ia de hoje.
Posso pensar, ver, falar, mexer-me e perceber tudo à minha volta.
Tenho a bênção da vida em mim.
Tenho tarefas a executar e apenas tenho que me dirigir a outros lugares em diferentes horários para as realizar o melhor que sei e consigo.
À semelhança de outros dias devo encontrar as mesmas pessoas e dialogar com elas de modo livre, sem ser acusada politicamente disto ou daquilo.
Tenho possibilidades de ir comprar comida, cozinhá-la, mastigá-la e digeri-la sozinha, sem auxílio de tubos nem máquinas.
Tenho possibilidade de me alegrar ou não ao longo do dia.
Tenho possibilidade de, voluntariamente, ajudar este ou aquele a atravessar a rua, ajudar a equilibrar-se sem cair no seu percurso, distraí-lo, melhorar o seu dia e dores.
Tenho capacidade para observar os pássaros, as flores, passar por um jardim e caminhar livremente, se bem que com precaução para não ser assaltada.
Não tenho dinheiro para gastar em qualquer coisa, nem saúde para esbanjar em esforços inúteis.
Mas mexo-me, mesmo com dores, e posso ter alguma comida em prato limpo.
Posso lavar-me e vestir-me, sem ser à moda, mas com simplicidade.
Tenho trabalho precário, mas trabalho que não escraviza.
Sou feliz!