pois, lá isso é verdade. Aquilo que para uns é agradável, pode ser penalizante para outros.
- É isso, sim! Quando fazemos algo dando largas à nossa imaginação, devemos pensar se isso não irá contra a vontade dos outros.
- Pela dignidade de cada um e de todos…
- A ideia é essa. Parece tão simples, mas é tão difícil de concretizar para muitos, que só sentem felicidade em hábitos desregrados.
- As épocas festivas são assim, têm muito de tudo – do que presta e do que não presta.
- Pronto, conseguiram fugir e vão embora. Os brincalhões ficaram a rir sem parar. Será que alguma vez vão entender o que fazem?
- Aos outros?
- Já nem falo desses, refiro-me a eles mesmos. Será que ainda não perceberam que conforme fazem assim encontrarão feito para eles também?
- É uma pena, por tão pouco…
- Voltando então aos planos para o ano, que pensas fazer?
- Divulgar, partilhar sempre as informações que pareçam úteis, ou que possam contribuir para ajudar a pisar com mais segurança o caminho eterno da vivência individual e se, para uns, serão boas palavras, para outros nem tanto…
- Então vamos continuar trabalhando no mesmo ritmo, que eu, por meu turno, tenho muito que seleccionar e preparar para publicação.
- Depois deste chocolate quente retomamos então o trabalho.
- Quente, não – a ferver!
- Ora, os dias frios são também para aquecer com doçuras destas…

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Imagem retirada da net

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Disse  Pe. António Vieira:  Ao trabalho corresponde o fruto que se colhe !

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23
Dez08

Intimidades e exteriorizações

eva

Intimidades e exteriorizações.
O que deve continuar íntimo e resguardado? E o que deve ser exteriorizado?
Como calibrar, como equilibrar, como confiar e para quê falar?
O som do silêncio acaba por ser o mais simples para muitos de nós.
Porque umas vezes não parece necessário falar; outras não há coragem para dizer o que não tem palavras que exprimam tanta emoção desencontrada e, por isso, a voz cala-se fundo, com disciplina guerreira.
Outros assuntos, os afáveis e que tornam as conversas fáceis e ágeis – esses sim – são para falar e exteriorizar.
Há penas e alegrias íntimas que só têm determinado valor naquela altura, para aquela pessoa e do modo como acontecem.
Basta variar uma das circunstâncias e todo o panorama pode variar até à completa indiferença ou afectação.
Há dias em que tudo nos impressiona fortemente.
Há dias que nos deixam sonâmbulos de dor.
E há dias que nos fogem e deixam a rir.
Ela viu, ela soube, de toda a luz de uma casa, pequena e simples, e de alguém cá fora com uma lanterna, ou lampião, a ver se iluminava a chegada de outro alguém, muito esperado.
Mas ninguém chegou e o alguém voltou à casa cheia de luz, mas não fechou a porta.
Porque nunca se fecha uma porta de luz.
Assim como nunca nos devemos fechar ao Perdão.
Perdão pelos outros e perdão por nós.
Alguém chegou! Chegou em lágrimas de horror e de culpas.
A luz amenizou a sua entrada e o outro alguém explicou-lhe a paz que o perdão incondicional lhe daria.
Depois poderia encontrar as paisagens branco-pérola e levemente azuladas, caminhar por elas e encontrar-se com o Amor sublime e universal.
Apenas não deveria voltar a fechar-se no horror da dor, na intimidade da dor.

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Imagem retirada da net

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Disse  Pe. António Vieira:  Para aprender não basta só ouvir por fora, é necessário entender por dentro !
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27
Jul08

Mário Quintana # Se Eu Fosse Um Padre ; Projecto de Prefácio

eva

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SE EU FOSSE UM PADRE

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,

não falaria em Deus nem no Pecado
– muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:

nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,

desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma...

a um belo poema – ainda que de Deus se aparte–
um belo poema sempre leva a Deus! 
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in "Nova Antologia Poética"

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PROJETO DE PREFÁCIO

Sábias agudezas... refinamentos...
– não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando páras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras. 
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in "Baú de Espantos"

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Disse  Mário Quintana:  Se as coisas são inatingíveis... ora!  Não é motivo para não querê-las...  Que tristes os caminhos, se não fora  A presença distante das estrelas !
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Outros poemas de Mário Quintana: Ah! Os Relógios ; Poeminha do Contra
Outros poemas de Mário Quintana: Os Poemas ; O Morto
Outros poemas de Mário Quintana: Poema da gare de Astapovo ; Inscrição para um portão de cemitério
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01
Jan08

Aos simples - Guerra Junqueiro # A Velhice do Padre Eterno

eva
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Ó almas que viveis puras, imaculadas,
Na torre de luar da graça e da ilusão,
Vós que inda conservais, intactas, perfumadas,
As rosas para nós há tanto desfolhadas
Na aridez sepulcral do noso coração;
Almas, filhas da luz das manhãs harmoniosas,
Da luz que acorda o berço e que entreabre as rosas,
Da luz, olhar de Deus, da luz, benção d'amor,
Que faz rir um nectário ao pé de cada abelha,
E faz cantar um ninho ao pé de cada flor;
Almas, onde resplende, almas almas onde se espelha
A candura inocente e a bondade cristã,
Como um céu d'Abril o arco da aliança,
Como num lago azul a estrela da manhã;
Almas, urnas de fé, de caridade e esp'rança,
Vasos d'ouro contendo aberto um lírio santo,
Um lírio imorredouro, um lírio alabastrino,
Que os anjos do Senhor vêm orvalhar com pranto,
E a piedade florir com seu clarão divino;
Almas que atravessais o lodo da existência,
Este lodo perverso, iníquo, envenenado,
Levando sobre a fronte o esplendor da inocência,
Calcando sob os pés o dragão do pecado;
Benditas sois vós, almas que est'alma adora,
Almas cheias de paz, humildade e alegria,
Para quem a consciência é o sol de toda a hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia!
Sois como a luz que doura as trevas dum monturo,
Ficando sempre branca a sorrir e a cantar;
E tudo quanto a mim há de belo ou de puro,
- Desde a esmola que eu dou à prece que eu murmuro
É vosso: fostes vós o meu primeiro altar.
.

de Guerra Junqueiro
in "A Velhice do Padre Eterno"
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..
25
Nov07

Anónimo Séc XVII # Arte de Furtar

eva
Dos que furtam com unhas mimosas
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Assim como há unhas fartas, também as há mimosas, que são suas filhas e por isso piores, por mal disciplinadas, porque para regalarem a seus donos furtam mais do necessário. Furtar o necessário, quando a necessidade é extrema, dizem os teólogos que não é pecado, porque, então, tudo é comum e não há nem meu nem teu, quando se trata da conservação das vidas, que perecem por falta do que hão mister, para se sustentarem; mas furtar o supérfluo, para amimar o corpo e regalar a alma, é caso digno de repreensão e ainda mal que sucede muitas vezes. Como agora: ponhamos exemplos, porque exemplos declaram muito.
É certo que a qualquer ministro de el-rei basta o ordenado que tem, com as gages lícitas do ofício, para passar honestamente, conforme a seu estado. Pois se lhe basta um vestido de baeta, para que o faz de veludo? Se lhe sobeja um gibão de tafetá, para que o faz de tela, quando el-rei o traz de holandilha? Para que come galinhas e perdizes e tem viveiro de rolas, se pode passar com vaca e carneiro? Para que despende em doces e conservas o que bastava para casar muitas orfãs, bastando passas e queijo, para assentar o estômago, sem lhe causar as azias que padece pelos muitos guisados que não pode digerir? Para que são tantas mostras do reino e de Canárias, bastando uma de Caparica ou de mais perto? Por verdade afirmo que vi, em casa de um nesta corte, mais de quinze frasqueiras e não era flamengo; e outro que mandava borrifar o ar com água de flor para aliviar a cabeça, que melhor se aliviaria não lhe dando tanta carga de licores.
Muitos mimos são estes e que não podem estar sem empolgar as unhas na fazenda que lhes corre pela mão, e por isso lhes chamo unhas mimosas. Quien cabras nò tiene y cabritos veinde, donde le vienen? Meu irmão, ministro, oficial ou quem quer que sols, se vossa casa, ontem, era de esgrimidor, como a vemos hoje à guisa de príncipe? E até vossa mulher brilha diamantes, rubis e pérolas, sobre estrados broslados? Que cadeiras são estas que vos vemos de brocado, contadores da China, catres de tartaruga, lâminas de Roma, quadros de Turpino, brincos de Veneza, etc.? Eu não sou bruxo nem adivinho; mas atrevo-me, sem lançar peneira, afirmar que vossas unhas vos granjearam todos esses regalos, para vosso corpo, sem vos lembrarem as tiçoadas com que se hão-de recambiar no outro mundo. Porque é certo que vós os não lavrastes, nem os roçastes, nem vos nasceram em casa como pepinos na horta. 
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.in "Arte de Furtar"

.de anónimo séc. XVII

.(actualmente atribuído a Padre Manuel da Costa)

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16
Out06

Noventa anos

eva
16 de outubro de 2006

Sr. padre, acorde! Acoooorde... ora boa tarde... é para almoçar.
O quê? Não, não é para cantar, é para almoçar. Pois são horas de almoço, sim senhor.
Não, ainda não se pôs o sol...
Bem, aqui está a sopa... com água... pois, está um bocadinho aguada, está...
Devagar porquê, se está melhor? Ah! tem tosse.
Tem frio também? Com o calor que está?
Tem cobertor e colcha, sim senhor. Tudo como pediu.
Acabada a sopa devagar, agora é a vez duma maçã assada.
Não, nada disso... não é para cantar ainda os salmos.
Daqui a alguns dias... talvez!
Não tem cura... isso só Deus sabe.
Hoje já está melhor. Amanhã é outro dia.
Nem pense em cantar os salmos com essa tosse. Não, não... nem com edredão por cima.
Não dá, engasgava-se logo.
Se o médico disse que estava melhor? Disse! E vê-se logo que está melhor.
Já fala e sabe que quer um edredão. É porque está melhor.
Não, para cantar os salmos não dá. Ainda não.
Gosto muito da sua capela. É linda. E gosto dela assim, vazia.
Dá para pensar sossegada.
Bem haja! pelos cuidados que teve ao longo dos anos.
Já tem noventa.
Está muito bom para noventa anos. Vai melhorar, sim.
E vai cantar. Oh!, se vai...

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