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Eu não sou eu nem o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
Epígrafe
A sala do castelo é deserta e espelhada.
Tenho medo de Mim. Quem sou? De onde cheguei?...
Aqui, tudo já foi… Em sombra estilizada,
A cor morreu – e até o ar é uma ruína…
Vêm de Outro tempo a luz que me ilumina –
Um som opaco que me dilui em Rei…
Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro!...
de Mário de Sá-Carneiro
In “Poemas Escolhidos”
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Disse Cecília Meireles: Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda !
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