Mundos
- emora, oh, se demora!
- O quê?
- Demora sentir um paraíso dentro de nós.
- Isso não é o apaixonar-se?
- Não exactamente. É um sentir benéfico, um sentir de que tudo está bem, seja o que for.
- Queres dizer que para tudo há uma razão?
- Pois, mas também que se aceita o exterior, seja este qual for. E que esse exterior não colide com o interior, ou o íntimo, porque está acima de qualquer conjuntura. Bem acima!
- Paira o indivíduo nas nuvens, é isso?
- De certo modo é isso mesmo. Chega-se ao entendimento de mundos variados em que a realidade de um pode não ter nada em comum com a de outro. Chega-se ao entendimento em que o que interessa são os sentimentos mais verdadeiros, ou seja, os que persistem em todos os mundos do mesmo modo.
- Estás a falar de medos, tristezas, alegrias…
- Estou a referir-me a sentimentos que, de tão elevados, atingem a pureza que permite subsistirem em qualquer lugar, em todo o tempo que a imaginação possa tornar real.
- Estás a falar agora dos sonhos, não é? Os sonhos que quem sonha faz o mundo pular e avançar…
- Disse o poeta!