- i, ai, ai!
- Que foi?
- Foi - que vou embora!
- P’ra onde, pode saber-se?
- Vou embora e pronto, ora!
- Ok…
- Só isso?
- Não disseste que ias embora e - pronto?!
- Sim, sim, mas esperava alguma coisa mais, como por exemplo: que não conseguias viver sem mim… sei lá… algo assim.
- Ah! Como nos filmes e novelas?
- Pois… talvez, sei lá!
- Bom, não sabes lá muito, não! Aconselho a que olhes bem à tua volta e entendas todo o bem que tens. Tens casa, roupa e cama lavada, comida fresca na mesa, tudo limpo à tua volta…
- Mas estou só… sem conversas… sem ninguém para falar de…
- Mas do quê queres tu falar agora, se nunca diriges a palavra a ninguém durante as visitas que tens, e que vão sendo cada vez mais distantes, lá isso…
- Vês…?! É mesmo disso que falo.
- Mas tu é que forçaste a esse isolamento. Todos se quiseram aproximar, convidaram para jogares, conversares, que sei eu mais o quê…!
- Eu não gostei de nada, apenas queria estar só. Essas conversas não me interessavam.
- Olha, sabes que mais?! Temos que conseguir entender os outros, as suas preocupações, fraquezas e boas intenções. Dessa compreensão nasce harmonia, companhia e carinho, dedicação ao próximo…
- Será, será!
- Mas não será tarde para tentares agora tu aproximares-te dos outros…