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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

15
Jan11

Afinidades

eva

- er digno disto ou daquilo – que achas? Fica bem aqui, no folheto?

- Nem pensar! Ninguém quer ser digno de nada a não ser da felicidade, da supra felicidade a que todos acham ter direito.

- Escrevo o quê, então?

- Quais são as fotos que pretendes juntar?

- Estas que aqui estão, já apartadas.

- Humm…

- Que foi, também não gostas destas?

- São coisas diferentes – o que nós achamos, na melhor das nossas intenções e sentires, e o que convém mostrar, ou declarar, num folheto de apresentação. Aí, temos que jogar com imagens do marketing, quer se queira quer não. Porque está em causa o ganha-pão de uma família, pelo menos.

- Não podem ser assim tão diferentes, ou podem?

- Oh, se podem! Vivemos em sociedade, numa sociedade de consumo e de princípios que, se calhar, são mais finalidades do que princípios.

- Não sei se quero ir por aí. Gosto das diferenças positivas e creio-me uma delas, por isso acho que vou pôr tudo como me apetecia fazer.

- Faz pois, tal qual achas que deves fazer. A questão é de não esperares lucros, apenas a reunião com outros semelhantes a ti.

- E não é isso o mais importante?

- Sei lá, existem mais semelhantes a ti?

- Hã?

- Às vezes pareces E.T.! E isto deveria parecer-te um elogio, já agora…

 

12
Fev09

A imagem

eva

Olhei para a imagem da santa e pensei se não seria para mim. Das partilhas singelas o mais provável era ela constituir a minha parte.
Mas outro ficou com ela e, sem dúvida, as recordações que a santa lhe transmitiria eram muitas e mais gratificantes do que para mim, que me lembrariam a dona e toda a sua ligação religiosa por ela.
E a santa lá ficou, ao lado de fotografias emolduradas, como que a guardá-las.
O tempo passou e de repente, um empregado no seu trabalho partiu-a sem querer.
Outros empregados vieram entregar-me os cacos da santa – a mim!
O meu primeiro pensamento foi deitá-la ao lixo e comprar outra igual para o lugar abandonado.
Mas tal não me foi possível e o que restava fazer era colar todos os pedaços, com paciência, dedicação por esse trabalho - novo para mim - e com todo o carinho, devotado agora, por quem não soube dedicar-lho enquanto estava inteira.
- Mas é só a estatueta de uma santa!
- Não! É a devoção de alguém que já cá não está ao pé dela. E, por isso, torna-se a oferta mais valiosa que esse alguém me poderia dar. É algo que eu não soube interpretar pela diferença de opiniões. É algo que representa sentimentos que também não soube avaliar, nem dignificar ou respeitar.
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Imagem retirada da net

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Disse  Miguel Ângelo:  Muito ganha aquele que aprende, quando perde !
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11
Jun06

P. Neruda # O Homem Invisível

eva
11 de junho de 2006

... ... ... ... ... ... ... ...
 
Dai-me para a minha vida
todas as vidas,
dai-me toda a dor
de toda a gente,
vou transformá-la
em esperança.
Dai-me
todas as alegrias,
mesmo as mais secretas,
porque se assim não for
como as conheceremos?
Eu tenho de contá-las,
dai-me
a luta
de cada dia
porque elas são o meu canto,
e assim andaremos juntos,
ombro com ombro,
todos os homens,
o meu canto os reúne :
o canto do homem invisível
que canta com todos os homens. 
.
Pablo Neruda
.

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21
Mai06

«Chamo-me Óscar, tenho dez anos, peguei fogo ao gato, ao

eva
21 de maio de 2006

«Chamo-me Óscar, tenho dez anos, peguei fogo ao gato, ao cão, à casa (acho que até grelhei os peixes vermelhos) e é a primeira carta que te mando porque dantes, por causa dos estudos, não tinha tempo.»  Podia também ter dito: «Chamam-me Cabeça de Ovo, pareço ter sete anos, vivo no hospital por causa do meu cancro e nunca te dirigi a palavra porque nem sequer acredito que tu existas.»
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Apenas a Vóvó-Rosa não mudou. ... ... ... Deus, não te apresento a Vóvó-Rosa, é uma grande amiga tua, visto que foi ela quem me disse para te escrever.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
- E porque haveria de escrever a Deus?
- Irias sentir-te menos só.
- Menos só com alguém que não existe?
- Faz com que ele exista.
Debruçou-se para mim.
- Cada vez que acreditares nele, existirá um bocadinho mais. Se persistires, existirá completamente. Então, vai fazer-te bem.
- O que é que eu lhe posso escrever?
- Confia-lhe os teus pensamentos. Os pensamentos que não dizes são pensamentos que pesam, que se incrustam, que são um fardo, que te imobilizam, que tiram o lugar às ideias novas e que te apodrecem. Vais transformar-te numa lixeira de velhos pensamentos malcheirosos, se não falares.
- O.K.
- E depois, a Deus, podes pedir-lhe uma coisa por dia. Atenção! Só uma.
- Não vale nada, o seu Deus, Vóvó-Rosa. O Aladino tinha direito a três desejos com o génio da lâmpada.
- Um desejo por dia é melhor que três durante uma vida, ou não?
- O.K. Então posso pedir-lhe tudo? Brinquedos, bombons, um carro...
- Não, Óscar. Deus não é o Pai Natal. Só podes pedir coisas do espírito.
- Por exemplo?
- Por exemplo: coragem, paciência, esclarecimentos.
- O.K. Estou a ver.
- E também podes, Óscar, sugerir-lhe favores para os outros.
- Um desejo por dia, Vóvó-Rosa, vou lá desperdiçá-lo, primeiro vou guardá-lo para mim!
E pronto. Então, Deus, nesta primeira carta, mostrei-te um pouco o género de vida que tenho aqui, no hospital, onde agora me olham como um obstáculo à medicina, e gostaria de te pedir um esclarecimento: vou curar-me? Respondes sim ou não. Não é lá muito complicado. Sim ou não. riscas o que não interessa.


Até amanhã, beijinhos
Óscar.

P.S.  Não tenho a tua morada: como é que faço?


in Óscar e a senhora cor de rosa
de  Eric-Emmanuel Schmitt



30
Abr06

Odylo Costa, filho # O PEIXE

eva
30 de abril de 2006

O PEIXE

Veio um peixe cego
do fundo do mar.
Quis subir ao Céu,
não pôde voar.

Era triste e feio.
Parecia um feixe
de espinhas e lodo,
mais monstro que peixe.

Por seu gosto iria
até numa escada.
Sem pés e sem asas!
Tinha fé. Mais nada.

Bastou. Ficou lindo:
o Senhor Jesus
fez dele um foguete
com os olhos de luz.


Odylo Costa, filho


09
Abr06

Florbela Espanca # Nostalgia

eva

9 de abril de 2006


NOSTALGIA


Nesse País de lenda, que me encanta,
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que plas aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!

Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi...
Mostrem-me esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o Reino de que eu sou Infanta!

Ó meu País de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!

Quero voltar! Não sei por onde vim...
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!


de Florbela Espanca

02
Abr06

Almada Negreiros # Pede-se a uma criança: Desenha uma flor!

eva

2 de abril de 2006

Pede-se a uma criança: Desenha uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

 

de Almada Negreiros

in "O Regresso ou o Homem Sentado - III parte"


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