Pena e tristeza
Sentaram-no num cadeirão e ataram-lhe as mãos com braçadeiras ligadas a máquinas.
Da cabeça pesquisaram os pensamentos – os de antes, os de hoje… – sobre assuntos diversos, conforme lhes apeteceu.
Ele, como não sabia que fazer – rezou!
Rezou com todas as suas forças e o tempo todo que durou aquele interrogatório.
Pareceu-lhe reconhecer, pela figura, quem o pôs no cadeirão e amarrou.
Era o vulto de dois homens, de cara meio tapada que se mostravam com aparência malhada, nas cores de preto e cinza.
Nada ali tinha cores claras e menos aparecia, ainda, o branco.
No entanto, não lhe pareceram tenebrosos, antes autómatos a mando de outrem.
Não foram brutos nem delicados – foram decididos e tudo fizeram como se estivessem bem habituados a tarefas destas.
Deu-lhe pena e tristeza. Tão baixo as pessoas descem com os seus pensares e atitudes. São, geralmente, problemas de vaidades não tratadas, vãs e reles, que submetem, quem as serve, a qualquer coisa.
Porque era disso que se tratava – de poder, ou não, viver a vida de modo mais digno e o porquê dessa escolha.
Por outro lado, percebeu que ele próprio era nada de forças para aqueles vultos, mas honesto nas suas atitudes humildemente correctas.
- Ora, está aí a diferença de tudo isso!
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Imagem retirada da net
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Disse Ezra Pound: Não há maldição maior que uma ideia propagada através da violência !
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