- uvi um grito muito agudo!
- Não ouviste nada disso!
- Ouvi, então já não sei o que ouço?!
- Acredita que não ouviste nada, isso foi um grito na tua cabeça.
- Essa é boa! Agora tenho gritos na minha cabeça. Na cabeça tenho a mioleira, a cara e o cabelo, isso sim!
- Pois, também, sim senhor… E muito mais que isso, asseguro-te…
- Mas afinal que queres dizer com isso do grito na minha cabeça?
- Exactamente, tal e qual, o que as palavras dizem – foi um grito na tua cabeça!
- Achas que estou ouvindo coisas estranhas?
- Nem por isso, se disseste que era um grito, foi porque assim pareceu…
- Exactamente, mas achas que pode ser outra coisa, algo grave?
- Grave? Um grito nunca pode ser grave, mas sim como achaste – agudo.
- Pois, pois… mas achas que estou doente?
- Acho que não te podes deixar convencer por qualquer um ou por qualquer coisa. Deves ter a certeza do que és, do que ouves, do que fazes, etc. e não te deixares convencer…
- Então? Mas tu sabes o que foi?
- Sei que se ouviu um vocalizo mais agudo que os anteriores.
- Um vocalizo? Alguém afinando a voz? Então, mas eu teria ouvido outros sons que não apenas aquele, não era?
- Era, mas se calhar não tomavas grande atenção ao que te rodeava e só ouviste o que realmente feriu o ar.
- Feriu, não foi?! Credo! Que grito! Pronto… vocalizo… seja! Não foi de aflição, tudo bem!