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Escritos de Eva

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Eva diz o que sonha (e não só) sem alinhamento a políticas ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Um texto, uma imagem... para todas as idades

Escritos de Eva

30
Jun06

Dia de praia

eva
30 de junho de 2006

Dia aprazado para a praia. Dia lindo de sol.
Dia de Verão com uma leve brisa, muito leve.
Como um véu que passa por nós enchendo-nos de paz perante a imensidão do mar, do céu.
Sobre a imensidão de azul em nossa vidas.
De azul céu, porque até as águas estavam de azul céu.
Na orla, estavam completamente transparentes.
Apetecia-me ficar ali o dia todo. A semana.
A vida inteira ali em paz, misturada naqueles tons e matizes nacarados de branco pérola, reflexos verdes não sei bem como e azul mais nítido ainda na cor ao fundo.
Pessoas estão ao Sol ou passeiam as crianças.
Os infantários já fazem presença com as crianças "arrumadas" em rodas ou em formaturas.
Caminhamos pela orla. Os sonhos sonham-se.
Aparecem as fadas dos sonhos.
Aparecem as coisas belas que amamos.
Aparecem os amores que temos, ao nosso lado.
Aparece a felicidade vestida de um dia de sol.
Afinal é tão simples ser feliz.
É estar feliz nesse momento.
Eternamente, o instante.
29
Jun06

O bebé

eva
29 de junho de 2006

A gruta é grande, em largura, espaço e altura.
Uma bola de luz como o Sol ilumina-a, de modo a poder ver-se uma criança-bebé em panos castanhos.
Uma mulher, que não é a mãe, está debruçada sobre ela, tanto para não chorar como para não deixar que lha levem.
Ela sabe como isso é porque foi ela que a separou da mãe e a trouxe para ali.
Mas não consegue escondê-la.
A verdadeira mãe está ali a querer tirar-lha, mesmo ali.
E o bebé como que adivinha, porque olha na sua direcção e, nesses momentos, sorri e serena o choro.
A mulher não percebe porquê, visto que o trata o melhor que pode e sabe.
Nem tem comido, nem bebido, nem nada, para não o deixar só e não se sentir abandonado.
Coitados, três seres em dívida uns pelos outros e nenhum avança na tolerância e na paz.
São momentos de aflição e desespero.
A mãe apela para a salvação do filho, mais que da sua.
E vem, então, um grupo de salvamento que encontra esta gruta, no meio de tantas iguais.
Só que esta registava um chamamento de mãe. De verdadeira maternidade.
Consciente e amorosa quanto baste. A verdadeira supremacia da mulher.

A sublimação da dádiva do amor.
Os salvadores enviam primeiro a bebé para a estação de socorro.
A seguir as duas mulheres que entretanto se ligaram entre o desespero e a dádiva.
Amigas no futuro...
28
Jun06

A casa desabitada

eva
28 de junho de 2006

Uma casa que foi habitada há muitos anos atrás.
Vagamente aparecem as pessoas habituais daquele tempo, mas em posturas de conversação que nunca existiram desse modo.
A observar tudo está um homem enorme em estatura e corpo.
Nada diz mas parece procurar alguém e fixa os seus olhos verdes claros em mim.
Quando me decido a perguntar-lhe se quer alguma coisa da mesa ou de nós, ele desaparece em pânico.
Procuro pelas escadas, depois pelas salas onde surgem pessoas de todos os lados.
Outras entretidas em conversas, parecendo dirigir-se para uma sala de congressos.
Vou lá também à procura. Pelos recantos e já na rua, continuo a procurar.
É importante encontrá-lo, mas não o vejo em lado algum.
Ah, ele veio ter comigo e está mesmo à minha frente.
De coração aberto conta que, de há muitos anos, espera naquela casa que apareça alguém para o guiar na direcção do céu-rosa.
Trata-se da sua salvação por amor e misericórdia.
Mostro-lhe o caminho. Vai a correr, talvez com a noção de já ter perdido muito tempo à espera.
Vira-se lá ao cimo e agradece-me.
Não precisa. Basta que seja feliz.
Feliz porque subiu, enfim.
27
Jun06

Os viajantes

eva
27 de junho de 2006

Parece um escafandro, é um capacete cheio de fios ligados a qualquer coisa.
Limos e algas escuras por todo o lado.
Os enfermeiros e médicos estão a desligar-lhe os fios e o dito capacete com todo o cuidado.
Metódica e lentamente, vão verificando tudo.
A luz é suficiente, nada forte.
O ambiente, apesar da gravidade da situação, é ameno, talvez pela ordem em que decorrem as tarefas.
Todos parecem competentes e conhecedores das regras deste trabalho e da equipa.
Finalmente estão a retirar o que parece ser um fato de escafandro.
O fato, conforme se separa do corpo do indivíduo, vai desaparecendo no ar.
Dissolvido completamente, depois de retalhado em partes e partículas cada vez mais pequenas.
Pronto - desfez-se todo!
Os limos e as algas parecem tomar vida e seguir caminhos desconhecidos, levados por outros enfermeiros que acorrem para esse trabalho, específicamente.
O indivíduo, muito pequeno em relação ao tamanho do fato, parece acordar.
Está muito espantado mas também muito atento às instruções que vai percebendo.
O seu coração é tocado e vai batendo mais forte.
Outros, em situação semelhante, surgem aos meus olhos.
É uma sala enorme cheia de camas.
Alguns levantam-se e vão descobrir a sua própria rota.
Outros apenas vão melhorando.
Todos serão viajantes.
26
Jun06

Vida e profissão

eva
26 de junho de 2006

Fontes de jorros de água.
Flores que voam das suas plantas e vão banhar-se nas águas.
Dos jorros reúnem-se em lagos de água pouco profunda, entre os tons transparente (ou incolor) e matizes de verdes claros.
O céu, azul, tem nuvens brancas que passam a correr.
É a harmonia da natureza.
Lembro então pessoas que me são queridas por serem família próxima ou por serem amigas.
Imagino-as a gozarem também desta paisagem.
Elas gostariam de poder viver ali mesmo.
Como se um paraíso existisse assim, pronto a ser colhido ou gozado. Assim mesmo à nossa espera.
Mas não, a vida é como uma profissão. Tem um tempo para aprender a trabalhar e um tempo para trabalhar mesmo.
Fazendo render não oito, mas vinte e quatro horas sobre vinte e quatro.
Acordado ou a dormir, o trabalho é para ser conseguido, sendo da sua qualidade a projecção da qualidade de vida.
Da vida eterna, sem princípio nem fim.
Da vida que nos embala os sentidos.
Dessa vida que calibra as nossas opções de cada dia.
A vida que precisa ser bem vivida...
25
Jun06

Violetta Parra # Gracias a la Vida

eva
25 de junho de 2006 

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me dois olhos que, quando os abro
perfeitamente distingo o preto do branco
e no alto céu, o seu fundo estrelado
e nas multidões, o homem que eu amo.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,
grava, noite e dia, grilos e canários
martelos, turbinas, latidos, chuviscos
e a voz tão terna do meu bem amado.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o som e o abecedário
e, com ele, as palavras com que penso e falo
mãe, amigo, irmão e luz iluminando
a rota da alma de quem estou amando.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me a marcha dos meus pés cansados
com eles andei por cidades e charcos,
praias e desertos, montanhas e planícies
pela tua casa, tua rua e teu pátio.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o coração que todo se agita
quando vejo o fruto do cérebro humano,
quando vejo o bem tão longe do mal,
quando vejo no fundo do teus olhos claros.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o riso e deu-me o pranto
assim eu distingo a felicidade da tristeza,
os dois materiais de que é feito o meu canto
e o canto de todos, que é o meu próprio canto
.
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
.
de Violetta Parra
( Trad. de F.L. )
.
24
Jun06

Temas de discussão

eva
24 de junho de 2006

Uma cama de casal, colcha branca com um ramo de flores azuis ao centro.
Uma região branca no planeta, com flores e montanhas pelo meio e bordas externas. O mar à volta.
A guerra prepara-se lenta e objectiva, como o felino espera a presa frágil que vê ao longe.
Outros países gesticulam e discutem em preguiças administrativas os assuntos que deveriam tomar em mãos.
A guerra finge que é boato.
Os países interessados adestram os seus preparativos com denodo e tão meticulosamente que só alguns reparam no paralelo. E estranham.
A cama ainda está feita à espera dos esposos.
Lá fora acendem-se discussões de futebol e músicas alegres e alusivas que distraem a atenção.
Vêm chuvas em pleno Verão e ninguém estranha. Tudo se justifica.
É tão mais simples permanecer na preguiça.
Preguiça de atitudes, de ideias.
E de pronto chegamos à preguiça moral.
A ética, o direito e o dever são apenas mais temas de discussão.
Muito se discute.
Resta saber se é para manter atitude ociosa.
Ou se é a própria mente que apenas consegue ser inútil.
23
Jun06

Obrigado, estou bem...

eva
23 de junho de 2006

Almoço! Está na hora de acordar.
Cuidado que está ao contrário na cama. Isso... a cabeça já está na almofada.
- Trouxe o almoço. Está preparado para comer?
Ah, é verdade, falta subir a cabeceira da cama. Pronto... melhor.
- Vou dar a sopa. Tem bocadinhos pequenos de cenoura e salsa, portanto o que encontrar é para mastigar. Isto se gosta de cenoura e salsa.
O prato, hoje, é de peixe com três qualidades de puré: batatas, cenoura e bróculos.
A seguir a fruta.
Os remédios já foram.
Está muito calor aqui. O melhor é abrir a janela.
Tudo ficou como meia hora antes. Como se não tivesse acontecido nada.
A droga ultrapassa a vida.
A vista foi-se ou já não era. Os olhos são lindos, castanhos e até têm algum brilho.
De raça indiana. Deve ter sido um homem bonito.
Agora fica-se inerte até o suor, que escorre sempre, o empurrar para mudar de posição.
Está ligado à cama e ao hospital.
As drogas da rua adoentaram-lhe o corpo ainda jovem - trinta anos, talvez.
Tudo nele parece adormecido - sem memória.
Mas à minha saída diz, sem mexer:
- Obrigado, estou bem...
22
Jun06

Dia de festa

eva
22 de junho de 2006

Pela terra, pelo céu, pelo deserto, pelas águas faz-se uma travessia de pássaros.
Chegámos e estamos no meio de areia bem dourada pela força do Sol.
A cordilheira à frente está cheia de grutas, iluminadas apenas pela luz natural. Pessoas, famílias, negociantes de toda a espécie vivem ali.
Vem um bebé ao colo e uma criança pela mão.
Uma mãe vem mais atrás, logo seguida por sete ou oito crianças em idade escolar.
A seguir vêm dezenas de raparigas muito novas e cheias de pressa.
Vão olhando receosas para trás.
Um vulto enorme ergue-se, maior que a montanha, mais perto de nós.
Está admirado e depois torna-se ameaçador, mas fica imóvel.
Todos os outros lavam-se num lago cheio de estrelas, em pleno dia.
E prosseguem em marcha ordenada.
Chegam a um sítio onde, conforme vão entrando, flores se espalham pelo chão, à sua volta e redor, pelo ar.
Parece dia de festa.
Os mais pequenos tentam apanhá-las nas mãos.
Os mais velhos esperam, cautelosos.
Mas é verdade!
É mesmo dia de festa... e de júbilo.
21
Jun06

A estrada

eva
21 de junho de 2006

Uma escada escura e algo suja.
Uma porta com vidro, em sistema de guarda-vento, dá acesso a um hall.
As paredes outrora brancas estão cinza encardida do tempo.
Um balcão de recepção e algumas cadeiras de madeira.
Lembra a época da 2ª Grande Guerra e posterior.
Tudo modesto e vazio.
Vou ter a uma sala cheia, mesmo a abarrotar, de crianças pequenas. Não têm mais de 5 a 7 anos.
Ao fundo, junto às janelas (há várias) estão camas-berço e bebés a dormir.
Todos estão com blusa e saia/calção cinza claro. Os bebés em camisa, da mesma cor.
As crianças parecem esperar - não percebo o quê.
Abro a porta e ficam espantadas a olhar para mim. Completamente paralisadas.
Começo a lavá-las em pequenas tinas de água e a vestir-lhes roupas brancas e perfumadas.
Bem penteados e arranjados, pego nos bebés ao colo e dou bolinhos de manteiga às crianças.
Saímos todos. A estrada é larga e a subida íngreme.
Chegamos a um portão enorme que se abre mal nos aproximamos.
Entram todos e ficam num largo, com chafariz ao meio.
Os mais velhos levam agora os bebés.
O céu que os ilumina agora é rosa.
O chão tem estrelas que não se deixam agarrar.
Na antiga sala, uma mulher abre a porta.
Só pétalas brancas no chão.
Grita pelo que não entende.
Sai a correr.
Sózinha.

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