Escolhas
Ouve-se água a pingar e a correr devagar.
Ouvem-se pássaros de diferente chilrear.
Ouve-se ruído perto e música longe.
Contudo, o certo seria o contrário porque o ruído está longe e a música está a tocar na mesma sala onde nos encontramos a conversar.
- Isso depende da atenção, que seleccionou o ruído – talvez pelo incómodo que provoca – em vez da música.
- Mas, não deveria ser ao contrário? Isto é, seleccionar o mais agradável?
- Na maioria das vezes sim, mas outras vezes a desarmonia interior junta-se à exterior. Ruído é sempre ruído e, portanto, ou se menospreza a sua intervenção, por instinto, ou mudamos de sítio à procura de outro mais sossegado ou permitimos a sua influência.
- Pois, todo indivíduo procura o bem-estar!
- Seja de que espécie seja, até a mais simples planta procura – vira-se ou inclina-se – ao melhor desenvolvimento, ou ao bem-estar.
- Então, porque alguns teimam em fazer o que está errado? Porque alguns começam com hábitos e vícios que, primeiramente, até incomodam.
- Às vezes é simplesmente para ter a companhia deste ou daquele. Simplesmente para não ficar isolado do grupo que admira ou do qual faz parte. Outras vezes é por tontice contra si mesmo – não quer pensar ou não adquiriu o hábito de analisar e escolher o melhor para si próprio.
- Que pena!
- Escolher com lucidez dá mais trabalho do que deixar-se levar...
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Disse André Compte-Sponville: A sabedoria aponta para uma direcção: a do máximo de felicidade no máximo de lucidez !
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