Oratória
- Ele fala muito bem, de modo agradável e dispõe bem.
- Mas não diz nada de importante, nem sequer é original nos temas que traz.
- Isso é verdade, mas diz o que gostam de ouvir.
- E… parece tudo tão supérfluo…
- Para uns é supérfluo, mas para outros funciona como um acordar por despertador. Acordando e trazendo à baila assuntos que passaram despercebidos numa primeira instância.
- E esses interessados são assim tantos?
- Pois são, até são a grande maioria dos que reagem com agrado ao que se disse e são os que mantêm a atenção até ao fim.
Nas conferências, como em todos os lugares de oratória, assume razoável importância falar de assuntos por que a maioria se interesse. Seguidamente, o falar em tom de voz e ritmo agradável q.b., sem pausas – que interrompem e distraem – gera simpatia. Finalmente, dizer as soluções que todos querem ouvir, mesmo que não solucionem nada, também agrada q.b.
- Isso parece o angariar de votos…
- Talvez, mas a assistência gosta e aplaude.
- E sabem, por acaso, a que é que estão a aplaudir?
- Sabem que aplaudem a sua própria opinião dita, por outrem, de modo mais bonito e interessante. E sabem, ainda, que a sua opinião é partilhada por alguém que julgam mais importante que eles próprios.
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Disse George Eliot: Bendito seja o homem que, não tendo nada para dizer, se abstém de o demonstrar através das suas palavras !
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