Hábitos
Os animais estão pela casa, porque eram bem-vindos e não havia razão para ali não estarem. Nem sequer havia mais ninguém.
Eles cuidavam dele e ele deles. Raças diferentes ali conviviam em harmonia.
Diria que viviam até com alguma promiscuidade, porque ocupavam todos os sítios sem qualquer restrição.
Até dentro da cama podiam acomodar-se. Enfim, hábitos que remontam ao berço da humanidade e que têm continuado um pouco por cada povo, cada indivíduo – este misturar íntimo de pessoas e animais.
Uma porta dava para a escada amarela e daí podia subir-se mais e mais até chegar ao terraço, virado para o céu – parecia-lhe o topo do mundo.
Flores, pássaros e outros que tais andavam por ali, à volta dele.
- Não era ele?
- Era, mas agora é também outra pessoa.
- Ahh!
- Lá em cima corria um ar fresco, finalmente.
- E ele?
- Ele continuava sozinho naquela casa cheia de animais.
- E plantas!
- Sim, sim!
- Se fosse uma quinta, todos tinham espaço livre.
- Pois, mas não é. E isso restringe as coisas.
- E o outro ele?
- Esse está livre destes pormenores.
- Pormenores?
- Sim, onde esse está, espaço não falta!
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Imagem retirada da net
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Disse Pe. António Vieira: Seja o futuro emenda do passado, e o que há-de ser, satisfação do que foi !
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