Maria João Brito de Sousa # Eu quero este soneto e A ilha 2
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Eu quero este soneto
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Eu quero este soneto como quem
Procura o dealbar de um horizonte!
Negada, ainda, a Barca de Caronte,
Retomo a estranha estrada de ninguém.
Eu quero este soneto e vou além,
Descubro o germinar da nova fonte…
Entre a Vida e a Morte há uma ponte
Erguida entre Nenhures e mais aquém.
Não fora a dor, quase estaria bem…
Não fora este cansaço, este esvair-me,
Diria que já está, que já passou…
De tudo hei-de falar! Eu sou alguém
E, antes de cantar, não quero ir-me!
Depois, porque o cantar mal começou!
A Ilha 2
Aqui me sento e tento erguer a voz
E desespero e sei que não consigo…
Chego a fugir dos braços de um amigo
Como quem foge às armas de um algoz.
Não mais maçã, assim converto em noz,
Escondendo em grossa casca – o meu abrigo –
Aquilo que me punha em maior p´rigo,
Como afinal fazemos todos nós…
Ilha deserta, escarpa, alta montanha…
Desvendo a solidão que me acompanha,
Defendo-a com a vida até poder!
Mas deixo-me habitar e multiplico
As sementes do verso. Eu frutifico!
Ilha e Poeta enquanto Deus quiser!
Disse Maria João Brito de Sousa: Somos todos aspirantes. É condição "sine qua non" para estarmos vivos...