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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

22
Jan11

Crístico quer dizer de Cristo

eva

- rístico quer dizer de Cristo, Jesus, não é?

- Não exactamente. Crístico significa o ser que se cristificou, purificou, elevou aos céus, elevou ao paraíso celestial.

- Então porque dizem Jesus Cristo?

- O mais correcto seria Jesus, o Cristo, porque considera-se que se cristificou. Mas popularmente aglutinam-se as palavras facilitando a linguagem e com o passar do tempo já ninguém sabe como é, ou como era…

- Engraçado o termo cristificar. Então, outros se cristificaram como Buda, Krishna, etc. e tal.

- Muitos, com certeza, porque apenas sabemos os que se tornaram conhecidos num povo, na História. Mas muitos haverá desconhecidos por nós e que se elevaram a esse nível celestial, ou espiritual.

- Mas isso deve exigir muito sacrifício, não é? Quero dizer, todos gostaríamos de estar lá, agora o percurso, meu amigo! Moral, ética irrepreensível…

- O percurso é de virtuosismo moral e está com certeza ao alcance de todos. A dificuldade é entender o nível de preciosismo moral que se deve alcançar e mais difícil ainda conseguir mantê-lo no meio das maiores vicissitudes. Pois se nós, os mais simples, caímos em depressão assim que encontramos uma contrariedade, imagine-se o resto….

- Enfim… bom resto de dia! Para minha insignificância isto já chega por hoje.

- Não haja dramas, pois Jesus disse que todos haveríamos de lá chegar no tempo justo.

- Onde está isso?

- Há-de estar escrito!

 

03
Fev10

Um consolo e uma esperança

eva

 - oje acordei com aquela canção de Jesus na minha cabeça…

- Qual?
- Uma que diz quero viver como Jesus viveu, etc.
- Já sei, uma brasileira…
- Canta-se por aí…
- Bem, por aí?! Não é tanto assim, mas é conhecida e é muito melodiosa.
- Para todos, ateus e religiosos, Jesus foi um homem exemplar no sentido de ter demonstrado que se pode viver humildemente e manter as ideologias sem fazer mal a ninguém.
- Mas foi condenado sem acusação e martirizado sem piedade, apesar de ter ajudado todos os que foi encontrando numa vida de autêntica peregrinação.
- E foi um homem que conseguiu, sem nada pedir, dividir a humanidade em 2 eras, a era antes de Cristo e a era depois de Cristo.
- Além de ser aceite e acarinhado por todas as religiões como um exemplo – um Cristo – de cristificado, ou um representante divino entre nós.
- Como outros…
- Mas com outro impacto, que mais nenhum teve até hoje por todas as regiões da Terra, sendo ao mesmo tempo um consolo e uma esperança.
- Realmente a maioria, quando sofre, ou se lembra do sofrimento dele e cala o seu ou lhe pedem para aliviar esse sofrimento que não estão a conseguir suportar.
- O exemplo de Jesus e do seu modo de encarar a vida são conhecidos mundialmente, mas pouca gente reconhece o seu equilíbrio e dignidade em todo esse percurso e principalmente quando mais sofria.
- Sim, o sofrimento atroz é grandiosamente silencioso, ainda hoje!
 

 

24
Fev08

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Epílogo

eva
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Aviso prévio
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Os excertos aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, foram retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.
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Epílogo – A espera da Parusia
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SEGREGAÇÃO e agregação. Separação dos elementos maus do Mundo, e «coadunação» dos Mundos elementares que cada espírito fiel constrói à volta de si no trabalho e no sofrimento. Sob a influência deste duplo movimento, ainda quase totalmente escondido, o Universo transforma-se e amadurece à volta de nós.
Imaginamos às vezes que as coisas se repetem, indefinidas e monótonas, na história da criação. É que a estação é demasiado longa, em relação com a breve duração das nossas vidas individuais, - é que a transformação é vasta demais e demasiado íntima, relativamente às nossas vistas superficiais e limitadas, - para que nos dêmos conta dos progressos do que se faz incansàvelmente por obra e graça e através de toda a Matéria e de todo o Espírito. Acreditemos na Revelação, apoio fiel (aqui também) dos nossos pressentimentos mais humanos.
Debaixo do invólucro banal das coisas, de todos os nossos esforços purificados e autênticos é que se gera gradualmente a Terra nova.
Um dia, anuncia-nos o Evangelho, a tensão lentamente acumulada entre a Humanidade e Deus atingirá os limites fixados pelas possibilidades do Mundo. E então será o fim.
Como um relâmpago que vai de um pólo ao outro, a Presença, silenciosamente acrescida, de Cristo nas coisas revelar-se-á bruscamente. Rompendo todas as barragens onde aparentemente a continham os véus da Matéria e a compartimentação mútua das almas, ela invadirá a face da Terra. E sob a acção, finalmente libertada, das verdadeiras afinidades do ser, arrastados por uma força onde se manifestarão as potências de coesão, próprias do mesmo Universo, os átomos espirituais do Mundo virão ocupar dentro de Cristo ou fora de Cristo (mas sempre sob a influência de Cristo) o lugar, de felicidade ou de castigo, que a estrutura viva do Pleroma lhes designar. Como o raio, como um incêndio, como um dilúvio, a atracção do Filho do Homem arrebatará, para os reunir ou submeter ao seu Corpo, todos os elementos em rodopio do Universo.
Será assim a consumação do Meio Divino.
Sobre o momento e as modalidades deste acontecimento formidável, seria vão, como disso nos adverte o Evangelho, fazer especulações. Mas devemos
esperá-lo.
A espera, – a espera ansiosa, colectiva e actuante de um Fim do Mundo, isto é, de uma Saída ou desfecho airoso para o Mundo, – é a função cristã por excelência e o traço mais distintivo da nossa religião.
Aparecendo um momento entre nós, o Messias não se deixou ver nem tocar senão para se perder, ainda de novo, mais luminoso e mais inefável, nas profundezas do futuro. Ele veio. Mas agora devemos esperá-lo outra vez de novo, – não já só um grupinho escolhido, mas todos os homens – mais do que nunca. O Senhor Jesus só virá depressa quando o esperamos muito. É uma acumulação de desejos que fará eclodir a Parusia.
Sem dúvida, ainda, nós rezamos e agimos conscienciosamente para que «venha a nós o Reino de Deus».
Mas, na verdade, quantos há entre nós que se alegram realmente com a esperança entusiasta de uma refundição da Terra? Nós continuamos a dizer que vigiamos à espera do Senhor. Mas, na realidade, se quisermos ser sinceros, seremos obrigados a confessar que já
não esperamos nada.
É necessário, custe o que custar, reavivar a chama.
É necessário a todo o custo renovar em nós mesmos o desejo e a esperança da grande Vinda. Mas onde buscar a fonte desse rejuvenescimento? Da percepção de uma conexão mais íntima entre o triunfo de Cristo e o êxito da obra que o esforço humano tenta edificar neste mundo.
Esquecemo-nos constantemente disto. O sobrenatural é um fermento, uma alma, não um organismo completo. Ele vem transformar «a natureza»; mas não poderia prescindir da matéria que esta lhe apresente.
Olhemos para a Terra à nossa volta. Que se passa sob os nossos olhos na massa dos povos? Donde vêm estas desordem na Sociedade, esta agitação inquieta, estas ondas que incham, estas correntes que circulam e interferem umas nas outras, estas erupções confusas, formidáveis e inéditas? - A Humanidade atravessa visivelmente uma crise de crescimento. Ela toma obscuramente consciência do que lhe falta e do que pode. Perante ela, como lembrámos na primeira destas páginas, o Universo torna-se luminoso como o horizonte donde vai despontar o Sol. Ela pressente, pois, e ela espera.
Do que dissemos temos já bem assentes no nosso espírito as seguintes ideias: o progresso do Universo, e especialmente do Universo humano, não é uma concorrência feita a Deus, nem um esbanjar vão das energias que ele nos deu. Quanto mais o Homem for grande, tanto maior a Humanidade será unida, consciente e senhora da sua força, – quanto mais bela for a Criação, tanto mais a adoração será perfeita, tanto mais Cristo encontrará, para acrescentamentos místicos, um Corpo digno de ressurreição. Não poderia haver dois cumes no Mundo como não pode haver dois centros de uma circunferência. O Astro que o Mundo espera, sem saber ainda pronunciar o seu nome, sem poder apreciar exactamente a sua verdadeira transcendência, sem poder mesmo distinguir os mais espirituais, os mais divinos dos seus raios, é necessàriamente o Cristo mesmo que esperamos. Para desejar a Parusia, não temos senão que deixar pulsar em nós, cristianizando-o, o próprio coração da Terra.
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APONTAMENTO BIOGRÁFICO
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Pierre Teilhard de Chardin nasceu em França, em Orcines (perto de Clermont-Ferrand) a 1 de Maio de1881 e faleceu em Nova Iorque a 10 de Abril de 1955.
Padre jesuíta, teólogo, filósofo, paleontólogo, T. de Chardin é ordenado padre em 1911.
Em 1916 publica o seu primeiro ensaio, A Vida Cósmica. Em 1923 efectua a sua primeira viagem à China a solicitação do Museu de História Natural de Paris. Após um artigo sobre o pecado original mal recebido pela hierarquia, é convidado a prosseguir as suas pesquisas na China. Considerado um dos mais eminentes paleoantropologistas da sua época, integra a equipa que estuda o Homem de Pequim. Até à sua ida para Nova Iorque (uma espécie de exílio aconselhado pelas autoridades eclesiásticas), fará pesquisas científicas na Etiópia (1928), Estados Unidos (1930), Índia (1935), Java (1936), Birmânia (1937), Pequim (1936 a 1946) e África do Sul (1951 a 1953).
No entretanto, é-lhe concedido, em 1946, o título de Oficial da Legião de Honra em reconhecimento pelos seus trabalhos na China e, em 1950, é admitido na Academia das Ciências.
Em 1954, num jantar em Nova Iorque, confidencia a amigos que gostaria de morrer no dia da Ressurreição. Morre na Páscoa do ano seguinte, em 1955.
A maior parte da sua obra, de leitura desaconselhada pelo Vaticano, é publicada postumamente num total de 13 volumes.
Para um melhor conhecimento do pensamento de Teilhard de Chardin, permito-me referenciar um trabalho do Prof. Dr. Alfredo Dinis, nesta
ligação.
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Glossário:
Pleroma :  Universo consumado; Plenitude; o Todo
Parusia :  Segundo Advento; Manifestação definitiva de Deus
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Parte I nesta ligação

Parte II nesta ligação
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Parte III nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : Deus não está longe de nós, fora da esfera tangível, mas espera-nos a cada instante na acção, na obra da ocasião !
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17
Fev08

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Parte III

eva
Aviso prévio
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Os excertos que serão aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, são retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.


Terceira Parte – O Meio Divino
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Deus revela-se em toda a parte aos nossos tacteios, como um meio universal, por ser o ponto último onde convergem todas as realidades. Cada elemento do Mundo, seja ele qual for, só subsiste, hic et nunc, à maneira de um cone cujas geratrizes se unissem (no termo da sua perfeição individual e no termo da perfeição geral do Mundo que as contém) em Deus que as atrai. Por conseguinte, todas as criaturas, como tais, não podem ser consideradas na sua natureza nem na sua acção sem que, no mais íntimo e no mais real de si mesmas, – como o sol nos pedaços de um espelho quebrado, – se não descubra a mesma Realidade una na sua multiplicidade, inatingível mesmo na sua proximidade, espiritual mesmo na sua materialidade. Nenhum objecto pode influir sobre nós pelo seu próprio fundo sem que o Foco universal irradie sobre nós. Nenhuma realidade pode ser apreendida pelo nosso espírito, pelo nosso coração ou pelas nossas mãos, na essência do que encerra de desejável, sem sermos obrigados pela própria estrutura das coisas, a subirmos até à fonte primeira das suas perfeições. Este Foco, esta Fonte estão pois em toda a parte. Exactamente por ser infinitamente profundo e punctiforme, Deus está infinitamente próximo e em toda a parte. Exactamente por ser o Centro, ele ocupa toda a esfera.
Nas esferas exteriores do Mundo, o Homem sente-se a cada instante angustiado por separações que põem entre os corpos, distâncias; entre as almas, impossibilidade de se compreenderem; e entre as vidas, a morte. A cada momento também o Homem tem de gemer por não poder, no breve espaço de alguns anos, levar a cabo e abarcar tudo. Finalmente, ele inquieta-se sem cessar, e não sem razão, perante o louco descuido ou a irritante insipidez de um meio natural onde a maior parte dos esforços individuais parecem desperdiçados e perdidos, – onde as pancadas e os gritos parecem ser logo abafados sem despertarem nenhum eco.
Tudo isto é a desolação da superfície.
Mas deixemos a superfície e, sem nos afastarmos do Mundo, mergulhemo-nos em Deus. Aqui e daqui, nele e por ele, dominaremos tudo e comandaremos tudo. Todas as flores e todas as luzes que tivermos deixado para sermos fiéis à vida, um dia encontraremos aí a sua essência e o seu fulgor. Os seres que perdemos a esperança de atingir e de influenciar, lá estão reunidos pelo vértice mais vulnerável, mais receptivo e mais enriquecedor da sua substância. Nesse lugar, o mínimo dos nossos desejos e dos nossos esforços é recolhido, conservado e num instante pode fazer vibrar todas as forças do Universo.
O Panteísmo seduz-nos pelas suas perspectivas de união perfeita e universal. Mas no fundo não nos daria, se fosse verdadeiro, senão fusão e inconsciência, pois no termo da evolução que ele julga descobrir, os elementos do Mundo desaparecem no Deus que eles criam ou que os absorve. O nosso Deus, pelo contrário, leva ao extremo a diferenciação das criaturas que concentra em si. Só o Cristianismo salvaguarda, com os direitos do pensamento, a aspiração essencial de toda a mística: unir-se (isto é, tornar-se o Outro) ficando cada um o que é.
A imensidade de Deus é o atributo essencial que nos permite apreendê-lo universalmente em nós e à volta de nós. Sob que aspecto, próprio da nossa Criação, adaptado ao nosso Universo, se manifesta e se aplica à Humanidade, a Imensidade divina?
No fundo, desde as origens da preparação messiânica até à Parusia, passando pela manifestação histórica de Jesus e pelas fases de crescimento da sua Igreja, um só acontecimento se desenrola no Mundo: a Encarnação, realizada em cada indivíduo pela Eucaristia.
Todas as comunhões de uma vida formam uma só comunhão.
Todas as comunhões de todos os homens actualmente vivos formam uma só comunhão.
Todas as comunhões de todos os homens presentes, passados e futuros formam uma só comunhão.
Considerámos nós já alguma vez suficientemente a imensidade física do Homem, e as suas extraordinárias conexões com o Universo, para «realizar» nos nossos espíritos o que contém de formidável esta verdade elementar? A camada humana da Terra está inteira e perpètuamente sob o influxo organizador de Cristo encarnado.
Ora, como se apresenta na estrutura do universo, o próprio Mundo? Aparece-nos como uma zona de transformação espiritual contínua em que todas as realidades e todas as forças inferiores sem excepção vêm sublimar-se em sensações, em sentimentos, em ideias e em faculdades de conhecer e de amar. À volta da Terra, centro das nossas perspectivas, as almas formam, em certo modo, a superfície incandescente da Matéria imersa em Deus. Desde o ponto de vista dinâmico e biológico, é tão impossível marcar abaixo dela um limite como entre uma planta e o meio em que cresce.
Benson, num dos seus contos, imagina que um «vidente» chega à capela isolada onde ora uma religiosa. Entra. E eis que à volta deste lugar ignorado ele vê de repente o Mundo inteiro a enlaçar-se, a mover-se, a organizar-se segundo o grau de intensidade e de inflexão dos desejos da humilde orante. A capela tornara-se como que o pólo à volta do qual girava a Terra. Ao redor de si mesma, a contemplativa sensibilizava e animava as coisas porque ela cria; e a sua fé era operante, porque a sua alma, puríssima, a colocava muito perto de Deus. – Esta ficção é uma excelente parábola.
A tensão interior dos espíritos para Deus pode parecer sem importância àqueles que tentam calcular a quantidade de energia acumulada na massa humana.
E contudo, se fôssemos tão capazes de ver a «luz invisível» como vemos as nuvens, os relâmpagos ou os raios solares, as almas puras parecer-nos-iam neste Mundo, tão activas, só pela sua pureza, como os picos nevados, cujos cumes impassíveis aspiram contìnuamente para nós as forças errantes da alta atmosfera.
Queremos que tome incremento à volta de nós o Meio Divino? Acolhamos e alimentemos cuidadosamente todas as forças de união, de desejo, de oração que a graça nos apresenta. Só pelo facto do aumento da nossa transparência, a luz divina, que não cessa de incidir com força sobre nós, transbordará mais.
Ninguém no Mundo pode salvar-nos ou perder-nos, contra a nossa vontade.
A que força está reservado o papel de estilhaçar os invólucros onde tendem a isolar-se ciosamente e a vegetar os nossos microcosmos individuais? À Caridade, princípio e efeito de toda a ligação espiritual.
Meu Deus, vós dissestes-me que creia no Inferno. Mas também nos proibistes de pensar, com absoluta certeza, que um só homem tenha sido condenado. A cada alma que, ao perder-se apesar dos apelos da graça, haveria de arruinar a perfeição da União comum, vós opondes, meu Deus, umas dessas refundições que restauram a cada momento o Universo numa frescura e numa pureza novas. O condenado não é excluído do Pleroma, mas da sua face luminosa e da sua bem-aventurança. O condenado perde o Pleroma, mas ele não é perdido para o Pleroma. O Cume não se mede bem senão pelo abismo coroado por ele.Falava eu há pouco de um Universo fechado, abaixo, pelo nada, isto é, de uma escala de grandezas que fossem a acabar, de certo modo, no zero. Mas eis, meu Deus, que ao rasgardes as sombras inferiores do Universo, vós me mostrais que debaixo dos meus pés se abre outro hemisfério, – a região real, descendo ilimitadamente, de existências pelo menos possíveis. Os fogos do inferno e os fogos do céu não são duas forças diferentes, mas manifestações contrárias da mesma energia.
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Parte I nesta ligação
 
Parte II nesta ligação
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Parte IV nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : Como o mar em certos dias só se ilumina ao contacto da quilha ou do nadador que o corta, – assim o Mundo só se ilumina de Deus reagindo ao nosso esforço !
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10
Fev08

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Parte II

eva
Aviso prévio
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Os excertos que serão aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, são retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.
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Segunda Parte – A Divinização das Passividades

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As passividades, como lembrámos no começo deste estudo, formam a metade da existência humana. As passividades acompanham sem cessar as nossas operações conscientes como reacções que dirigem, apoiam ou contrariam os nossos esforços.
Nós conhecemo-nos e dirigimo-nos num círculo incrivelmente reduzido. Imediatamente para além desse círculo começa uma noite impenetrável, e, no entanto, carregada de presenças, – a noite de tudo o que está em nós e à volta de nós, sem nós e contra a nossa vontade. Aí estão as trevas, carregadas de promessas e de ameaças, que o cristão terá de iluminar e animar com a Divina Presença.
Parece-nos tão natural o crescer que, ordinàriamente não pensamos em distinguir da nossa acção as forças que a alimentam nem as circunstâncias que favorecem o seu êxito. No entanto «que tens tu que antes não tenhas recebido?». Tanto ou mais que a Morte, recebemos passivamente a Vida. Penetremos no recanto mais secreto de nós mesmos. Examinemos de todos os lados o nosso ser. Procuremos aperceber-nos com vagar do oceano de forças recebidas passivamente em que está como que imerso o nosso crescimento. É um exercício salutar.
Ora pois, talvez pela primeira vez na minha vida (eu, considerado como alguém que faz meditação todos os dias!) peguei na lâmpada, e deixando a zona, aparentemente clara das minha ocupações e das minhas relações quotidianas, desci ao mais íntimo de mim mesmo, ao abismo profundo donde sinto confusamente que emana o meu poder de acção. Ora, à medida que me afastava das evidências convencionais com que é superficialmente iluminada a vida social, notei que me escapava a mim mesmo. A cada degrau descido, descobria-se em mim um outro personagem, cujo nome exacto já não podia dizer e que já não me obedecia. E quando tive de parar na minha exploração, por me faltar o terreno debaixo dos pés, deparava-se-me um abismo sem fundo donde saía, vinda não sei donde, a onda a que me atrevo a chamar a minha vida.
Que ciência poderá jamais revelar ao Homem, a origem, a natureza, o regime do poder consciente de querer e de amar, de que é constituída a vida? Não foi o nosso esforço, com certeza, nem o esforço de ninguém à nossa volta, que desencadeou esta corrente. Em última análise, a vida profunda, a vida fontal, a vida nascente furtam-se absolutamente à nossa apreensão.
E então, perturbado com a minha descoberta, quis voltar á luz, quis esquecer o inquietante enigma no confortável ambiente das coisas familiares, – recomeçar a viver à superfície sem sondar imprudentemente os abismos. Mas eis que, sob o próprio espectáculo das agitações humanos, eu vi reaparecer diante dos meus olhos experientes, o Desconhecido de quem queria fugir. Desta vez, não se ocultava no fundo de um abismo: agora, dissimulava-se por detrás da multidão dos acasos entrecruzados de que é tecida a teia do Universo e a da minha humilde individualidade. Mas era realmente o mesmo mistério: eu identifiquei-o. O nosso espírito perturba-se quando tentamos medir a profundeza do Mundo abaixo de nós. Mas vacila também quando tentamos contar as sortes favoráveis de cuja influência resulta, a cada instante, a conservação e o perfeito desenvolvimento do menor dos seres vivos. Depois de ter tomado consciência de ser um outro e um outro maior do que eu – uma segunda coisa me causou vertigens: foi a suprema impossibilidade, a formidável inverosimilhança de me encontrar a existir no seio de um Mundo realizado com êxito.
Neste momento, como qualquer que quiser fazer a mesma experiência interior, senti pairar sobre mim a angústia essencial do átomo perdido no Universo, – a angústia que faz sossobrar diàriamente vontades humanas debaixo do número esmagador dos seres vivos e dos astros. E se alguma coisa me salvou, foi o ouvir a voz evangélica, garantida por êxitos divinos, que me dizia, do mais profundo da noite: «Sou eu, não tenhas medo».
As forças de diminuição são as nossas verdadeiras passividades. O seu número é imenso, as suas formas infinitamente variáveis, a sua influência contínua. Em certo sentido, é de pouca importância o escaparem-se-nos as coisas, porque podemos sempre imaginar que elas nos voltarão às mãos. O terrível para nós é o escaparmos nós às coisas por uma diminuição interior e irreversível.
Humanamente falando, as passividades de diminuição internas formam o resíduo mais negro e mais desesperadamente inutilizável dos nossos anos. Na morte, como num oceano, vêm confluir as nossas bruscas ou graduais diminuições. A morte é o resumo e a consumação de todas as nossas diminuições: ela é o mal – mal simplesmente físico, na medida em que resulta orgânicamente da pluralidade material em que estamos imersos, – mas mal moral também, na medida em que essa pluralidade desordenada, fonte de todo o choque e de toda a corrupção, é gerada, na sociedade ou em nós mesmos, pelo mau uso da nossa liberdade. A qualquer instante, por mais comprometida pelos nossos pecados ou por mais desesperada que esteja pelas circunstâncias a nossa situação, podemos sempre por uma completa reparação, reajustar o Mundo à volta de nós e retomar favoràvelmente a nossa vida.
Perguntemo-nos, pois, como, e em que condições, as nossas mortes aparentes, isto é, as escórias da nossa existência podem ser integradas no estabelecimento, à volta de nós, do Reino e do Meio divinos.
Deus não pode, mesmo em virtude das sua perfeições ¹, fazer com que os elementos de um Mundo em vias de crescimento, – ou pelo menos de um Mundo caído em vias de soerguer-se, escapem aos choques e às diminuições mesmo morais.
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Conclusão das duas Primeiras Partes
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A Cruz foi sempre um sinal de contradição e um princípio de selecção entre os Homens. Onde ela aparece são inevitáveis efervescências e oposições. Demasiadas vezes a Cruz é apresentada à nossa adoração não como um fim sublime que devemos atingir ultrapassando-nos a nós mesmos, mas como um símbolo de tristeza, de restrição e de recalcamento. Esta maneira de pregar a Paixão é devida simplesmente, em muitos casos, ao emprego infeliz de um vocabulário pio em que as palavras mais graves (como sacrifício, imolação, expiação) esvaziadas do seu sentido pela rotina, são empregadas com uma ligeireza e um à-vontade inconscientes. Brinca-se com fórmulas. Mas esta maneira de falar acaba por dar a impressão de que o Reino de Deus não se pode estabelecer senão num ambiente de luto, indo constantemente contra a corrente das energias e das aspirações humanas. Apesar da exactidão das palavras, no fundo, não há nada menos cristão que essa perspectiva.
Tomada no seu sentido mais alto de generalidade, a doutrina da Cruz é aquela a que adere todo o homem persuadido de que, perante a imensa agitação humana, se abre um caminho em direcção a uma saída, e que este caminho é a subir. A vida tem um termo: portanto exige uma direcção de marcha, que de facto se encontra orientada para a mais elevada espiritualização por meio do maior esforço.
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¹ Porque as suas perfeições não poderiam ir contra a natureza das coisas, e a natureza de um Mundo suposto em vias de aperfeiçoamento, ou «em re-ascensão», é exactamente o estar ainda parcialmente desordenado. Um Mundo que não apresentasse já traços nem ameaça de Mal, seria um Mundo já consumado.
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Parte I nesta ligação
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Parte III nesta ligação
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Parte IV nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : O  fracasso canaliza a nosa seiva interior, distingue as componentes mais puras do nosso ser, de modo a projectar-nos para mais alto e mais rectamente !
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03
Fev08

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Parte I

eva
Aviso prévio
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Os excertos que serão aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, são retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.
A leitura de Teilhard de Chardin foi desaconselhada pela igreja católica apostólica romana por um monitum de 30 de Junho de 1962.
Apesar disso, em 6 de Janeiro de 1975, na homilia da missa da Solenidade da Epifania do Senhor, o Papa Paulo VI fez uma citação explícita das duas primeiras frases da ‘Introdução’ de "O Meio Divino", indicando não só o título da obra mas também a página de onde foi retirado o texto citado (“Solennità dell’Epifania del Signore – Omelia del Santo Padre Paolo VI – 6 gennaio 1975”, www.vatican.va). Este facto, além de pressupor que o Papa conhecia bem o pensamento de Chardin, cuja leitura era desaconselhada pelo monitum, igualmente pressupõe que não a condenava pois não se coibiu de a referir numa cerimónia religiosa pública.
Também João Paulo II perfilhou nos seus escritos, por diversas vezes, o pensamento de T. de Chardin o mesmo se podendo dizer do então cardeal Ratzinger. 
No entanto, a validade do monitum de 1962 mantém-se, tendo essa validade sido reafirmada em 1981, quando se celebrava o centenário do nascimento de Teilhard de Chardin.
Para quem desejar um melhor conhecimento deste autor, permito-me aconselhar um excelente trabalho do Prof. Dr. Alfredo Dinis seguindo esta ligação.

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Observação importante

Não se busque nestas páginas um tratado completo de teologia ascética, – mas sim a simples descrição de uma evolução psicológica observada num instante bem determinado. Uma série possível de perspectivas interiores descobrindo-se gradualmente ao espírito no decurso de uma modesta ascensão «iluminativa», – eis o que pretendemos exarar aqui.

Introdução

O processo que seguiremos na nossa exposição será muito simples. Visto que, no campo da experiência, a existência de cada homem se divide adequadamente em duas partes, a saber, o que ele faz e o que ele sofre, focaremos alternadamente o campo das nossas actividades e o campo das nossas passividades.

Primeira Parte – A Divinização das Actividades


Nada é mais certo, dogmàticamente, do que a santificação possível da acção humana. «Tudo o que fizerdes, diz S. Paulo, fazei-o em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo». E a mais cara das tradições cristãs foi sempre ouvir esta expressão: «em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo» no sentido de: em união íntima com Nosso Senhor Jesus Cristo.
As acções da vida de que se trata aqui não devem ser entendidas, como se sabe, só das obras de religião ou de piedade (orações, jejuns, esmolas, etc.) Trata-se realmente da vida humana toda, mesmo nas zonas chamadas mais «naturais». Toda a vida humana é declarada pela Igreja santificável. «Quer comais, quer bebais…» – diz S. Paulo.
Mas o que contará lá no Céu, o que sempre permanecerá é que o meu amigo tenha agido em todas as coisas, em conformidade com a vontade de Deus. Deus, é claro, não tem nenhuma necessidade da sua industriosa actividade, visto que ele poderia ter tudo sem essa sua actividade. Aquilo que ele está exclusivamente interessado, o que ele deseja intensamente, é o uso fiel da sua liberdade e a preferência que lhe der a ele com relação aos objectos que o rodeiam.
Compreenda bem isto: na Terra as coisas foram-lhe dadas só como matéria de exercício para formar o espírito e o coração «a suo», isto é, sem o substracto da acção real perfeita. O meu amigo está num lugar de prova onde Deus possa julgar se é capaz de ser levado à sua presença no Céu. Está em experiência. Pouco importa portanto o que valem e em que se transformam os frutos da Terra. Toda a questão consiste em saber se deles se serviu para aprender a obedecer e a amar.
Onde estão as raízes do nosso ser? Que mistério o das primeiras células que um dia foram animadas pelo espírito vital da nossa alma. É em parte a história toda do Mundo que se representa em cada um de nós através da matéria. Por mais autónoma que seja a nossa alma, ela é a herança de uma existência prodigiosamente trabalhada, antes dela, pelo conjunto de todas as energias terrestres: ela encontra-se com a Vida e junta-se a ela num momento determinado.
Não há em nós um corpo que se alimente com independência da alma. Tudo o que o corpo admitiu e começou a transformar, a alma tem por sua vez de o sublimar. Ela faz isso à sua maneira e segundo a sua dignidade, sem dúvida. Mas não pode fugir a este contacto universal nem a este labor de todos os instantes. E assim se vai aperfeiçoando nela, para sua felicidade e correndo riscos, a capacidade particular de compreender e de amar, que constituirá a sua mais imaterial individualidade.
Não esqueçamos que a alma humana por mais criada à parte que a nossa filosofia a imagina, é inseparável, no seu nascimento e na sua maturação, do Universo onde nasceu. Em cada alma Deus ama e salva parcialmente o Mundo inteiro, resumido nesta alma dum modo particular e incomunicável.
O Mundo, pelos nossos esforços de espiritualização individual, acumula lentamente, a partir de toda a matéria, o que fará dele a Jerusalém celeste ou a Terra nova.
Pela nossa colaboração que ele suscita, Cristo consuma-se, atinge a sua plenitude, a partir de toda a criatura. É S. Paulo que no-lo diz. Imaginávamos talvez que a Criação acabara já há muito. Erro. Ela continua cada vez mais activa, e nas zonas mais elevadas do Mundo. E é para o acabar que nós servimos, mesmo por meio do trabalho mais humilde das nossas mãos. É este, em suma, o sentido e o valor dos nossos actos. Em virtude da interligação Matéria-Alma-Cristo, façamos o que fizermos, nós levamos a Deus uma porção do ser que ele deseja. Mediante cada uma das nossas obras, nós trabalhamos muito parcelarmente mas realmente na construção do Pleroma, isto é, contribuímos um pouco para o acabamento de Cristo.
Cada uma das nossas obras, pela repercussão mais ou menos distante e directa que tem sobre o Mundo espiritual, concorre para perfazer Cristo na sua totalidade mística.
Oxalá chegue o tempo em que os Homens, bem conscientes da estreita ligação que associa todos os movimentos deste Mundo no único trabalho da Encarnação, não possam entregar-se a nenhuma das suas tarefas sem as iluminar com esta ideia distinta, a saber, que o seu trabalho, por mais elementar que seja, é recebido e utilizado por um Centro divino do Universo !
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Parte II nesta ligação
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Parte III nesta ligação
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Parte IV nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : Purifique a sua intenção e a menor das suas acções encontrar-se-á cheia de Deus !
 
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08
Abr07

Manuel Maria Barbosa du Bocage # À Paixão de Jesus Cristo

eva
8 de abril de 2007

O filho do grão rei, que a monarquia
tem lá nos céus e que de si procede,
hoje mudo e submisso à fúria cede
de um povo, que foi seu, que à morte o guia.

De trevas, de pavor se veste o dia,
inchado o mar o seu limite excede,
convulsa a terra por mil bocas pede
vingança de tão nova tirania.

Sacrílego mortal, que espanto ordenas,
que ignoto horror, que lúgubre aparato!...
tu julgas teu juiz!... Teu Deus condenas!

Ah! Castigai, Senhor, o mundo ingrato;
caiam-lhe as maldições, chovam-lhe as penas,
também eu morra, que também vos mato.
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“Poesias”; ed. Inocêncio da Silva
In “ A Paixão de Cristo na Poesia Portuguesa”
de António Salvado

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