Yá
- Oi!
- Olá, ‘tás bom?
- Ya!
- ‘deus!
- Ya!
- Estás a ver, mulher? É assim que agora se falam, não se falando…
- E não dizes tu que o silêncio é de ouro?
- Pois claro que não, é um ditado popular que o diz. Eu apenas o aceito…
- Pois, pois. Mas esse ditado também diz que a palavra é de prata.
- E então? Ouro é mais forte, ou agora já não é?
- O ouro é mais valioso para os homens, mas a prata sempre foi o mais nobre.
- Essa é boa, ela até embaça! Mas o ouro mantém-se sempre inalterável, reconhecível…
- Ora! A prata não altera os ânimos a não ser para melhor e se precisa que lhe dêem brilho não vem daí mal algum, porque o trabalho dignifica.
- Realmente…
- O quê?
- Espanto-me sempre como é possível arranjar sempre outra visão das coisas. Tudo é simples até chegar uma mulher…
- O quê?
- É, é!
- Mas…
- Olha, vamos festejar!
- Festejar o quê?
- A diferença de opiniões.
- Mudaste a tua?
- Que ideia! Conversando contigo gosto sempre mais da minha primeira opinião.
- Fico indecisa se isso é falta de humildade, teimosia ou personalidade conservadora.
- Pelo menos eu não tenho tantas dúvidas. Olhe, faz favor, pode ser essa azevia ali? E tu?
- Já mudaste de assunto!
- Mudei nada, não falavas das palavras e da nobreza da prata? Eu lembrei-me do meu estômago, pedir e pagar por ele. Que há de errado?
- Perfeitamente. Concordo!
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Disse Dennis Roch: Se precisa de muitas palavras para dizer o que pensa, pense mais um pouco !
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