Da célula ao pastel de nata
-
udo o que nos rodeia brilha.
- Como assim?
- Tudo tem um brilho próprio, uma luz lá dentro.
- Coitado! Então as pedras brilham lá dentro? As baratas e as lesmas brilham? O seu rasto, talvez…
- Digo-te que tudo brilha, uns mais do que outros.
- E já agora dizes isso porque…?
- Porque descobri que todos temos a mesma origem, a de um ser criador de tudo, de tudo no Universo.
- Ahh! Mas o tal brilho…
- É o dessa origem divina, que provê a evolução de tudo, do inerte ao mais vivo, mexido e rebelde, da molécula ao ser mais complexo.
- Mas a molécula já é complexa. Se vais por aí deixa-me dizer-te que a célula mais simples contém um mundo de memórias e interacções que ainda não decifrámos, nem pouco mais ou menos.
- Estás a deixar uma origem superior fora dessa complexidade.
- Cada um atrai ou deixa o que muito bem entende, até o que ignora.
- Ou seja, a cada um a sua verdade?
- Nem mais! Ora, um café e um nata se faz favor. Sabes que está votado que este pedido é o mais nacionalista possível?
- Já não é o bacalhau?
- Digo-te que tudo é composto de mudança, da célula ao pastel de nata.
