Da inactividade
Há dias que nem conseguimos levantar da cama. O despertador toca… e repete a toada… e nós – nada!
É um torpor? É não querer sair da cama? É do quentinho? Ou, simplesmente, as forças para um novo dia não estão assim tão disponíveis quanto seria de esperar?
Algo acontece nessa altura e tem relação com a saúde, seja a saúde física ou a mental.
Porque se estamos saudáveis o descanso é, essencialmente, para refazer as forças necessárias para o trabalho.
Por muito que alguns se admirem, somos seres trabalhadores de modo inato. A falta de trabalho, assim como o excesso, é doentia.
Por isso muitos dos que estão inactivos por desemprego, falência, reformas e pré-reformas, etc., rapidamente encontram actividades em que se podem dedicar laboriosamente.
Hoje há imensos que se dedicam ao trabalho voluntário em instituições que os valorizam e então a troca emocional que se dá é equilibrada. Uns precisam de ajudantes de boa vontade, outros gostam de ajudar e sentir-se úteis.
O físico e o sistema mental entreajudam a duplicidade de emoções e os objectivos de utilidade humanitária.
Numa época em que tanto se fala de individualismo como de humanitarismo há um tempo de enaltecimento do trabalho honesto.
Curiosamente é também uma época em que tanto se fala de exigências, de condições excepcionais no trabalho, como se fala de inactividade. As exigências, caprichos e corrupção continuam presentes em todo o lado.
Curioso é observar, igualmente, que a exigência que enaltece o indivíduo é, afinal, a exigência moral e o trabalho deve ser feito e organizado com brio moral e material interligando o indivíduo e a sociedade.
- Sem aniquilar nenhum deles, não é?
- Evidentemente, há que encontrar as condições úteis para ambas as partes.
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Disse Machado de Assis: O tempo é um químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais !
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