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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

13
Dez09

David Mourão-Ferreira # Natal à beira-rio

eva

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É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

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in "Obra Poética 1948-1988"
 de David Mourão-Ferreira
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Disse  David Mourão-Ferreira:  Nós temos cinco sentidos: são dois pares e meio de asas.
- Como quereis o equilíbrio?
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25
Nov09

Etcéteras

eva

Há modos de vida engraçados como, por exemplo, trabalhar no comércio de papelaria-livraria, que geralmente acumula com doces e outros etcéteras.
É uma roda-viva para atender estudantes e indivíduos de qualquer idade que querem ler, aprender, manter-se informados ou simplesmente bisbilhotar ou comprar livros e cadernos para não ter faltas de material nas aulas.
Por todas as razões possíveis, mais as inverosímeis, as papelarias têm, geralmente, um grupo de interessados, mais ou menos nivelados culturalmente.
Isso é uma grande ajuda para ser um modo de trabalhar agradável e de bom ambiente, além de que os produtos são também agradáveis à vista e todo o ambiente que se gera é propício a um certo equilíbrio de energias e forças.
Enfim, em alturas de crise económica não é uma actividade necessária e como tal pode entrar em declínio como, aliás, todas as actividades ligadas à cultura, pois sofrem a repercussão da fragilidade económica.
É engraçada, também, a coincidência de haver uma papelaria em frente, ou ao lado, das escolas, à distância de simples passos, pois indicia a facilidade de estabelecer relações comerciais rapidamente.
Resumindo, o nosso trabalho, a actividade que desenvolvemos quotidianamente, os nossos interesses, podem ajudar ao equilíbrio que necessitamos.
- Que absorvemos, até! E sem dar por isso, tal é a ignorância que mormente temos de nós próprios, das nossas necessidades tão importantes como do ar que respiramos ou da água que bebemos.
- Pois é isso mesmo! Necessitamos vermo-nos com discernimento, estudar as nossas atitudes e ver o que nos desagrada e o que agrada e porquê. Seguidamente observar o que está errado e o que está certo. E, sempre que possível, decidir-nos pela nossa correcção para nossa felicidade. Porque a capacidade de ser feliz e estar em paz depende de nós e de nossas atitudes satisfatórias para nós mesmos.
- Para a moral que nos rege e que nos permite distinguir o que está mal e o que está bem.

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Gandhi - fotografia de Margaret Bourke-White em 1946
Imagem retirada da net
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Disse  Vergílio Ferreira:  Não penses que a sabedoria é feita do que se acumulou. Porque ela é feita apenas do que resta depois do que se deitou fora !
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24
Out09

Através da educação

eva

Por educação atingimos as atitudes morais correctas, mesmo que a nossa moral ainda não tenha atingido esse nível intimamente.
Através da educação temos gestos e palavras de simpatia para com todos, sejam estes agradáveis, ou não, aos nossos sentidos e sentimentos.
Isto é, somos agradáveis e facilitamos a integração social a todos os que tenham, ou não, um aspecto, ou uma voz, ou palavras que, de algum modo, se conjuguem com os nossos gostos, desejos e almejos.
A todos os que não nos são, porventura, agradáveis somos igualmente sociáveis.
É este plano educador da unificação, por boa vontade, que se vai impondo moralmente aos nossos sentimentos íntimos.
Aos poucos, durante a vida, vamos limando esses sentimentos mais pessoais em prol, precisamente, desses outros mais equitativos que a educação nos impõe.
Quando isso não acontece encaramos com graves problemas da nossa própria inserção na sociedade e criamos grupos de simpatizantes afins.
Estes pequenos grupos podem tornar-se, a cada dia, mais importantes para nós do que a educação moral que nos guiou anteriormente e a arrogância pode tomar um lugar, na nossa personalidade, que nos restringe a liberdade de educação.
Porque a educação que induz a essas atitudes de simpatia, e de bem, generalistas, induz também à ampliação do ser.
- À sua liberdade!
- Porque o ser é tão mais livre quanto mais independente for das vicissitudes dos outros, quanto mais independente for de si mesmo para sentir e praticar o bem, que algures começou por ser prática antes de sentimento.
- Nesses casos, a prática habitual educou o sentimento e o pensamento.
- Claro que ambos os modelos educacionais são úteis: ou pela teoria educacional, cômputo emoção-sentimento-pensamento, atingimos a capacidade de pôr em prática os valores aprendidos – cômputo palavras-atitudes –, ou pela prática educacional que as vivências nos impõem atingimos a teoria, evoluindo no sentido inverso.
- A questão é aproveitarmos ou não as experiências para o nosso progresso moral e espiritual.

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Imagem retirada da net
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Disse  Vergílio Ferreira:  Ser livre é ser-se o mesmo, sendo-se outro !
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17
Jun09

Bloqueios

eva

Águas que correm de mansinho. Frescura que fica no ar. Pontinhos luminosos que são as gotas ao Sol.
É dia e tudo em redor palpita de movimento e sons.
Ali, naquela clareira, está um vulto negro e quieto. Parece quedo de tristeza, mas afinal percebo que é quedo de horror. Petrificado!
Mesmo observando com a maior atenção, mal se distinguem os olhos e a forma… mais parece uma rocha do que uma pessoa.
Porque as pessoas têm vultos ligeiros e este parece cristalizado naquela posição, meio direito, meio curvado sobre si mesmo. Ou mesma, porque nem se consegue perceber se é homem ou mulher e, ainda menos, se é jovem ou não.
Começamos a falar-lhe e nada!...
Dirigimos palavras cada vez mais amáveis e carinhosas e… nada!
Ficámos à mesma, partilhando o mesmo espaço, mas a respeitosa distância.
Passado algum tempo pareceu-nos distinguir-lhe melhor os olhos e a figura pareceu um nadinha mais direita.
Continuamos conversando e demonstrando sempre não querer isolar ninguém.
Passado mais algum tempo a figura olhou-nos directamente e percebemos que era uma mulher carregando uma tristeza tão negra e compacta como o seu vulto.
Mais algum tempo e o negro da cor foi caindo como se fosse uma cobertura.
O chão, por baixo dela, era agora um rio que lavava um horror e desespero imensos, clareava uma capacidade de amar quase sublime.
Aquele rio era formado, afinal, pelas suas lágrimas que, ao caírem, lavavam e desmistificavam os seus bloqueios.
Agora estava cor-de-rosa.
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Maria João Brito de Sousa - A lágrima
Imagem retirada da net

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Disse  Vergílio Ferreira:  Sempre a autenticidade de nós está a uma distância infinita das razões que a justificam !

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17
Mar09

Tout court

eva

Um quadro lindíssimo, em tons de azul céu e de nuvens douradas pelo Sol.
Um quadro adorável pintado por uma nova amiga.
Uma oferta que me lembrou outra semelhante, há alguns anos atrás.
Nessa altura, outra amiga me dizia que tinha lá em casa um quadro herdado da mãe, mas com designação de outra pessoa que haveria de aparecer nas suas vidas.
Quando ela me conheceu disse-me que sabia ser eu essa pessoa esperada.
Quando vi o dito quadro, percebi, porque a figura retratada falava comigo e sempre que eu estava doente, saía do quadro, ou sobressaía nele, de forma tal que as minhas dores saravam.
Com este novo quadro algo semelhante aconteceu – a pintura dirigiu-se a mim, assim, como a dar-me a mão, com amizade de irmã.
- Tu estás é cada vez pior. Isso ultrapassa a imaginação!
- Tens razão.
- Queres ir tratar-te?
- Eu queria dizer que tens razão, ultrapassa a imaginação – tout court!

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Maria João Brito de Sousa - Dicotomia
Imagem retirada da net

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Disse  Vergílio Ferreira:  Não há uma verdade «em si». Há é uma verdade «em nós» !

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21
Set08

José Gomes Ferreira # Que ando a esconder de mim

eva
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Que ando a esconder de mim
com estes gritos de unhas contra a injustiça do mundo
que só me deixam no coração
tédios de céu afogado?

Que ando a esconder de mim
com esta raiva do amor pelos outros,
a querer arrancar lágrimas de tudo
para as colar nos olhos vazios?

Que ando a esconder de mim
nesta agonia de escurecer a alma
para a confundir com a noite
– bandeira negra de todos os humilhados?

Que ando a esconder de mim
sem coragem de mostrar aos homens
a minha pobre dor,
tão débil e exígua,
que em vão oculto atrás de toda a dor humana
para a tornar maior?

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de José Gomes Ferreira
in “Poesia – III

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Disse  José Gomes Ferreira:  E é esta a minha tragédia! Ser muitos e andar a fingir apenas um destino!
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