Viver a vida
m dia destes passei por uma escola primária e ouvi os gritinhos e risos das crianças nas suas brincadeiras de recreio, ou intervalo, como agora se diz.
Pareceu-me uma eternidade o relembrar o tempo em que também fui assim.
Nem me parecia ser da minha vida, a minha infância pareceu-me irreal – completamente.
Depois horrorizei-me, pois como podia suceder tal coisa, se minha infância foi feliz e tão cheia de boas recordações?!
Mas continuava longe… longe…
A vida dá tanta volta, parece que pode destruir tudo o que melhor existe de nós.
Por outro lado, também se pode colocar a hipótese de ter sido eu a relaxar as boas lembranças, dirigindo a minha atenção para os problemas que vão surgindo e suas possíveis soluções…
Olhando para trás, não foi apenas na infância que aconteceram alegrias. Pela vida fora houve muitas ocasiões de felicidade.
E, ainda hoje, a felicidade me rodeia, sobretudo se lhe der forças para tal.
Por isso, talvez a infância e os outros tempos de felicidade tenham ficado longe porque não lhes dei atenção suficiente para os ter sempre à mão nas minhas memórias mais frequentes…
Talvez ainda consiga inverter a posição das coisas e pensar mais no melhor e menos no pior, ou no mais problemático, de cada dia...
Talvez consiga ainda dar mais força à felicidade do que ao resto que vai aparecendo…
Talvez a minha família mais íntima e eu mereçamos mais oportunidades de desfrutar, com toda a energia que lhe possa dar, a vida que temos.
Talvez possamos todos sorrir mais, gritar, mesmo, de alegria genuína.
Ou seja, ser capaz de manter a alegria simples da infância nas coisas simples e que estão em nosso redor.
Ser capaz de ver e sentir todas essas pequeninas coisas boas que perfazem igualmente a nossa vida.
- Ora, mas isso é viver a vida!