odos, mais ou menos, pelo mundo fora, tecemos ideias próprias sobre o valor da família, nas nossas relações e em relação a nós mesmos.
Se os ideais são conservadores surge um vazio difícil de suportar quando a família se desmorona ou se perde.
Se o relacionamento familiar for mais aberto e permitir a valorização de amigos, ou até de desconhecidos que, em ocasiões difíceis, tenham sido capazes de ajudar, então é possível viver de modo enriquecedor, até quando a solidão é muito sentida.
(- [ao telefone] Pois sim, vamos aí amanhã…)
……….. …………….
- Onde vais?
- Vou começar uma ronda pelos familiares e amigos e tentar ver a importância que têm na minha vida e o que estás para aí a dizer.
- Hã… Mas…
- Não te preocupes porque nem sequer é muito dispendioso, pois moramos todos perto uns dos outros.
- Mas…
- Achas que leve prendinhas? Também poderia fazer uma reunião cá em casa ou dar uma festa – que dizes?
- Mas…
- Também posso tentar ficar isolada de todos, por uns dias, ou talvez apenas por umas horas, e ver se é suportável…
- …
- Então, não dizes nada?
- Bem, o que queria dizer-te é que está aqui uma pm para falar sobre assuntos passados. Daqueles a que não damos importância e, sem querer, magoamos outrora. Ou vice-versa, somos magoados e não entendemos essa realidade, vivendo num engano.
- E quem é, que não vejo ninguém?!
- É uma amiga tua falecida há muito, a F… – lembras-te? Então?! Desmaiaste? Ouves-me? A morte pode ser entendida como uma passagem para mundos em que as comunicações se fazem de outros modos e, por isso, podemos concluir os assuntos que ficaram estagnados ou incompletos. Os valores são mais subtis… Então? Senta-te ali e acalma-te. Não precisas concordar, basta que te permitas tolerar a dúvida destas situações.
…
- Já chegámos?
- Onde? Deixa lá, ainda não passamos a fronteira! Porque não te entreténs a ler? O tempo passará mais depressa…
- Oh! Acho que estava a lembrar conversas de há muitos anos. Daquelas que não damos importância quando acontecem e depois, sem razão aparente, lembramos…