Memórias
Corredores e corredores. E corredores e mais corredores.
Seguiram juntos formando um bloco compacto.
Os cortinados esvoaçavam das portas abertas.
A luminosidade era verde-esmeralda e muito agradável.
Os corredores, se bem que longos, eram fáceis e agradáveis de percorrer.
De repente o grupo abranda e acaba por parar.
A pessoa que está no meio chora, chora copiosamente.
Os outros tentam perceber o que é para ajudar. Nada, só chora…
Redobram os cuidados porque mesmo sem falarem, todos percebem que aquela formatura e aquele sítio lhe lembrava algo muito antigo e recordações muito penosas.
Vão tentando explicar que já tinha acontecido a todos algo semelhante e que essas lembranças eram simplesmente para isso mesmo – lembrar.
Tão-somente lembrar no sentido contrário ao esquecer.
Não era para ficar a chorar-se, nem sequer para reconstruir as lembranças.
Era para lembrar e não mais fazer os erros de outrora.
Erros e situações dramáticas eram para não ser repetidas, nem sequer por lembrança reconstituída.
Deveria fazer das lembranças uns marcos de informação – boa ou má – mas simplesmente sinais.
- Isso deve ser difícil e muito mais fácil dizer que fazer.
- Pois, sem dúvida. Mas o caminho de cada um faz-se a caminhar, não a ficar parado.
.
. .
.
.
Disse Ortega y Gasset: O importante é a lembrança dos erros, que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do homem são os seus erros, a larga experiência vital decantada por milénios, gota a gota !
.
.