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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

30
Nov07

Preocupações

eva
Passeios de excursão escolar. Preocupação de mães, pais e avós.
Tantos acidentes, que aparecem na televisão ou nas notícias, não dão para descansar.
Por mais positivo que se queira ser, as dúvidas e incertezas são mais sentidas.
Às vezes dá impressão que a inconsciência, ou a loucura, saíu à rua em forma de condutor desnorteado.
É um dos problemas actuais, o individualismo exacerbado num mundo que gira à volta das pressas e da concorrência.
É necessário vigiar mais as emoções indisciplinadas e que só prejudicam, mais cedo ou mais tarde, quem as deixa fugir do controlo da vontade.
Vontade de bem fazer, vontade de se aperfeiçoar no trabalho ou na tarefa que desempenha.
Porque hoje são outros mas amanhã poderemos ser nós.
Porque à velocidade a que tudo acontece e decorre, não é possível evitar os problemas, apenas remediá-los.
No outro dia vi um rapazinho novo, cego e sem a noção de quem era sequer, acompanhado pela mãe para tratamentos de fisioterapia.
Um acidente do tempo e do espaço. Um instante que lhe marcou o futuro desta vida.
Seres humanos, tão inteligentes e tão insensatos, tomam a vida saudável como uma certeza.
Pensam que o amanhã é como o hoje, com gente querida à sua volta.
A solidão da velhice é uma probabilidade tão possível como o hoje estarmos vivos.
Pensar na vida que cada um tem e tentar melhorá-la é a atitude sã que cada um deve enaltecer. 
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 .
Andy Warhol
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29
Nov07

Os gatitos

eva
Buganvílias agitam as suas flores de papel ao sol e ao vento.
Os cães olham na direcção dos ramos, para os gatitos que passam a bom correr pelo parapeito, sempre de olho nos cães.
Estes saltam a boa altura mas não os conseguem alcançar.
É um frenesim que ainda dura bastante tempo.
As pessoas que passam, e que percebem, olham divertidas.
E os gatitos levam a dianteira, brincalhões e divertidos.
São dias de brincadeiras e movimentos rápidos em competição.
Conseguem agitar tudo e todos à sua volta.
Perante aquele rebuliço até os carros travam para não atropelar «aquilo» que passou a correr (ou a voar?), logo a seguir a uma curva bem apertada, naquele bairro tão sossegado.
Os mais velhos trazem os restos dos seus pratos para colocar no passeio e ficam a olhar a ninhada que come tudo num instante.
E lá vão eles pelos ramos, porque lá em cima estão os pássaros.
O pior é conseguir lá chegar e depois descer sem cair.
O melhor é ir pelos arbustos... que aqueles ramos picam que se fartam.
Na Primavera já vão estar bem crescidos se souberem defender-se até lá.
De repente aparece do nada uma névoa lilás, muito fina, como um véu, e envolve todos os gatitos da ninhada que estavam a descansar no muro.
E a seguir eles flutuam no ar ou nessa neblina.
A neblina é agora branca e depois transparente.
Quando ela desanuvia são os gatos que estão lilases, contornados num véu lilás.
E estão felizes como sempre. 
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Imagem retirada da net
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28
Nov07

Inverno

eva
Vento forte batendo nas faces. As mãos e as orelhas estão muito frias.
As pernas estão trôpegas e os passos são trémulos, apesar do apoio da bengala.
Mas ele não desiste. Nunca desistiu, sempre se atirou com toda a coragem ao que achava que deveria fazer ou porque lutar.
Cheio de ideias novas e de uma vontade indestrutível fez sempre frente a doenças, azares, horrores e a todas as incongruências de que foi vítima ao longo de tantos anos.
Ele era sempre o apontado quando algo corria mal e sempre o chamado para resolver os problemas.
Mas não era chamado para o premiarem ou sequer agradecerem.
Tinha aquele ar de ser diferente, um ser incómodo para a sociedade.
E isso fazia sentir medo. Medo de o colocar em altos postos, medo de lhe dar a importância que deveras merecia. Porque trabalhava bem e num estilo perfeccionista. O que ainda piorava as relações com os outros, os da grande mediania.
Um colosso de homem, agora vacilante quanto ao Inverno que se avizinha.
Não o Inverno da natureza, mas o Inverno da sua vida. 
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© Ryszard Lebmor
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27
Nov07

Mudanças

eva
Casas novas e pinturas.
As casas velhas também requerem pinturas.
Mas o cheiro da tinta no ar é diferente. Numas acentua o cheiro a novo.
Nas outras tira o cheiro a mofo e faz lembrar o que eram, anos antes.
Nós também (mesmo sem pinturas) podemos lembrar como éramos anos antes.
Ela, por exemplo, era muito triste.
Tinha amargura e dor em litros, hectolitros de lágrimas.
As lágrimas de mulher diz-se que Deus as conta. Possam então ser úteis…
Hoje, à distância de meio século, à distância de uma aurora boreal, de um céu rosa e terra branca de neve, uma alegria suave preenche o seu olhar e suaviza-lhe também o coração.
Hoje há flores a esvoaçar alegremente como borboletas pelo espaço à sua roda.
Hoje há luz branca no Sol que ilumina o céu, azul claro. Só o nascer do Sol é rosa e o ocaso laranja.
Hoje a mudança é compreendida.
Hoje os dias são como eram, mas com cores diferentes.
São dias de vida – novamente! 
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26
Nov07

Doces

eva
Dia escuro e chuvoso, uma música de jazz que enche a casa.
Casa que sofre arrumações e desarrumações para finalmente se ajeitarem móveis e futilidades (necessaríssimas!).
Tudo arrumado e o espaço que havia… já não há.
Todos os cantos e nichos estão preenchidos.
E se o chão está livre, cobre-se de seguida com um tapete.
Que é da casa espaçosa dos nosso sonhos? Não faço a mínima ideia porque tudo o que temos é preciso.
Às vezes acontece comprar novamente o que se tem porque não sabemos onde está, mas isso…
- Queres um bombom?
- Pois sim. Quem os inventou merecia um prémio, desses bem bons.
- E quem sabe se não inventaria algo melhor a seguir?
- Difícil mas possível.
- Sempre!
- Concordemos. São um encanto da culinária.
- Posso levar mais um? Assim dá para a viagem porque sair daqui para esse temporal que está lá fora, fica muito melhor com ajuda de bombons.
- Lá diz o povo “o que é doce nunca amargou”.
- É mais ou menos isso, é. O sentido está correcto.
- Para a próxima tenho bolo de chocolate.
- Isso, e com amêndoas raladas, por favor…
- Não estamos de dieta?
- Mas lembraste coisas tão boas… 
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25
Nov07

Anónimo Séc XVII # Arte de Furtar

eva
Dos que furtam com unhas mimosas
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Assim como há unhas fartas, também as há mimosas, que são suas filhas e por isso piores, por mal disciplinadas, porque para regalarem a seus donos furtam mais do necessário. Furtar o necessário, quando a necessidade é extrema, dizem os teólogos que não é pecado, porque, então, tudo é comum e não há nem meu nem teu, quando se trata da conservação das vidas, que perecem por falta do que hão mister, para se sustentarem; mas furtar o supérfluo, para amimar o corpo e regalar a alma, é caso digno de repreensão e ainda mal que sucede muitas vezes. Como agora: ponhamos exemplos, porque exemplos declaram muito.
É certo que a qualquer ministro de el-rei basta o ordenado que tem, com as gages lícitas do ofício, para passar honestamente, conforme a seu estado. Pois se lhe basta um vestido de baeta, para que o faz de veludo? Se lhe sobeja um gibão de tafetá, para que o faz de tela, quando el-rei o traz de holandilha? Para que come galinhas e perdizes e tem viveiro de rolas, se pode passar com vaca e carneiro? Para que despende em doces e conservas o que bastava para casar muitas orfãs, bastando passas e queijo, para assentar o estômago, sem lhe causar as azias que padece pelos muitos guisados que não pode digerir? Para que são tantas mostras do reino e de Canárias, bastando uma de Caparica ou de mais perto? Por verdade afirmo que vi, em casa de um nesta corte, mais de quinze frasqueiras e não era flamengo; e outro que mandava borrifar o ar com água de flor para aliviar a cabeça, que melhor se aliviaria não lhe dando tanta carga de licores.
Muitos mimos são estes e que não podem estar sem empolgar as unhas na fazenda que lhes corre pela mão, e por isso lhes chamo unhas mimosas. Quien cabras nò tiene y cabritos veinde, donde le vienen? Meu irmão, ministro, oficial ou quem quer que sols, se vossa casa, ontem, era de esgrimidor, como a vemos hoje à guisa de príncipe? E até vossa mulher brilha diamantes, rubis e pérolas, sobre estrados broslados? Que cadeiras são estas que vos vemos de brocado, contadores da China, catres de tartaruga, lâminas de Roma, quadros de Turpino, brincos de Veneza, etc.? Eu não sou bruxo nem adivinho; mas atrevo-me, sem lançar peneira, afirmar que vossas unhas vos granjearam todos esses regalos, para vosso corpo, sem vos lembrarem as tiçoadas com que se hão-de recambiar no outro mundo. Porque é certo que vós os não lavrastes, nem os roçastes, nem vos nasceram em casa como pepinos na horta. 
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.in "Arte de Furtar"

.de anónimo séc. XVII

.(actualmente atribuído a Padre Manuel da Costa)

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24
Nov07

Alegria e tristeza

eva
Malhas, lãs, tecidos felpudos – ou seja, tudo o que aqueça – é para o que todos olham e usam porque o frio chegou.
As cozinhas começam a ter cheiros convidativos à boa mesa.
À mesa, refeições lentas ou prolongadas, apetece ficar por aquele quentinho acolhedor.
A maior parte das pessoas ainda não liga os aquecimentos – na poupança – mas já apetece.
As casas, quando chegamos ao fim do dia de trabalho, estão geladas mas ainda vão aquecendo com os nossos afazeres e andanças rápidas, para preparar o resto do dia e já o próximo.
Os mais novos já querem a árvore de Natal e o resto dos enfeites.
As casas vão começando a mostrar o desejado ambiente de festa.
As madeiras, os metais, as pedras e louças todas ganham novos brilhos e dão cheiros dos produtos utilizados e esquecidos durante um ano.
Que seja possível conseguir levar palavras de carinho a quem deixou o coração ficar indiferente, pelos dias sofridos.
Ou a quem deixou arrefecer o coração à alegria – sua e dos outros.
Sempre que puder haver festa não haja tristeza e talvez a alegria queira ficar todo o ano. 
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23
Nov07

O progresso

eva
Bolas coloridas nos fios eléctricos para os pássaros os verem a tempo de se desviar.
Torres de energia, com forças ainda desconhecidas de todo o seu poder, alternam com casas a poucos metros de distância.
Há até um bairro, perto da minha casa, que tem vivendas com torres enormes no jardim, a palmos (nem sequer a metros) das janelas e dos muros que rodeiam as casas.
Dizem que faz parte da evolução.
Eu é que ainda não percebi a que evolução se referem – se do progresso, se de doenças ou de quê…
Vivemos à custa da energia - isso é verdade.
É quase inconcebível voltar aos tempos das velas, à escrita de pena e tinteiro, ao lume só de lenha ou carvão…
Enfim, deve ser mesmo o tal progresso forçado.
Os físicos já se repetem ao afirmar que tudo é energia à nossa volta, incluindo nós próprios.
Os crentes em Deus ou em algo divino e superior ao ser humano, sempre tiveram essa noção de energia una.
Essa crença, de singela esperança, atinge a força poderosa da fé.
Possa ser a energia dessa fé bem dirigida em favor de um progresso maravilhoso para todos – das regiões mais favorecidas às mais prejudicadas.
Talvez, então, a raça humana se possa orgulhar, um pouco mais, do seu progresso. 
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Aline Pottier
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22
Nov07

Limitações

eva
Não sei que vida pode haver aqui. O chão parece todo queimado, esturricado, melhor dizendo.
A terra está castanha escura e endurecida como uma laje.
A noite permanece durante as horas do dia porque o céu está negro.
Não percebo de quê – se de fumo, se de fuligem – porque vão caindo cinzas ou algo semelhante.
- Que horror de paisagem…
- Não, o melhor de tudo é que nesta zona que vislumbramos, está a nascer um caule de qualquer planta, que ainda mal se percebe. É que, do céu – o tal céu escuro – caiu um grão de qualquer coisa, que uma ave transportava e deixou cair. E foi esse grão que deu um rebento verde.
Também ao cair fez uma fenda diminuta na terra. E dessa fenda subiu um líquido, para mim desconhecido. O grão ficou assim meio mergulhado e meio fora do tal líquido.
- Isso não pode ser porque eu estou a ver o grão e a fenda. O caule de que está a falar está ao lado, mas não é do grão.
- Então assim já não tenho explicação porque há mais fendas espalhadas, mais finas e mais largas, e não vejo mais nenhum rebento verde.
- Bem, se quiser, o impossível aconteceu.
- Quer dizer, o inexplicável! Mas tudo tem explicação!
- Sinto muito mas nem tudo tem explicação conhecida. Há muita coisa que o ser humano, cientista ou homem comum, não percebe e, no entanto, existe.
- Limitações a serem ultrapassadas? 
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© Mario Paschetta
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21
Nov07

Quando a neve cai

eva
Quando a neve cai, naqueles flocos grandes, parece um milagre dos céus.
A chuva não dá a mesma imagem.
Por incrível que pareça, a chuva dá a ilusão de ser mais fria que a neve.
A neve acalma, talvez por ser branca e ir caindo tão leve, tão linda.
Em condições de aconchego, são dias de enorme beleza. Sem condições, pode ser causa de desgraça e morte.
A natureza tem coisas destas. Mais uma vez (e sempre) tudo é relativo.
Os extremos não favorecem a qualidade, que está na moderação ou no meio-termo.
E assim como vemos a beleza da neve, vemos, na sucessão dos tempos, a beleza das flores e o renascer da natureza.
Outra vez situações extremas, amenizadas pelo tempo que decorre entre as diferentes estações do ano.
Cabe-nos apreciar o melhor de cada uma usando a sensatez.
Equilíbrio, moderação e discernimento são precisos a cada dia, a cada um,
E talvez os homens, aprendendo sempre na observação do que os rodeia de modo natural, possam apreciar a paz e a convivência pacífica de situações extremas, que podem ser sempre moderadas por vários meios.
 
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Monet

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