- uando era pequena fazia-me impressão apelidarem a mãe de Jesus de virgem, e da incongruência do uso deste termo em relação ao significado que lhe davam na generalidade. Enfim, resumia-se tudo em coisas de adultos…
- Mas hoje, já percebeste?
- Bem, passados tantos anos…
- O que importa é entender que este termo é aqui utilizado como sinónimo de anjo, ser angelical.
- Pois, mas o esforço de certos padres a explicar que a geração de Jesus teria sido espontânea e que o seu nascimento teria sido como o passar da luz através dos vidros de uma janela, sem alterar a forma da janela – mãe – era qualquer coisa de extraordinário para a minha mente.
- O que interessava era a mensagem.
- Sem dúvida, mas um pouco mais de atenção talvez não fosse trabalho perdido.
- De qualquer modo o que interessava era purificar a mãe de Jesus.
- E conseguiam-no dessa maneira? A verdade vem sempre ao de cima, seja nestes assuntos e mentalidades, seja no que seja. Por mim, estou satisfeita com as explicações posteriores e bem mais razoáveis.
- O que interessa é a fé em nós próprios e num poder magnificente de amor e justiça puros que nos conduz, em esperança saudável, a um melhoramento constante de nós.
- É importante, sim. É importante ter o olhar posto nesse horizonte de perfeição, mesmo que se ache essa perfeição inatingível, é bom crer que existe e que somos todos filhos de Deus.
- Consola!
- Mais que consola, mantém-nos despertos para as vicissitudes, não nos deixa acabrunhar e ajuda a passar os maus, ou os péssimos, momentos e anos da nossa vida, por aqui.
- Somos seres de esperança?
- Somos seres de depressão e de esperança, senão, como seria possível…