Falar é fácil
eve ser tão bom sentir que se tem um dom!
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eve ser tão bom sentir que se tem um dom!
Um jacarandá com quatro passaritos no topo, nos últimos ramos.
E, mesmo sendo pequeninos, abanam os ramos com o seu peso.
E… são lindos!
Promovem uma beleza tão simples.
- É assim, não é? Para existir o belo, é necessária a simplicidade.
- Para mim também é assim. Creio que a beleza produzida, sendo beleza, não é tão bela quanto a natureza na sua beleza tranquila, por ser natural.
- É evidente que isto não quer dizer que não se tente o belo, mesmo fabricado. Porque todos somos sensíveis ao belo que, inclusive, nos faz sentir bem. Dispõe-nos bem, como os perfumes em frascos são agradáveis, excepto se forem excessivos porque, nesse caso, transformam a fragrância original. Enfim, o belo anima-nos, enleva-nos e o dia parece melhor.
- Não admira que haja tantos produtos de beleza e com tanta venda.
- É verdade e confesso que às vezes entro nessas casas de cosmética atraída pelas fragrâncias que emanam.
- Sem precisar de comprar?
- Pois, é verdade, mas são atraentes e por vezes necessito dessa cambiante durante o dia. Sabes… parece uma preciosidade o toque do belo em forma de perfume no ar, em alguns momentos. Há dias que não se escolhem, assim como há dias que se poderiam repetir… e repetir…
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- Pensa só no que constróis.
- Mas como posso pensar só nisso se não construo nada? Eu tento, mas só vejo as desgraças que causo, quantas vezes na melhor das intenções…
Outras vezes, julgo e condeno moralmente – com toda a rapidez e facilidade – e sei que não tenho esse direito, porque também sei que cada um é o melhor que consegue ser.
Ninguém quer ser menos, pelo contrário, todos procuramos ser melhores.
- Muitos procuram assim, mas depois a grande maioria necessita sentir a glória de ser admirado ou necessita sentir-se a comandar os outros.
- Pois! Mas às vezes prejudicamos os outros apenas com a nossa descrença e isso parece que os contagia e desmoraliza, ou até os torna rebeldes no mesmo instante.
- Bem, já te disse antes, pensa apenas no que consegues fazer de construtivo.
- E que consigo eu fazer? Não sei… Não sei fazer nada a não ser alguma auto-correcção… e, geralmente, bastante depois dos problemas surgirem.
Aliás, a ignorância é tal, que só através do aparecimento dos problemas e de tentar a sua solução é que vejo a causa.
- Continuo: pensa apenas no que constróis; esquece o que não consegues e tenta novamente, como se fosse sempre um início. Com o mesmo fôlego, a mesma esperança e a alegria de lançar mãos a uma obra. Enfim, com todo o teu ardor e trabalho.
E, na tua memória, fixa sempre só o que consegues fazer. O resto… faz outra vez… e outra… e outra… do princípio até atingir o fim.
É lembrando o esplendor da luz que procuramos forças para lá chegar.
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Disse Dom Helder Câmara: É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca !
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ENTÃO um homem rico disse:
- Fala-nos do Dom.
E ele respondeu:
- Dais muito pouco,
quando dais daquilo que vos pertence.
Quando vos dais a vós mesmos
é que dais realmente.
Que é aquilo que vos pertence,
senão coisas que conservais ciosamente,
com medo de vir a precisar delas amanhã?
E amanhã,
que trará o amanhã
ao cão demasiado prudente
que enterra os ossos na areia movediça
enquanto segue os peregrinos
a caminho da cidade santa?
E que é o medo da miséria,
senão a própria miséria?
Quando o vosso poço esta cheio,
não é o medo à sede
que torna a vossa sede insaciável?
Alguns dão pouco
do muito que têm,
e fazem isso
em troca do reconhecimento,
e o seu desejo oculto
corrompe os seus dons.
Outros têm pouco
e dão tudo.
Estes são os que acreditam na vida,
na bondade da vida,
e o seu cofre nunca está vazio.
Há quem dê com alegria,
e esta alegria é a sua recompensa.
Há quem dê cheio de dores,
e essas dores são o seu baptismo.
Há ainda quem dê, inconsciente, da sua virtude,
sem nisso sentir dor nem alegria.
Dão como os mirtos do vale
que a espaços atiram para o céu
o seu perfume.
É bom dar quando nos pedem;
e é bom dar sem que nos peçam,
como bons entendedores.
E para o homem generoso,
procurar aquele que vai receber
é maior alegria do que dar.
E haverá alguma coisa
que possais conservar?
Tudo quanto possuís
será dado um dia.
Portanto, dai agora,
para que o tempo de dar seja vosso
e não dos vossos herdeiros.
Muitas vezes dizeis:
- Gostava de dar
mas só aos que merecem.
As árvores dos vossos pomares
não falam assim,
nem os rebanhos das vossas devesas.
Dão para poderem viver,
porque guardar é perecer.
Por certo
aquele que é digno de receber
os seus dias e as suas noites,
é digno de receber de vós
tudo o resto.
E aquele que mereceu
beber do oceano da vida
merece encher a sua taça
do vosso regato.
E que maior merecimento
do que aquele que reside
não na caridade,
mas na coragem e na confiança
de receber?
E quem sois vós
para que os homens
devam rasgar o peito diante de vós,
vencendo o orgulho,
para poderdes ver o seu mérito
a descoberto
e a sua altivez manifesta?
Procurai primeiro
merecerdes ser doadores
e instrumentos de doação.
Porque, em verdade,
é a vida que dá à vida,
e quando julgais ser doadores,
sois apenas testemunhas.
E vós que recebeis
– e todos sois recebedores –
não atireis para cima de vós
o peso da gratidão,
sob pena de impordes um jugo
a vós mesmos e àquele que dá.
Mas elevai-vos
juntamente com o doador,
usando os dons como asas.
Porque ligar demasiada importância
à vossa dívida
é duvidar da sua generosidade,
que tem por mãe a Terra magnânima
e Deus como pai.
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