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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

28
Fev09

Pena e tristeza

eva

Sentaram-no num cadeirão e ataram-lhe as mãos com braçadeiras ligadas a máquinas.
Da cabeça pesquisaram os pensamentos – os de antes, os de hoje… – sobre assuntos diversos, conforme lhes apeteceu.
Ele, como não sabia que fazer – rezou!
Rezou com todas as suas forças e o tempo todo que durou aquele interrogatório.
Pareceu-lhe reconhecer, pela figura, quem o pôs no cadeirão e amarrou.
Era o vulto de dois homens, de cara meio tapada que se mostravam com aparência malhada, nas cores de preto e cinza.
Nada ali tinha cores claras e menos aparecia, ainda, o branco.
No entanto, não lhe pareceram tenebrosos, antes autómatos a mando de outrem.
Não foram brutos nem delicados – foram decididos e tudo fizeram como se estivessem bem habituados a tarefas destas.
Deu-lhe pena e tristeza. Tão baixo as pessoas descem com os seus pensares e atitudes. São, geralmente, problemas de vaidades não tratadas, vãs e reles, que submetem, quem as serve, a qualquer coisa.
Porque era disso que se tratava – de poder, ou não, viver a vida de modo mais digno e o porquê dessa escolha.
Por outro lado, percebeu que ele próprio era nada de forças para aqueles vultos, mas honesto nas suas atitudes humildemente correctas.
- Ora, está aí a diferença de tudo isso!

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Fotograma de "As Asas do Desejo" de Wim Wenders
Imagem retirada da net

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Disse  Ezra Pound:  Não há maldição maior que uma ideia propagada através da violência !
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27
Fev09

Da terra ao céu

eva

Cantarei, cantarás… – diz o estribilho de uma canção.
Diz que cantar faz bem, afugenta os medos, o cansaço, que anima o dia e a vontade de superar as dificuldades da vida.
A música é essencial para muitos e desnecessária para outros tantos.
A fala, a expansão falada é sinal de evolução do Homem, e quanto mais rico é o seu vocabulário ou linguagem, mais progresso pode ser.
A música é sintoma de sensibilidade – é beleza em som.
Outras formas de arte também encantam uns e outros nem as vêem.
A sensibilidade pode ser educada e a cada um cabe o seu apuramento.
E quando se fazem as coisas com carinho e dedicação, toda atitude pode ser uma demonstração de arte e sensibilidade.
Do abraço amigo à escultura, da escolha de roupas e cores à pintura, da decoração à musica ambiente, do poema ao discurso, do bolo à culinária, da feitura de um pormenor à arquitectura.
Aliás, da terra ao céu pode ir a Humanidade.

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Alfred Gockel - O princípio do Amor & Música
Imagem retirada da net

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Disse  Arthur Schopenhauer:  A arte é uma flor nascida no caminho da nossa vida, e que se desenvolve para suavizá-la !
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26
Fev09

Estrelas

eva

Estrelas e constelações de todas as cores, e não brancas como habitualmente as vemos no céu escuro e estrelado da noite.
Voamos todos e todos queremos agarrá-las – tocá-las – sentir o seu brilho e luz em nós.
Temos a ideia que isso é possível e que seríamos mais felizes se conseguíssemos sentir em nós essas cores radiosas.
Alguém nos adverte que tal não é possível, que cada um é livre de conseguir para si a luz que pretende alcançar.
E ainda nos adverte que, uma vez conseguida, essa luz não serve para outro chegar e ficar com ela.
Não! A luz é intrínseca a cada um, é conseguida com muita abnegação e amor; pode iluminar tudo à sua volta e tornar-se pretendida por outros que não a têm, porque o que é admirado é também muitas vezes cobiçado.
Porém, essa luz, que tanto queríamos sentir, pode ser alcançada por todos, e até aqueles que hoje estão distraídos ou angustiados a poderão alcançar um dia.
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Fotografia do telescópio espacial Hubble
Imagem retirada da net
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Disse Edith Wharton: Há duas maneiras de espalhar a luz: ser a vela, ou o espelho que a reflecte !
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25
Fev09

Querer

eva

Barulho de cadeiras a serem mexidas, na sala grande.
Perturbação geral, e o silêncio que se conseguira era agora ruído e estardalhaço.
Porquê? Ninguém sabia explicar.
Era assim constantemente. Assim que eles conseguiam atingir a concentração em determinado objectivo, por altruísta que este fosse, vinha, em seguida, um não sei o quê desconcentrá-los.
Só um ou outro continuava, persistentemente, atentamente parado.
O objectivo, ali, era apaziguar a mente, pensando em valores construtivos e tudo o que fosse agradavelmente calmo.
Podia ser dirigir atenção para as cores, ou para a música que soava baixinho, ou para paisagens amenas da natureza, etc.
Depois daquela hora (ou duas) saíam todos muito calmos e bem-dispostos, com a impressão de ter concluído um dever bem cumprido.
- E fizeram os tais deveres?
- Uns fizeram o que deviam, outros não conseguiram ainda. É uma questão de tempo, desde que a pessoa esteja decidida, pois o seu projecto depende de si mesma.
- Não tem gastos, pois não?
- Não! Pode fazer-se o mesmo individualmente, em casa, no jardim, na praia ou onde quiser. A questão é querer e decidir de si para si.

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Richard Earl Thompson - Concentração
Imagem retirada da net

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Disse Max Weber: O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível !

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24
Fev09

Ignorância

eva

Caras, rostos – qual é a diferença? O que se vê são caras, como as das máscaras ou das estátuas – e o desenho do pormenor é um pouco esbatido.
Não se percebe quem são, apenas se são de homem ou de mulher.
Estão ali, sem vida e, no entanto, observam-nos com atenção os movimentos.
Ultrapassando-as, encontramos… nada!
Apenas colorações de céu, ou melhor, vemos somente uma espécie de nuvem, ou nevoeiro, sei lá… algo assim.
- E depois?
- Depois aparece-nos uma fechadura enorme e branca, com a ranhura do fecho muito fina e na posição horizontal.
- E então?
- Então, a chave que alguém foi lá colocar era completamente cilíndrica e apesar disso rodou. Olha, rodou ou deslizou pela ranhura – nem se percebeu bem.
- E abriu?
- Abriu! Isto é, acho que sim.
- Mas abriu o quê?
- Sei lá!
- O que me parece é que não sabes muita coisa…
- Obrigada! Mas se calhar, é melhor não saber…
- Ihhh! Que dia!

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Wilmar Carrilho - Rostos
Imagem retirada da net

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Disse Galileu Galilei: Nunca encontrei uma pessoa tão ignorante que não pudesse ter aprendido algo com a sua ignorância !

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23
Fev09

Aprendizagem

eva

Um mar enorme à frente. Ou seja, um oceano!
A água entretanto abre, como se fosse uma porta, e no meio do azul cinza aquático, a dita porta abre um corredor largo e róseo – ou rosa com pinceladas azuis claras – e vamos, então, por aí.
Esse corredor leva à superfície onde as gaivotas passam e vão-nos içando a todos. Na viagem, pelos ares, em céu bem azul, as gaivotas são agora águias amistosas.
Cuidado que elas são carnívoras – diz alguém. Mas elas olham de modo meigo e confiamos nelas.
O seu voo é longínquo e quando chegámos, a aterragem foi à moda dos aviões nas pistas de aeroporto.
Estão outros à nossa espera para nos dar as boas vindas e guiar imediatamente para o vale do curso.
Outros mais estão sentados de pernas cruzadas, ou conforme podem. Encontramos alguns conhecidos e lá ficámos.
Estávamos num vale rodeado por serranias, de forma quase redonda, de terra vermelha e seca, como num deserto.
A vegetação é pouca mas há, logo ali, um lago lindíssimo.
- E, afinal, todos brilhámos iluminados pela luz do Sol poente, ou dos ensinamentos que iam sendo assimilados.

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Imagem da National Geographic
Imagem retirada da net

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Disse  Ortega y Gasset:  Sem missão não há homem !

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22
Fev09

Vida depois da vida no Budismo

eva

Quem nunca teve na vida um momento em que se apercebeu que cada dia a mais é um dia a menos? O tempo passa, sem nunca parar e a morte é a nossa única certeza.
No Oriente as pessoas, em vez de evitarem pensar na morte, preparavam-se para ela como o desportista para a competição ou o guerreiro para o combate. Era uma evidência que não suscitava nem medo nem esperança.
Embora ninguém possa negar a realidade da morte, no nosso mundo moderno é inconveniente falar dela, pensar nela, ou mesmo encarar a sua eventualidade. Tememos a morte. Não falamos dela senão indirectamente, e os próprios doentes muitas vezes não têm o direito de saber que estão condenados.
Todos sabemos o que nos espera, mas a morte enche-nos sempre de consternação. Para nós, é como se ela não fizesse parte da vida: preferimos ignorá-la. No entanto, morrer dignamente é pelo menos tão importante como viver com rectidão. E como podemos nós enfrentar uma coisa que passamos a vida a tentar ignorar? …………………………………………………………………
No que respeita à morte, como aliás a todas as fases da vida, o Budismo afirma justamente que os nossos actos determinam a natureza das nossas experiências e portanto, mesmo uma pessoa sem religião, que não seguiu nenhum treino espiritual particular, mas que viveu sem ódio nem rancor, sem fazer mal aos seres vivos e com um sentido dos valores humanos de solidariedade e de calor, que não tenha tido inimizades intensas nem preferências muito marcadas por certas pessoas, morrerá geralmente em paz, terá um bardo tranquilo e renascerá numa forma de existência superior.
O treino Budista de base leva-nos a respeitar esta lei da causalidade das nossas acções, incita-nos á prática da não-violência e ao desenvolvimento da compaixão, permitindo-nos ter uma morte serena, em paz com nós mesmos.
O praticante mais experimentado, que se tiver familiarizado com as fases de dissolução da consciência, poderá permanecer consciente em todas elas e levar consigo, para a próxima vida, a resultante das experiências e dos conhecimentos adquiridos nesta. Embora possa não ter recordações exactas de sítios e acontecimentos, terá uma predisposição para as atitudes positivas e aptidão para continuar o caminho espiritual iniciado numa vida anterior.
No que respeita aos grandes Mestres, seres cuja mestria do espírito é grande, eles podem pura e simplesmente nunca perder consciência e guardar intactas todas as aquisições e as experiências da vida que deixaram. Inúmeras histórias atestam esta capacidade, como por exemplo, aquela que aparece no filme Kundun, baseado na auto-biografia do Dalai Lama: quando era muito pequeno o actual Dalai Lama lembrava-se perfeitamente do sítio onde a sua anterior encarnação tinha guardado a dentadura postiça, um detalhe que todos desconheciam.
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Disse  Séneca:  Se é mesmo verdade o que os sábios nos dizem e se existe um lugar que nos acolhe depois da morte, talvez o amigo que acreditamos extinto nos tenha apenas precedido !
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21
Fev09

Reflexo de esperança

eva

Eles pensavam que estavam a viajar por túneis e túneis, todos cinzentos e encadeados uns nos outros.
Ela desembocou numa sala-berçário.
Os bebés e as crianças pequenas estavam – todos – ligados a máquinas.
Uns dormiam descansadamente, ao passo que outros se mexiam agitados e mostrando alguma inquietação.
Apareceu-lhe uma bebé, mais crescida, com uma manta, que deu para que a repartisse pelos bebés que pudessem ter frio.
E nos berços, enquanto elas iam passando para ver os mais friorentos, foram dando mantas iguais de cores diferentes.
Mais aconchegados já descansavam, então, por igual.
Ele estava espantado com aquilo tudo.
No exterior, estavam os pais.
A mulher ensinava as mães a tricotar e oferecia lãs para a feitura dos trabalhos.
Vendo este panorama, ele aproximou-se dos homens e ensinou-lhes a fazer pão com apenas alguma farinha e água, e deixando cozer ao natural.
A princípio indecisos e incrédulos, os pais foram deixando a sua ociosidade e logo traziam pães pequenos para as mulheres provarem.
Começava ali a formar-se uma união familiar e de trabalho mútuo.
Para trás ficava a desgraça da ociosidade e o desespero.
Nascia um reflexo de Esperança.

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Salvador Dali - Dois pedaços de pão expressando o sentimento de amor
Imagem retirada da net

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Disse  Emil Cioran:  A esperança é o fruto da paciência e da modéstia !
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20
Fev09

Uma gota no oceano

eva

Muitos rostos ansiosos se mostravam e muitos outros, numa multidão, esperavam quietos que alguém aparecesse junto da fileira cerrada de guardas.
Ela veio com um panelão de sopa – legumes cortados como caldo verde fino e ovos escalfados.
Ele trazia do seu pão e uma faca para o ir cortando em fatias.
Mas observando a multidão, cada vez maior, perceberam que os ovos seriam só para as crianças e os mais debilitados e que o pão seria em fatias mais finas, ou em pequenas porções, para chegar para todos.
Muito ordeiramente, da multidão, foram pegando na tigela e na fatia que lhes cabia em sorte.
Chegaram então outros junto aos guardas – uma que tem uma quinta trouxe mais ovos, outro mais legumes, outro chouriço e outra massa. Enfim, até parecia uma sopa-de-pedra e os ovos, agora, já davam para todos.
Para os que estavam mais longe arranjavam-se sandes com o pão e os ovos.
Para os que vinham em farrapos, ou até em tronco nu, arranjaram xailes de lã fina e macia.
Havia consolação em quem se alimentava e em quem dava do que tinha.
A felicidade pode ser por coisas tão simples como apenas as necessárias para sobreviver.

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Mestre de Alkmaar - Alimentando os famintos
Imagem retirada da net

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Disse  Ortega y Gasset:  Pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado !
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