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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

20
Set06

O infeliz

eva
20 de setembro de 2006

Um campo cheio de neve. Montanhas cheias de neve.
Pessoas, até aldeias de pessoas sacrificadas no rigor da natureza e das suas vidas.
Um céu azul estonteante de brilho.
A vida rotineira que leva as pessoas de um lado para o outro. Uns trabalham de mais, outros de menos.
Está quieto, a olhar para o céu e balbuciando palavras incompreensíveis, um miúdo paraplégico.
Observando melhor, não é um miúdo. É um adulto cheio de ursinhos de peluche e uma almofada em coração.
A sua cara é de adulto e o tamanho parece ser também. Mas encolhido como está e magrinho de fazer dó, faz que se confunda com uma criança.
O que espanta é a alegria e vivacidade do seu olhar e o modo como mexe a cabeça - nos movimentos possíveis.

Noutro lado, ouvem-se lamentos sobre falta de saúde e dos aborrecimentos da fisioterapia necessária à cura.
Não sei qual é o mais infeliz!

Que fazer deste hábito que os mais saudáveis têm de se queixarem de pequenas falhas na sua saúde? Às vezes é só espreitarem a sala ao lado e compararem...
O sol brilha agora em todo o lado.

Haja quem o saiba apreciar.
19
Set06

O vencedor

eva
19 de setembro de 2006

Pesadelos de beijos frios, como de morte.
Rostos amigos que escondem sentires tão infelizes.
Doentes mais reais esperam nas suas camas um pouco de atenção - um sorriso, uns minutos de conversa amena.
Qualquer desculpa para darem um sorriso. Para sentirem o coração mais leve.
A esperança de um dia melhor. A esperança de melhor saúde depois daquelas camas.
Tanta ilusão e tanta doença. Como a rotina dos dias e das noites, assim as pessoas gerem as suas vidas. Ora alegres, ora angustiadas.
Uma grávida arrasta um carro de comida. Para ela, o carro tem um tamanho e um peso monstruosos.
Mas agarra-o, empurrando e desviando-o pelos corredores e elevadores. Às tantas vai gemendo e a barriga defende-se acabando por rebentar o botão que já a incomodava por falta de espaço.
Uma nova vida vem aí. Aos pontapés faz-se sentir cheia de vontade de vencer.
Todos desejamos que também saiba acalmar e serenar quando nascer pois o "amor, precisa-se" e é o grande vencedor.
18
Set06

Como nos filmes

eva
18 de setembro de 2006

Praia de águas sujas - lixos da maré. Lixos dos batéis de pesca.
Nevoeiro denso que, aos poucos, se transforma em chuvinha. Cola-se à pele e arrefece-nos.
Escolhe-se caminhar, ou camisola ou casaco e ficar quieto na praia.
Com a manhã alta, o sol dissipa o nevoeiro e ficamos com bruma e sol suave ou morno.
Da bruma chegam à praia, em muito mau estado, antigos pescadores, marinheiros e muitos piratas (tal e qual como nos filmes) e até canibais.
Trazem lanternas de ferro, muito velhas e enferrujadas.
Passam por nós, caminhando na mesma areia. Dirigem-se directamente para a serra (que fica atrás da praia) com alguma pressa.
Têm ansiedade e desilusão no semblante e no olhar.
Aí, logo no começo da subida, começa a desenhar-se uma rampa muito inclinada, como uma estrada só para eles. O grupo pára e entreolha-se...
Voltando-se, perguntam-nos se aquele caminho é especialmente para eles.

Pois, tudo indica que sim, que ainda agora não existia ali nada disso.
Dizem-nos então adeus muito sorridentes e agradecem com as lanternas, que se acendem sózinhas.
Conforme se afastam, são envolvidos por outra névoa - uma nuvem cheia de luz.
17
Set06

Mário de Sá-Carneiro # Ângulo

eva
17 de setembro de 2006
.
Aonde irei neste sem-fim perdido,
Neste mar oco de certezas mortas? 
Fingidas, afinal, todas as portas
Que no dique julguei ter construído...
.
Barcaças dos meus ímpetos tigrados,
Que oceano vos dormiram de Segredo?
Partiste-vos, transportes encantados,
De embate, em alma ao roxo, a que rochedo?...
.
Ó nau de festa, ó ruiva de aventura
Onde, em Champanhe, a minha ânsia ia,
Quebraste-vos também, ou porventura,
Fundeaste a Oiro em portos de alquimia?...
................................................................
Chegaram à baía os galeões
Com as sete Princesas que morreram.
Regatas de luar não se correram...
As bandeiras velaram-se, orações...
.
Detive-me na ponte, debruçado.
Mas a ponte era falsa - e derradeira.
Segui no cais. O cais era abaulado,
Cais fingido sem mar à sua beira...
.
- Por sobre o que Eu não sou há grandes pontes
Que um outro, só metade, quer passar
Em miragens de falsos horizontes-
Um outro que eu não posso acorrentar...
.
Mário de Sá-Carneiro
 
16
Set06

O topo da escala

eva
16 de setembro de 2006

Uma colmeia verdadeira, no campo.
Por dentro toda construída através dos favos de cera.
O mel escorre e o calor é bastante forte. O zumbido é ensurdecedor.
As abelhas mais laboriosas aparecem "à porta" para mostrar a sua casinha dentro do cortiço (ainda é de cortiça).
Necessitamos de mel e de cera quentes para tratamentos. Elas dão-nos o que precisamos.
Elogiamos a sua organização e trabalho incessante.
Tomaram muitas sociedades pensarem sequer em seguir o seu exemplo.
Na natureza, à frente dos nossos olhos, já está tudo criado.
É uma pena o homem não ter humildade de aprender com os menos evoluídos na escala que, ele próprio - homem - inventou e ainda se colocou no topo.
O homem será então, sózinho(?), o ser mais evoluído dos seres vivos.
Vendo as notícias, todos os dias, ficamos com algumas dúvidas. Muitos há que nem os animais nem as plantas os quererão sentir por perto.
Tenhamos no entanto o coração cheio da esperança de que, um dia, seja digno dessa posição que preconiza para si próprio.
15
Set06

A cor da felicidade

eva
15 de setembro de 2006

Pés em sandálias a descer uma escada.
Calças curtas às flores e cabeça cheia de curiosidade mórbida.
Tudo e todos devora com olhos ávidos e desequilibrados.
Muito ao longe uma luz, talvez da mãe, pede uma oportunidade mais para as suas melhoras morais.
A luz estende-se ténue, por uma estrada deserta.
Parece ser o caminho do resto da sua vida. É uma estrada seca e mal iluminada.
Falta-lhe paisagem, cor e muita caridade. A começar por si própria que, como essa estrada, está seca e árida.
Precisa irrigar a sua vida, doseá-la de amor pela sua própria família e lar. Pelos conhecidos e até desconhecidos que se cruzam com ela.
Precisa fazer tocar as cordas da sensibilidade pela felicidade dos outros. Todos os outros.
À semelhança dos poetas, também lhe damos o recado essencial: "põe um pouco de amor em tudo o que fazes" e a tua vida - todas as vidas - terão mais cor.
A cor da felicidade.
14
Set06

Pólos binários

eva
14 de setembro de 2006

Plantas que secam e florescem sem ser Primavera.
Ideias que se formam e deformam sem vontade.
Decisões que se tomam e quietudes de indiferença.
Pólos binários de nada que não seja das ciências e matemática.
Um homem de pés inchados e meio cego de diabetes espera todos os dias a hora da sua boleia para o trabalho. Trabalho duro das obras.
Com mais que idade para descansar, ainda vai pela tardinha à sua horta, distante um bom bocado. Todos os dias, de há muitos anos, que esta é a vida que conhece.
Os domingos são só para a horta e vai na motoreta velha que a nova pagou-a e logo lha roubaram.
Pequenos gestos que ensaiava na sua libertação.
Em compensação tem uma família amorosa, a qual não valoriza muito.
Os dia são tristes sem binários de nada.
Mas à sua volta e em redor de todos nós a esperança renasce em cada forma da natureza.
Cada ser vivo é um viajante na sua evolução.
E, mesmo que não pareça, a evolução é constante para todos.
13
Set06

A estrada

eva
 13 de setembro de 2006

Está uma manhã enevoada. Bom, vendo bem, está mesmo um nevoeiro cerrado.
O ar está frio apesar de ser ainda Setembro.
O carro tem que levar as luzes acesas.
Mas no céu, redondo (como um queijo) o sol brilha em branco pálido, prometendo aquecer.
Estrada igual à de sempre, percorrendo cada troço de cor, sabendo até onde estão as árvores demasiado inclinadas sobre a estrada.
A manhã vai alta e as horas começam a querer fugir da minha agenda.
Para ajudar, os sinais mudaram e o percurso agora é outro.
Tenho a impressão que estou num avião e que o chão foge. Não percebo se é para levantar vôo ou aterrar.
O chão transforma-se em terra, a terra em areia e deserto. O deserto em vegetação agreste e vento.
A poeira assenta e o solo é agora verdejante com o mar ao fundo.
O mar muda para planície cheia de neve e começam os tons de um pôr do sol a misturar-se no céu azul e branco.
E agora este círculo encarnado é... um semáforo.
12
Set06

Um dia

eva
 12 de setembro de 2006

Um ajuste de válvula. Como um clic de cofre que se abre, deixando livre o seu tesouro.
A riqueza de cada um, como a fortuna amealhada deve usar-se com discernimento.
Um rapaz, adolescente, aguarda. Uma espera de milénios. Por vezes desiquilibra-se pela impaciência.
As famílias mudam. Os países e as sociedades também.
Mas ele espera ainda e sempre. Uma esperança que parece envelhecer mais do que renovar-se.
Um carro devia estar ao portão, a marcar o lugar da sua espera. Outro carro deveria chegar.
Mas a espera continua como o lugar continua vago. O seu olhar também vagueia.
A concentração minimiza-se. O relaxe vai instalar-se lentamente.
Na descontração encontrada surge finalmente a luz da realidade.
A verdadeira dimensão da sua vida está ali, à sua vista. No tempo certo.
Afinal no acerto é tudo tão fácil, tão fluído, tão natural.
A importância de um dia na sua vida, sempre igual.
11
Set06

O equilíbrio

eva
 11 de setembro de 2006

Todos reunidos numa sala rectangular e ovalada ao mesmo tempo.
Todos esperam um tratamento miraculoso. Daqueles tipo um gesto de mágica e tudo está feito e transformado em felicidade completa.
E todos esquecem que a condição necessária e primordial é ter atingido o equilíbrio vertical.
Ou seja, o equilíbrio entre saúde física e moral. Porque uma depende e inter-relaciona-se com a outra.
Em medicina é o equilíbrio psico-somático. Mas quase ninguém conhece.
Ou quase ninguém lhe dá importância. E, no entanto, este equilíbrio é o cerne do "bem-estar".
Da serenidade e harmonia com a vida.
A relação harmoniosa entre a vida do indivíduo e do meio em que habita.

Desde a sua família, o meio social e profissional.
E, evidentemente, a natureza que o rodeia e o integra. Porque não é o homem que faz parte da natureza quando quer.

A natureza é que interage com o homem procurando sempre o equilíbrio maior.
O equilíbrio do universo.
O equilíbrio cósmico.

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