E se a vida fosse uma miragem?
E se a vida fosse uma miragem?
E se tudo o que víssemos, ouvíssemos e sentíssemos fossem oportunidades para refazer algo que devesse ser refeito porque, algures no tempo, algo semelhante ficou mal feito?
- E se a vida fosse uma ilusão? Já agora!
- Precisamente!
- Hã? Isso é para levar a sério ou estás a brincar?
- Estou a colocar-te uma hipótese. Supõe que todos os problemas que tens são problemas, sim, mas para serem resolvidos exemplarmente e não para te sentires atormentada, menos ainda tolhida de aflição.
- Mas isso é inevitável, senão em vez de problemas eram ocasiões de relaxe e prazer.
- Sim e não. Os problemas são para resolver, com certeza. Mas são para resolver tentando, o melhor possível com o melhor de nós, para a sua solução. Mesmo que isso signifique o caminho mais longo ou penoso.
- Que queres dizer, exactamente? Eu tenho sido honesta e resolvido tudo da melhor maneira que sei.
- Sem dúvida, mas o quero dizer é que devemos ser honestos, honestíssimos e, mais ainda, devemos lembrar-nos com benevolência de quem, por vezes, provoca os nossos problemas e das suas razões…
- Mesmo que essas razões sejam obtusas?
- Mesmo que sejam obtusas, porque isso quer dizer que estão condicionados, de algum modo, a não perceberem a realidade das situações e engendram outras situações que não existem. Ou porque desejariam que assim fosse ou porque pretendem ter poderes para mudarem o que julgam errado, no seu pobre entendimento das coisas.
- Há desses?
- São os que se acham acima dos outros em conhecimentos, sejam estes a dar-lhes superioridade entre a família, no grupo social em que se inserem, na política ou em comunidades ligadas ao desenvolvimento moral-espiritual.
- E não são?
- Quando são verdadeiramente superiores são humildes e essa superioridade expande-se no seu exemplo de comportamento pessoal, sem alarido nem publicidade.
- E até lá?
- Até lá, nada! Todos temos consciência que nos dá sinal quando vamos por caminhos errados e todos nos interligamos, influenciando-nos mutuamente. Há que ter cuidado com a nossa individualidade e seguir bons exemplos. E evitar seguir pessoas ou pretender afirmar a nossa vontade nos outros, nas suas vidas e opções.
- Mesmo que essas opções nos pareçam erradas ou perigosas?
- Aí podemos falar, e até insistir uma ou outra vez, para termos a certeza que fomos entendidos em notar outro ponto de vista na análise da situação. Mas a decisão cabe sempre ao interessado.
- Isso se o interessado estiver lúcido, se não for criança, nem demente, nem viciado, naquela altura dos acontecimentos e decisões!
- Evidentemente que há os casos excepcionais, mas não transformemos todos os que não têm a nossa opinião em incapazes.
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Disse Hernâni Guimarães Andrade: As opiniões são como os narizes. Todos temos um, mas ninguém tem o direito de esmurrar o nariz alheio !
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