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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

21
Jan09

O perdão dá paz?

eva

A fé é que nos move e sustenta nos piores momentos; o perdão dá paz ao nosso coração – é isso!
- E resume-se assim a vida de cada um?
- Sim, isto é, eu resumo assim. Não o pediste em meia dúzia de palavras?
- Pois…
- Sem fé a vida pode ser uma gastura ou um desespero. Acreditar que existe algo mais que isto que vemos, faz-nos pensar e compreender os nossos dias de outro modo. Se não acaba tudo num caixão e se não começa tudo num parto, então talvez tudo o que se relaciona connosco tenha um significado mais amplo do que aquele que habitualmente lhe damos.
- Se (continuamos nos ses) assim é, então a vida serve para progresso? Ou para regresso e então regresso a quê? Regresso para resolver assuntos pendentes? Mas as pessoas também serão outras, ou serão as mesmas com outros aspectos? Quando nos parece reconhecer alguém que nunca vimos antes – é apenas por ser parecido com outrem de agora, ou de tempos desconhecidos?
- Afinal, acreditas que a nossa memória por vezes recorre a paisagens e acontecimentos que têm a ver connosco, mas noutras alturas recuadas? E então faz o quê - delira, sonha ou lembra e resolve?
- Ohh! Isso traz uma responsabilidade enorme porque traduz uma espécie de círculo vicioso até resolvermos os nossos problemas.
- Talvez, mas todos os problemas serão menores se perdoarmos.
- Hã?
- O que são os problemas de cada um? São as doenças, ressentimentos, ofensas, etc. Ora, experimenta perdoar à doença e aliares-te a ela em processos de cura, ou aceitá-la. Experimenta perdoar a quem te chocou com suas atitudes ou ofendeu, porque todos somos apenas o melhor que podemos ser a cada momento. E coitado de quem não é melhor nem consegue viver em sã convivência. E, já agora, perdoa ao teu sentimento de ofendido, porque se ages correctamente és mais feliz que outro que ainda não o sabe fazer e melhor que ele estás em posição de o desculpar.
- E dizes que o perdão dá paz?
- Digo!

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Terrance McKillip - A Árvore da Vida
Imagem retirada da net
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Disse  Frei Paulo Sérgio de Souza:  Quem constrói dentro de si equilíbrio, tolerância, capacidade de perdão, será capaz de transferir para as pessoas essa paz e essa harmonia !

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20
Jan09

Pensamentos sombrios

eva

Pensamentos sombrios. Dias sombrios e frios de Inverno.
Vontade de comer e beber coisas bem quentes. Vontade de aconchego e quentura.
Vontade de Março e da Primavera.
De cabeça à roda, vê pessoas a observá-lo fixamente.
E vê cenas que desconhece e que não podem estar a acontecer, porque ele nunca faria nada daquilo, pelo contrário…
Ouve o chilrear dos pássaros pequenos e admira-se – como podem cantar com este mau tempo?
Depois percebe que é altura de chamarem uns pelos outros para recolherem, pois está a entardecer.
Entretanto recolhe ele uma lição: enquanto há fôlego, há vida e razão de viver.
Simplesmente isso!
Lembra-se das histórias de criança, lembra-se do tempo em que tinha genica para o frenesim do dia-a-dia.
Hoje, mais pensado e paciente, não sabe se tem mais receios ou mais coragem por tudo o mais que foi conhecendo em cada dia da sua vida.
O mundo que vê pela janela é o seu mundo. O outro mundo está nas notícias de todos os dias.
A casa está fria – será apenas o Inverno?
- Então já não te lembras que sim! Estamos no Inverno, pois! Mas não no Inverno da idade, apenas no Inverno das estações, o que dura três meses.

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Imagem retirada da net

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Disse  Cardeal Saliège:  Quando ficaremos velhos? Pergunta mal feita, que não tem resposta. Envelhecemos quando cessamos de progredir. Cada um que se interrogue !

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19
Jan09

Tudo o que desejava

eva

Ele sonhava e sorria a dormir. Sonhava que era feliz, que já tinha a sua nova casa – a casa dos seus sonhos.
Via o muro, o letreiro com o nome, as flores já plantadas e que apenas bordejavam os muros.
Também se via a trabalhar - entre o recortar das sebes e arbustos ou o arranjar dos telheiros de madeira para as sombras de Verão.
Enfim, tudo o que desejava, estava ali em sonhos, tão simples e tão difíceis de tornar realidade.
O despertador tocou em boa hora, porque sonhar o dia todo seria inútil.
Os sonhos e os bons desejos devem ser equilibrados senão os problemas de adaptação à realidade serão mais que muitos.
Os jovens que são habituados, pelos pais e amigos, a ter o que querem, do melhor e mais moderno, não lhes facilita a visão de que tudo deve ser equilibrado.
Que se deve ter o que se precisa e não ter por concorrência entre outros ou por gostos ambíguos.
As desadaptações, individuais e sociais, têm relação intrínseca com os hábitos e desejos desnecessários e viciosos que se vão alicerçando no quotidiano de cada um, perfazendo o seu tipo de vida.
- Ohh, eu também sou assim. Gosto tanto de ter tudo o que vejo e que acho bonito.
- Tudo?
- Tudo. Mas reconheço que nem vivendo o dobro eu conseguiria usar as coisas. É a superficialidade e o deslumbramento de cada um.
- E talvez os exageros por si mesmo…

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A Roda da Fortuna
Imagem retirada da net

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Disse  Antoine de Saint-Exupéry:  Onde os bens são em maior número, oferecem-se aos homens mais possibilidades de se enganarem quanto à natureza das suas alegrias !

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18
Jan09

Excerto da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro sobre a génese dos heterónimos

eva

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            Desde criança, tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar.
…………………………………………………………………….
            Esta tendência para criar em torno de mim um outro mundo, igual a este mas com outra gente, nunca me saiu da imaginação. Teve várias fases, entre as quais esta, sucedida já em maioridade. Ocorria-me um dito de espírito, absolutamente alheio, por um motivo ou outro, a quem eu sou, ou a quem eu suponho que sou. Dizia-o, imediatamente, espontaneamente, como sendo de certo amigo meu, cujo nome inventava, cuja história acrescentava, e cuja figura – cara, estatuto, traje e gesto – imediatamente eu via diante de mim. E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância, ouço, sinto, vejo. Repito: ouço, sinto, vejo… E tenho saudades deles.
………………………………………………………………………
            Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia irregularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)
            Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive. E tanto assim que, escritos que foram esses trinta e tantos poemas, imediatamente peguei noutro papel e escrevi, a fio, também, os seis poemas que constituem a Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa. Imediatamente e totalmente… Foi o regresso de Fernando Pessoa-Alberto Caeiro a Fernando Pessoa ele só. Ou melhor, foi a reacção de Fernando Pessoa contra a sai própria inexistência como Alberto Caeiro.
            Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo individuo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro de Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem.
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             Mais uns apontamentos nesta matéria… Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construí-lhes as idades e as vidas. Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e do mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma. Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1.30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso) não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro de Campos é alto (1,75 m de altura, mais dois cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos – o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de vago moreno mate; Campos, entre o branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem a Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.
Como escrevo em nome destes três? Caeiro, por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. (O meu semi-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas coisas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha, é igual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer «eu próprio» em vez de «eu mesmo», etc. Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis – ainda inédita – ou de Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea em verso.)
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in "Fernando Pessoa, Obra Poética e em Prosa",
ed. António Quadros. Porto, Lello & Irmão, 1986
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Disse  Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa):  Há mais eus do que eu mesmo !
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17
Jan09

O caminho e os passos

eva

Ela está a tremer – não sabe porquê.
Sente impressões na barriga – não sabe porquê.
Sente que os seus olhos não vêem, mas vê – não sabe porque lhe parece isso.
Está esquisita, como se fosse outra pessoa e ela ao mesmo tempo. Como se flutuasse e pensasse longe de si mesma.
Entretanto lembra-se do que ouviu dizer, a pessoas mais sabedoras destas e doutras coisas esquisitas.
E começa a falar para si mesma com calma, respirando pausadamente para se ajudar nessa, tão necessária, calma disciplinada.
Vai tentando concentrar-se em si mesma, onde está e o que está a fazer, a cada momento.
Ao mesmo tempo tenta lembrar-se de alguma oração ou ladainha ou mantra – enfim, algo que lhe entretenha os sons que ouve em si mesma.
Por fim vai recitando as palavras que lhe parecem úteis naquela ocasião, em voz baixa e pausada, como tantas vezes (oh! tantas!) viu ensinar outros e… consegue sentar-se, finalmente.
Treme, como se fosse gelatina, e aos poucos vai recuperando as forças.
Agora sobrevêm as tonturas e apetece-lhe deitar-se, porque lhe parece mais seguro.
Mas como chegar à cama? Pois é, lembra-se ainda – concentrar em um movimento de cada vez.
Lentamente levanta-se e vai indo, fazendo pelo caminho tudo o que vai lembrando como necessário e útil para si e para a família, de modo a ficar descansada nas horas seguintes.
Chegou à cama, agora é deitar-se e conseguir descansar.
- Que foi isso tudo?
- Uma crise que já soube ultrapassar com alguma naturalidade, porque é da sua natureza de ser. Crise ou modo de viver… - algo assim!

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Imagem retirada da net

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Disse  Buda:  Existe uma grande diferença entre saber o caminho, e andar o caminho !
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16
Jan09

Novas fórmulas?

eva

À entrada em oval, o chão está coberto de areia muito branca e fina.
A porta é enorme em largura e altura. Entramos.
O hall é enorme e a seguir entramos na sala de reuniões, onde está uma mesa oval ao meio, com algumas pessoas sentadas à sua volta.
São os mais antigos na Casa e os mais velhos – pois!
Em círculos mais pequenos e expostos segundo uma linha circular, bem ampla, à volta dos que estão na dita mesa, estão mais pessoas.
Estas são mais jovens e estão reunidas formando os tais círculos mais pequenos, por especialidades de trabalho.
Um desses círculos interrompe regularmente a linha circular para tratar de doentes – um de cada vez.
Há ainda outras pessoas que se vão alinhando, um pouco aleatoriamente, ao lado dos outros.
Muitos já sabem tudo sobre a sua profissão, outros estão aprendendo com todo o interesse.
É incrível a azáfama.
Uma sala que estava no rés-do-chão e, agora, se situa na cave, serve para a elaboração da primeira ficha dos que necessitam de tratamento.
Os tratamentos são tanto para as dores físicas como para as perturbações psíquicas.
E são estas as que perfazem o maior número.
Utiliza-se, ali, uma espécie de psicologia aplicada, mas activa e na inversa do que é comum ver-se em tratamentos com psicólogos.
Não é o paciente que fala, mas o especialista que lhe dirige as palavras certas, porque percebe a situação em termos globais e clínicos.
O paciente, ao perceber a sua situação com tanta clareza, provoca em si mesmo uma reacção de cura.
É-lhe dado o conhecimento adequado ao problema de modo a poder reflectir as atitudes certas para anular esse problema.
Paciente e especialista interagem com o problema e então sim, aquele é tratado e o problema resolvido por nova formulação de auto-mudança de hábitos depressivos e errados.
- Novas fórmulas para psicanálise?
- Não sei mais, porque saímos todos nessa altura. O que reparei foi na intensidade da vontade de trabalhar, de ajudar e querer ser ajudado.

 

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Disse  António Damásio:  Do meu ponto de vista, o que se passa é que alma e o espírito, em toda a sua dignidade e dimensão humana, são os estados complexos e únicos de um organismo !
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15
Jan09

A diferença

eva

Pobre mulher! Pobres filhos. Ela está louca e cada vez mais vive em fantasias, em fantasias de raptos e sofrimentos.
- Pobres de todos os que estão assim e não percebem. E olha que às vezes parece que, no mundo, estão todos loucos.
- Isso é verdade, há dias que… nem te digo nem te conto…
- Enquanto vão percebendo que são fantasias ainda estão sãos – razoavelmente.
- Sim, a maioria, porém, acha normalíssimas as atitudes que tomam e até se acham no direito de serem superiores aos outros, coitados, com quem lidam.
- Resta saber quem são os verdadeiros coitados…
- Também é verdade. Tanto sofrimento que poderiam evitar se percebessem que é ilusão.
- Mas não foste tu que disseste, algures, que tudo é ilusão?
- Eu e até os cientistas já dizem isso. Os filósofos disseram-no desde tempos imemoráveis.
- Então, não há grande diferença.
- A diferença está nos momentos em que o indivíduo percebe, com lucidez, que a fantasia que vive como realidade acabou, ou, pelo menos, interrompeu.
- Ahh! Deve ser como sonhar acordado e sentirmo-nos no sonho.
- Repito que a questão está no tempo em que se está lúcido para perceber a fantasia ou ilusão que vai vivendo.

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Imagem retirada da net

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Disse  Montaigne:  Se chamarmos de monstros ou milagres aquilo a que a nossa razão não consegue chegar, quanto disso se apresenta continuamente à nossa vista?

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14
Jan09

(Trans)lucidez

eva

As flores, as coisas - tudo é translúcido e parecem ser leves como se pudessem suspender-se no ar.
Só a água é igual à água que corre pelos regatos, mas completamente limpa de modo a poder ver-se o leito por onde corre, com toda a nitidez nos pormenores. Não sei onde é… é ali ou aqui…
- Agora olhe para mim e diga-me quem sou eu?
- (oh! não – outra vez isto?) …
- Porque fica sem falar quando me dirijo a si? Veja se entende que deve ser ao contrário. Agora é que deve falar e, nos delírios, pode calar-se que ninguém nota.
- …
- Pode sair e amanhã alguém deverá vir buscar o relatório para entregar ao seu médico assistente.
- (estarei livre?) …

- Com esse teu comportamento podem acusar-te de tudo, não percebes?
- (sim) ...
- Vê se te fazes compreender. Tenta explicar o que passas…
- (não fora esta exigência e viveria feliz) …
- Hã?
- …
- Vamos beber ali um chocolate quente, que hoje está frio ou, então, fui eu que arrefeci. Queres?
- (sim, ohh sim!) …
- Acho que esse gesto deve ser um sim.
Dois chocolates quentes, ou cacau, sim! Sim, sim bem quentes. Obrigada.
- Está bom?
- (feeeerve!) …
- Será que não consegues dizer nada que eu entenda? Gostaria que fosses feliz aqui.
- (feliz ou alegre?) …
- Bem, pareceu-me um sorriso. Seja um sorriso para ti e para mim. Um pequeno sorriso que seja para a vida já é um princípio de reacção para a felicidade.

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Disse  Carlo Dossi:  Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos !

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13
Jan09

Loucura(zitas)

eva

Estudo ou ensaio sobre a loucura.
- Mas, qual delas?
- Evidentemente que há muitas e cada vez mais são estudadas em pormenor.
- Então?
- Então há muitas loucuras que têm referências em lesões cerebrais e outras que não.
- Não?
- É o que te digo, há pessoas alucinadas que não apresentam lesões ou outro indicador nos exames que fazem.
- Bem, isso há sempre, mas são situações passageiras de cansaço, ou tristeza, ou alegria, etc., em que não se sabe bem o que se diz ou faz. Mas, no cômputo geral, a pessoa está bem.
- Pois não está, claro que não! E nem vou falar dos que se tornam violentos instantaneamente. Se não há loucura, seja em que grau seja, há no entanto perturbação psíquica.
- Mas, se vamos por aí, estamos todos afectados…
- Também não estou a falar dessa generalização. Estou a querer referir que há muitas loucurazitas que muito atrapalham os familiares e os ambientes de trabalho.
São os vícios particulares de quem ninguém fala, ou porque não querem ou porque não podem.
Estou a referir-me a perturbações como as depressões tão constantes que se tornam o estado normal da pessoa.
Estou a falar dos que têm ideias fixas contra si mesmos, contra os outros, e que tudo fazem para as conseguir realizar.
Também dos que se suicidam e ninguém desconfiou de tal intenção e nenhum médico soube sequer que o indivíduo existia porque não foi a nenhuma consulta.
- Em suma, estás a falar dos doentes com perturbações mentais conhecidas só por eles mesmos ou nos meios mais restritos.
- E dos que nem sabem que estão (ou são) doentes e das possibilidades de tratamento e de cura que já existem. O que dá pena é pensar que se tornam infelizes sem conseguirem lograr a tentativa de melhorar-se.

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Mitos - Juan O’Gorman
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Disse  António Damásio:  É uma emoção que nos faz sentir se determinada decisão é boa ou não !

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12
Jan09

No fim, talvez sejamos irmãos

eva

Hoje faz uma dúzia de dias do novo ano 2009.
- E depois?
- Depois, nada, lembrei-me da referência, tão-somente isso. Não é necessário querer encontrar uma legenda em tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos.
- Pois não, claro que não! Creio que faz parte da concentração às coisas que nos dedicamos. Ou por questões de estudo e investigação, ou por questões de defesa contra eventuais erros.
- Tudo isso está para cada um na medida que cada indivíduo possa tratar, ou abarcar. E a vida é para se desfrutar também, e utilizar os conhecimentos de modo descontraído não há-de lesar nada nem ninguém.
- Vês aquela ali, de casaco bem apertado?
- Sim, deve ser por causa do frio.
- Sim, sim, não é isso. Vi-a no outro dia ao pé da nascente do Lago.
- E…
- Estava com a água barrenta e cheia de lixo. Ela foi ficando e observando sempre a água…
- Deve ser dos ambientalistas.
- Não sei, ela ficou muito tempo ali, ora observava apenas, ora metia as mãos na água e verificava, novamente, como estava. Não saiu dali, sempre a falar sozinha ou para alguém que não se via em parte alguma.
- Devia ter auriculares…
- Talvez. Nem calculas o tempo que passou e a água foi ficando com menos lixo, e depois deixou de estar barrenta para se tornar, gradualmente, leve e cada vez mais cristalina.
- Bem te disse que devia estar a verificar qualquer coisa.
- Pois, isso estava. Mas sabes o que chamou a atenção – foi que ela e a água, a dada altura, ficaram juntas. Uma só!
- Foi naquele dia que saíste à rua com febre alta?

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Noah Sealth
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Disse Noah Sealth, chefe índio Seattle: O homem é apenas um fio da trama da vida. E o que lhe faz, fá-lo a si mesmo !

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