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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

30
Abr09

Um gelado

eva

Um gelado de natas com triângulos azuis.
Triângulos azuis que estalam assim que são tocados.
Parecia uma nuvem e o céu – se a nuvem fosse rendilhada.
O gelado estava delicioso e o dia decorria lindo e calmo.
Estavam muitos ali em redor. Uns queriam ajudar; outros, nem tanto.
Mas ela lembrava-se das recomendações e não acredita em nada do que lhe dizem.
É tudo ilusão! Imagens colocadas especialmente para ela ver e acreditar.
Vendo aquilo tudo, sentia-se ainda mais isolada e angustiada. Desiludida, de tanto cinismo…
E seria cinismo? Cada um faz o que julga melhor.
Uns preocupam-se apenas consigo próprios, outros preocupam-se com todos.
Talvez não seja cinismo, mas a defesa de prioridades.
Desvelada, como é, por todos, causava-lhe impressão os que apenas descortinam os seus interesses em tudo o que os rodeia.
São como os olhos doentes que vêem um pouco do tudo que poderiam ver.
O gelado acabou. Afinal, feliz dela que via a vida com tal amplitude.
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Imagem retirada da net
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Disse  Jean-Paul Sartre:  O valor da vida não é outra coisa senão o sentido que tivermos escolhido !
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29
Abr09

Sei lá

eva

Quando ele passava, ficavam fitas de cores luminosas, na vertical, como que a subir do chão para o céu.
Não estavam pregadas ao chão, mas suspensas a pouco mais de um palmo.
Eram de várias cores, com predominância de azul, rosa e branco.
- Isso faz-me lembrar as roseiras que vi hoje, Eram lindas e estavam aparadas de modo a parecerem autênticos bouquets – ou em forma de chupa-chupa como dizem as crianças.
- Pois, mas aqui não são nem rosas nem roseiras. São o seu contorno, a sua sombra ou o seu rasto. E essa energia fica no ar, por onde passa, durante bastante tempo. É reconfortante e a natureza parece alinhar-se melhor à sua passagem. Até os bichinhos aparecem ao caminho. Mas ele não dá por nada…
- Pois eu só consigo pensar nas tais roseiras.
- E deixaste nelas algum traço da tua presença e dessa beleza que te contagiou?
- Sei lá!

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Imagem retirada da net

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Disse Oscar Wilde: Um homem que não pensa pela sua própria cabeça, pura e simplesmente não pensa !

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28
Abr09

Reencontros e esclarecimentos

eva

Cortinas brancas, janelas desafogadas para a rua. Muito ruído do trânsito na rua. Algumas (poucas) conversas se ouvem.
E flores, muitas flores. Tantas que parecem envolver as pessoas.
Parecem formar carreiros, conforme vão aparecendo.
Dão-se encontros entre quem não se via há muito tempo.
Esclarecem-se situações que tinham a ver com mal-entendidos e falta de conhecimento de certas coisas.
Comentam a morte e a vida. As vidas separadas e em conjunto.
Os que a morte reúne e os que a vida junta, em partilha de momentos, acontecimentos e bens.
Todos querem um lugar, o lugar que lhes pertence e as tarefas relacionadas.
Todos querem saber o que devem fazer, quando e como.
Os que sabem mais explicam aos que sabem menos.
Ao contrário da ignorância, o esclarecimento é uma luz no caminho de cada um.
- Eles reencontraram-se e esclareceram as desavenças, não foi?
- Foi! Tiveram uma intermediária que explicou tudo e agora, felizes, voltaram à sua casa para se despedirem.
Deixaram rosas cor-de-rosa e votos de felicidade, nas boas-vindas para os próximos habitantes.

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René Magritte - Infinita gratidão
Imagem retirada da net

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Disse  Agostinho da Silva:  Se fosse possível explicar-te tudo não precisarias de perceber nada !

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27
Abr09

O valor das coisas

eva

Ela chamava e chamava…
Tinham-lhe dado tanta coisa e ela não as conseguia usufruir.
Não lhes dava qualquer valor, quanto mais o valor que as coisas tinham.
Valor por si mesmas e valor para a vida dela.
Valor para o seu passado, presente e futuro.
E ela nem as valorizava. Até, muitas vezes pelo contrário, as desvalorizava ou sequer as via, ou percebia.
Enfim, a ignorância por um lado, a distracção por outro e aquela enorme desilusão que carregava não ajudavam à sua felicidade.
Porque temos sempre tudo o que é necessário para viver a vida que, de um modo ou de outro, merecemos viver.
Temos a dicotomia em nós – o querer e o não-querer, o saber e o não-saber, o poder e o não-poder, etc. etc.
No meio do seu clamor apareceu-lhe uma flor.
Ela esperou um pouco. E voltou ao clamor, mas mais pausadamente.
Porque clamava para acalmar a desilusão de si mesma.
A flor começou a desabrochar e ouviu que poderia querer mais consolar que ser consolada, compreender mais que ser compreendida.
Lembrou a Madre Teresa de Calcutá. E calou.

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Imagem retirada da net

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Disse Jean Rostand: É raro que estejamos completamente inocentes dos nossos sofrimentos !

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26
Abr09

Manuel Alegre # As Mãos

eva
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Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
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de Manuel Alegre
in "O Canto e as Armas"
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Disse  Manuel Alegre:  À sombra de uma azinheira há sempre sombra para mais um !

 
25
Abr09

Ofuscamento

eva

O Sol ofusca a estas horas do meio-do-dia. Nem se consegue perceber onde está o caminho.
Geralmente segue-se pelo meio, esperando que seja assim o correcto.
No ar desenham-se personagens e cenas de banda desenhada.
Umas são cómicas, outras inaceitáveis.
Há ideias que não deveriam ser pensadas, nem sequer formuladas. Porque há o risco de se criar um ideário indesejável e que seja necessário estar sempre a afastar.
- Às vezes, as ideias parece que são plantadas e não se conseguem demover. Tornam-se fixas.
- Afastar – não será o termo, apesar de ser esse o resultado. A metodologia é, mais uma vez, a transferência do pensamento. Sempre, tentar focar a mente no que é mais positivo e construtivo. Mas também tens razão, às vezes aparecem ideias plantadas, ou semeadas e que deixámos, por incúria ou ignorância, que se fixem e desenvolvam até dar fruto. Quanto mais rápido se identificam e transferem para ideários paralelos e construtivos, mais fácil é enfrentar a vida e os significados que trazem para o nosso dia-a-dia.

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Imagem retirada da net
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Disse Luigi Pirandello: Assim como existem os filhos ilegítimos, existem também os pensamentos bastardos !
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24
Abr09

Paciências

eva

Toca o telefone mas quem está a conduzir não deve atender enquanto não instalar o sistema mãos-livres.
E afinal até era importante, mas pronto, já passou a oportunidade. Paciência!
- Onde a foste buscar?
- O quê ou quem?
- À paciência!
- Estou a reeducar-me e essa era uma falha grave.
- Já não é?
- Ahh! Enfim, vai sendo menos falha e mais progresso, mas acho que ninguém nota… Agora, estou a tentar focar as luzes. Ora são amarelas, ora brancas, ora castanhas. Vão rodopiando até se instalarem nos lugares certos. Desses pontos lançam brilhos em círculos ou rectas.
- Grande coisa! São lasers.
- Não são, não. E por isso é que são diferentes, sobretudo quando iluminam as pessoas.
- Oh!
- Oh, não! Não percebes que as iluminam por fora e por dentro. Ficam, digamos, transparentes.
- Isso não é possível.
- Ai é, sim senhor. Lá porque não as percebes…
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Imagem retirada da net

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Disse  Ortega y Gasset:  Surpreender-se, estranhar, é começar a entender !
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23
Abr09

A porta fechada

eva

Recibos e talões. Assinaturas e códigos. Trabalho e repartições.
Para muitos resume-se assim a vidinha, sem a mínima noção do que a vida é para a maioria das pessoas.
Para uns há a importância acrescida de uma família.
Para outros há casas vazias para passarem os seus dias.
- Ela encontrou a senhora da escada. Aquela que estava sentada nos degraus à espera dela. E depois de conversarem um pouco foram subindo, juntas, os degraus que faltavam subir na escada. A senhora abriu a porta que esteve fechada até agora.
- Onde vai dar?
- Não sei, não se consegue perceber. Mas parece-me que é para o exterior, a céu aberto.
Ela, a mais nova, levava a esperança de ser livre.
- Livre de quê? Não estava presa, pois não?
- Isso não sei. Apenas sei que se animou um pouco. Tem estado sempre tão triste a chorar pelos cantos.
- É da cabeça, não é?
- Sim, não lhe dá para mais.
- E não pode melhorar?
- Bem, ela sente a esperança e identifica o seu significado na reconstrução da sua personalidade e sabe que quem tem esperança segue sempre em frente…
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René Magritte - O território
Imagem retirada da net
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Disse  Camilo Castelo Branco:  A verdade é às vezes mais inverosímil que a ficção !
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22
Abr09

Percursos sinuosos

eva

Percursos mais ou menos sinuosos – é o que todos temos que percorrer em nossas vidas.
- E daí?
- Nada, estava a pensar alto…
- Humm… humm…
- Humm, o quê?
- Nada, também. E agora que equilibramos esta conversação tão especial vamos ao que interessa.
- Ou seja?
- Ou seja, vai haver mau tempo ou bom tempo?
- Para que te interessa isso?
- Para saber se vou de férias ou se fico em casa.
- Fica em casa! É mais barato e estás mais à vontade com os tempos.
- Mas apetece-me ao contrário, sair e variar de paisagem.
- Ohh!
- Estás a ver aquela livraria e aqueles a descarregar coisas para lá? E vês quem está atrás do balcão? E já viste onde está o resto da família e os amigos? E já viste, também, como os amigos se riem de nada, simplesmente vão andando, observando e rindo baixinho? E já percebeste que tanto lhes faz o que seja, triste ou alegre, estão sempre divertidos? E viste que o mais moço é justamente o que preza mais a sua dignidade e apela para a clarificação das situações? E que aos outros, todos, é indiferente o que seja, pois ora se escondem ora riem cara-a-cara?
- Pára! Como posso responder a tudo isso?
- Dizes que sim!

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Joan Miró
Imagem retirada da net

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Disse  Tales de Mileto:  Muitas palavras não indicam necessariamente muita sabedoria !

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21
Abr09

Diferenças culturais

eva

Toques e melodias em flauta – de pan e pífaros.
São sons melodiosos ao ritmo oriental, e não ao ritmo sul-americano.
Apesar do instrumento ser o mesmo – flauta de pan – os sons que se ouvem não têm nada a ver
Enquanto uns apelam a danças leves e esvoaçantes, os outros são mais rápidos e alegres.
São ambos ritmos de grande beleza, de montanhas e serranias, e ambos têm, também, climas agrestes e difíceis e, no entanto, os sons que produzem são bastante diferentes.
Os hábitos e a roupa demonstram, igualmente, as diferenças culturais entre ambos.
Nós, na Europa, podemos anotar essas diferenças e aproveitar as suas culturas conjugando-as no mosaico europeu.
- Impossível, seria uma baralhada sem nexo.
- Agora! A cultura é precisamente o acumular de saberes, conhecendo-os e reconhecendo-os nas suas diferenças e semelhanças. Consegue-se criar, assim, um edifício de cultura apropriado ao saber do indivíduo.
- Então, não ocupa mesmo lugar?
- Não, a cultura, como as virtudes, pode sempre ampliar-se sem perder nada e ainda engrandecendo-se.

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Preparando um chimarrão
Imagem retirada da net

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Disse  Selma Lagerlöf:  A cultura é tudo o que resta depois de se ter esquecido tudo o que se aprendeu !

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