Transparentes
Uma luz esbranquiçada ilumina uma sala enorme.
Poderia ser um salão se não tivesse tantas divisórias a formar recantos.
A luz encandeia e, no entanto, é fraca. O brilho deve ser dos reflexos que faz contra as paredes e chão brancos.
Dá vontade de fechar os olhos, mas queremos, todos, estar atentos à conversa que se vai desenrolando.
Os temas, de tão generalistas, não são nenhuns.
Mas alguns falam sem parar. Parece, até, que nem precisam respirar.
Alguns dos que ouvem preguiçam e bocejam.
- Tudo isso é banal!
- Talvez. O engraçado é que eles vão ficando transparentes, conforme o tempo de conversa se vai alongando.
- Transparentes? Mas quem são eles?
- São gente como nós.
- Então?
- Nada! Vão ficando cada vez mais transparentes e por fim desaparecem. Mas, nos lugares ou cadeiras que ocupavam, fica a sua presença inconfundível. Algo que os identifica, e que eles identificarão quando voltarem à sua forma mais densa; algo como um perfume, uma gravata, uma pulseira… Assim!
- Humm…
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