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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

31
Out07

Profissionais

eva
Hoje em dia, como as pessoas são operadas a quase tudo, chamam pequenas cirurgias às operações mais simples e cujo restabelecimento imediato pode ser em casa.
As cirurgias são já para casos mais graves e o restabelecimento tem que ser no hospital.
Porém, o maior problema está no preço das coisas quem nem sempre é possível pagar.
As quantias são números enormes. Mas são também quantias devidas para pagamento de trabalho, e todos contam desde o cirurgião aos restantes membros da equipa incluindo o anestesista, os equipamentos e remédios utilizados, a marcação e ocupação da sala de operações, o quarto, os necessários exames médicos imediatamente antes e depois…
Enfim, uma lista de coisas com equivalente lista de preços.
Mas, no meio disto tudo, o que mais se deseja é que o resultado seja o melhor possível – sempre!
E a ciência médica está sempre em evolução com pesquisas fantásticas.
Os médicos e o pessoal hospitalar são cada vez mais hábeis e promissores.
Formam uma classe excelente todos os profissionais que se esmeram em trabalhar bem em prol de um melhor futuro para os outros. 
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O Médico
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Sir Luke Fildes
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30
Out07

Conhecimento

eva
Aprender a escrever, aprender a ler, aprender o significado do que se escreve ou lê. São as primeiras fases do conhecimento.
Conhecimento que se opõe à ignorância. Sempre!
Felicidade simples que progride para a felicidade em sabedoria.
O conhecimento implica vontade dirigida, persistência e, por fim, paciência.
Conhecimento que pressupõe a responsabilidade de o dividir com todos os que o solicitarem.
Sem nunca o tornar uma obrigação.
Cada pessoa tem um tempo certo para conhecer o que precisa conhecer na sua vida.
O conhecimento não pode transportar consigo arrogância nem desprezo.
Conhecimento não é concha para um isolamento pessoal, nem carapaça para protecção ou desafio.
Conhecimento é luz que se difunde e ilumina tudo e todos em seu redor.
Conhecimento é liberdade e esperança em si mesmo e na vida.
- Pois é, é a transformação interior. É o elevar-se da mediania com benevolência.
- Sim, é ultrapassar-se a cada dia por vontade própria. 
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Van Gogh
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29
Out07

Que pensar?

eva
Era um daqueles programas sobre sexo e igualdade entre homens e mulheres.
Que dizer? Tudo novo… tudo velho!
Parecia ouvir os comentários das avós pela boca daquelas médicas.
Seria possível ainda irem às consultas pessoas de hoje, com estudos, com todos os meios actuais, comentar emoções semelhantes a mulheres que não saíam de casa, e que nem sequer dispunham de electricidade ou água canalizada?
Épocas em que a comida era feita à base de carvão e em que não havia notícias de nada a não ser por “cochichos”!
Jovens de 2000 com as mesmas frustrações de jovens de 1900 e, possivelmente, também de antes!
Que dizer… que pensar?
O ser humano tem, afinal, um corpo que não conhece, que não defende ou que não consegue defender.
É concerteza tempo de libertar o corpo, de liberalizar emoções – de modo construtivo e pela defesa de si mesmo.
Talvez seja depois possível libertar as pessoas que, mais civilizadas ou não, apenas querem ser felizes, apenas querem paz. 
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Programa de Vida

Roberto D'Amico

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28
Out07

José Fanha # Elefantemos

eva
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Para o Mia Couto
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Elefantemos portanto.
Deixemos esta tão precária pele
Aprender outros saberes
Deixemos
Portantomente
O olhar do paquiderme
Ensinar ao passarinho
As paisagens do deslumbre
Das escritas mais antigas.
Permitamos que o vento sopre.
E que a pedra exista
E que o sol dispare a sua fúria
Em todas as direcções.
E que a lua se entretenha
No seu jogo de brilhar.
Elefantemos portanto.
Ou,
Melhor dizendo,
Permitamos que um silêncio muito antigo
Venha
Carregado de silvos e sussurros
Venha
Conduzir-nos a palavra
Pelas veredas impalpáveis
Do mistério.
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in "Elogio dos Peixes, das Pedras e dos Simples"
de José Fanha

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27
Out07

Sempre

eva
Doenças de pele, sinais, borbulhas, eczemas, eu sei lá…
Dizem que é alergia, até ao sol.
Dizem, também, que são as gerações da Internet.
Mas ele é um velhinho e a pele está cada vez pior.
A circulação de sangue é deficiente pela idade avançada.
Mas nós queremos sempre que a nossa família, dos mais velhos aos mais novos, viva o melhor possível.
Remédios que aliviam, mas não curam...
Remédios que os doentes não tomam porque se esquecem ou que trocam as doses, porque confundem as indicações.
E as pequenas coisas começam a exteriorizar-se com mais força.
Assim como as ervas daninhas.
Mas mesmo que o tratamento não obtenha os resultados esperados, devemos fazê-lo porque senão é desistir de viver melhor.
Devemos também ir testando sempre outras hipóteses.
Sempre a esperança de melhores dias nos guiem os pensamentos, as palavras e as atitudes - para nosso melhor modo de vida. 
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. Homem velho
Leonardo da Vinci
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26
Out07

Sinais dos tempos

eva
- Vão nascer gémeos. Tão bonitos aqui na fotografia.
- Bem, bem. Foto ou ecografia? As mães exageram sempre!
- Ela esperou e desesperou tanto para os ter. Chegou a pensar que não podia ter filhos dele e, mesmo assim, preferiu o casamento.
- Sim, ela sempre quis ter filhos. E se não viessem assim os dois ao mesmo tempo, já só deviam ficar com um.
- Pois, é verdade. Os tratamentos foram difíceis e ainda teve do o convencer a fazê-los…
- Fora o preço... um dinheirão por cada experiência.
 - Diz que sim, que são tratamentos caríssimos. Estas coisas da genética são… hum…de espantar. Tanto pela ciência e tecnologia que representam, como pelas possibilidades de ter filhos que oferecem aos jovens casais.
- O que também é de espantar é o número de casais inférteis que há hoje em dia. Tentam anos a fio e nada de nada.
- E depois ainda há as grávidas que não aguentam os filhos na barriga.
- Sim, essa também. Têm que se sujeitar a tratamentos durante quase todos os meses, ou semanas.
- Enfim… sinais dos tempos.
- De tempos difíceis… por aqui. Porque noutras regiões há crianças a morrer de fome e, no entanto, ninguém as consegue adoptar a não ser à custa de fortunas.
- Estás a falar da via legal, é claro.
- Só posso, e só quero, falar de situações legais. Porque o desequilíbrio está por todo o lado. 
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Mary Cassat
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25
Out07

A borboleta

eva
A borboleta branca atrai outra castanha e amarela para a fonte e a relva do jardim.
A castanha vai pousar na mesa de pedra e após uns instantes, vai abrindo e fechando as asas.
Parece um exercício, como se quisesse experimentar se funcionam.
É que ela acabou de sair do casulo e ainda lhe parece mentira estar outra vez renovada de asas.
As suas asas anteriores tinham sido rasgadas e não só tinha que aguentar a dor, como não conseguia voar bem, porque ainda abriam mais os rasgões. 
A cada voo os rasgões aumentavam e o esforço era, também, cada vez maior.
Às tantas, já não conseguia voar mais e ficou murcha no chão, à espera.
- À espera de quê?
- Da solução. Quando não sabemos o que fazer esperamos um sinal de mudança.
Nessa altura tentamos entender os sinais e segui-los, no intuito de melhorar. O problema é se a ignorância não nos permite entender os sinais.
Outras vezes não temos coragem para segui-los e então instala-se a dúvida.
- Mas a dúvida ajuda a discernir, ou não?
- Não. Isso é a análise. A dúvida, se a deixarmos instalar-se, corrói toda a intenção, quanto mais qualquer movimento da vontade. O que é necessário é seguir, devagar ou mais depressa, mas avançar sempre.
- A borboleta fez isso, foi?
- E a natureza das coisas ajudou. 
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Borboleta (detalhe)

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Yitzhak Ben Yehuda

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24
Out07

Fado

eva
Recibos, rendas, dívidas – tudo misturado num turbilhão de ideias e dúvidas.
Deve haver mais em que pensar, mas as dívidas amontoam-se e parecem até surgir do nada.
Pergunto-me para que servirá esta preocupação em juntar o dinheiro suficiente para pagar as dívidas.
Ainda por cima de coisas que não pedimos. São dívidas da família a que pertencemos ou da família que, ao longo dos anos, fomos formando.
Sendo de famílias honradas, pretendemos deixar aos filhos as coisas livres de encargos.
Mas custa muito trabalhar para utilizar o que se ganhou, com tanto sacrifício, apenas para pagar “papéis”.
Porque são simplesmente papéis: impostos, rendas cuja razão já não existe mas que legalmente ainda não é possível anular…
Custa muito conseguir andar em frente e de cabeça erguida.
Os dias são de muitas despesas obrigatórias mas sem se notarem contrapartidas.
Sobrevém a esperança que todo esforço não será em vão.
A esperança que a saúde seja suficiente para não arcar ainda com mais despesas.
A esperança de conseguir administrar melhor as coisas e de que os erros sirvam para aprender, muito mais do que para lamentar.
A esperança de manter acesa essa luz, agora ainda tão trémula, da Esperança.
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Guitarra

Graça Morais

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23
Out07

Sobrevivência

eva
Tumulto de gentes em correria.
Casas que se afundam em águas que correm céleres no que, há poucos dias, eram estradas secas.
Carros, bicicletas, árvores, tudo derrubado ou partido.
Muitos morrem, muitos sobrevivem.
O desespero e a desolação grassam entre famílias e estranhos.
Bens, animais e demais haveres jazem nas águas.
E, com eles, o trabalho de anos e anos.
Lágrimas correm, as pessoas vão ficando desanimadas com a força da natureza.
Noites sobre noites e o ambiente não muda, antes se generaliza a outras regiões.
Após uma semana, o sol volta em força e vai secando as terras.
Muito trabalho, oh! muito trabalho vai ser necessário para reconstruir.
Não vale o tempo de ficar parado e triste.
Não vale o tempo para pensar.
A esperança floresce e dá fôlego.
Os miúdos vão-se juntando e vão cantando as canções da escola.
Juntam-se nas encruzilhadas para trocarem o pouco que lhes resta por coisas de maior necessidade.
Os valores são agora mais reais, são de sobrevivência.
As vozinhas convidam a olhar só para o futuro.
A sonhar para dar alento e avançar.
Avançar sempre para melhor. 
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Imagem retirada da net (sem indicação de autoria)

22
Out07

O bébé

eva
Salas de espera carregadas de gente doente.
Entre pessoas em macas, de pé ou sentadas como podem, está um bebé, de poucos meses. Ele brinca com os guizos do carrinho, com uma fralda e com as suas próprias pernitas e pés.
Está completamente alheio àquela algazarra de ambulâncias, vozes, microfones – com vozes que mal se entendem – pessoal hospitalar e médicos.
Uns ralham, outros resmungam, outros estão completamente calados.
Os calados estão assim por uma de duas razões: ou estão tão doentes e cansados que perderam a vontade de falar ou estão atentamente a seguir o futebol na televisão que, aliás, está muda.
E o bebé brinca sozinho, a descoberto, no carrinho.
Os altifalantes não deixam perceber os nomes que chamam e, de cada vez que produzem uns sons, aumenta a algazarra dos protestos.
A impaciência esparvoa as pessoas, em geral.
Mas o bebé continua a brincar, consigo mesmo, com ar feliz.
Das portas que se abrem automaticamente, entram e saem pessoas para atendimento médico.
Umas podem ir embora, outras têm que esperar pelo resultado dos exames.
Neste meio de doenças e mau humor, um bebé parece ser uma luz na escuridão. 
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C. Petit

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