(Trans)lucidez
As flores, as coisas - tudo é translúcido e parecem ser leves como se pudessem suspender-se no ar.
Só a água é igual à água que corre pelos regatos, mas completamente limpa de modo a poder ver-se o leito por onde corre, com toda a nitidez nos pormenores. Não sei onde é… é ali ou aqui…
- Agora olhe para mim e diga-me quem sou eu?
- (oh! não – outra vez isto?) …
- Porque fica sem falar quando me dirijo a si? Veja se entende que deve ser ao contrário. Agora é que deve falar e, nos delírios, pode calar-se que ninguém nota.
- …
- Pode sair e amanhã alguém deverá vir buscar o relatório para entregar ao seu médico assistente.
- (estarei livre?) …
- Com esse teu comportamento podem acusar-te de tudo, não percebes?
- (sim) ...
- Vê se te fazes compreender. Tenta explicar o que passas…
- (não fora esta exigência e viveria feliz) …
- Hã?
- …
- Vamos beber ali um chocolate quente, que hoje está frio ou, então, fui eu que arrefeci. Queres?
- (sim, ohh sim!) …
- Acho que esse gesto deve ser um sim.
Dois chocolates quentes, ou cacau, sim! Sim, sim bem quentes. Obrigada.
- Está bom?
- (feeeerve!) …
- Será que não consegues dizer nada que eu entenda? Gostaria que fosses feliz aqui.
- (feliz ou alegre?) …
- Bem, pareceu-me um sorriso. Seja um sorriso para ti e para mim. Um pequeno sorriso que seja para a vida já é um princípio de reacção para a felicidade.
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Disse Carlo Dossi: Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos !
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