Sou do tempo em que
Sou do tempo em que o chá, ou o café, eram uma desculpa para encontro entre pessoas amigas, um tempo de visita a casa doutros e, mais tarde, ao café ou pastelaria a meio-do-caminho entre todos.
Tudo se foi tornando mais impessoal, mais individual e hoje as visitas são por mail ou msn ou semelhantes.
Sou do tempo em que mais meia hora, ou menos meia hora, só fazia diferença para apanhar o comboio.
Poderia sentir-me envelhecer, mas não sinto! Sinto-me bem por viver anos de vida tão ricos em transformações.
Gosto do esforço de adaptação porque puxa por mim!
Gosto de sentir que estou sempre a aprender e que tenho hoje conhecimentos que nunca pensei possíveis.
Porque hoje tenho a bagagem cultural que a instrução sonhada deu e porque essa bagagem me permite ter sempre o olhar mental disponível para novidades melhores que as anteriores.
Porque, ao olhar para trás, vejo um carreiro de esforços e alguns dos resultados pretendidos.
- E não tens saudades do tal tempo de chá?
- Oh! Se tenho! O do café era mais para estudar e para os estudantes em horas de exames, eh eh!
- Já foste experimentar os bolinhos caseiros daquele cafezinho ali? As mesas permitem ficarmos sentadas mesmo em frente da saída das fornadas e, assim, podemos escolher e ainda os comemos quentinhos… a ferver…
- Verde! Cruzemos já!
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Disse Marcel Proust: Os paraísos perdidos estão em nós mesmos !
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