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Abr08
Natália Correia # Uma flor de harmonia... e Sete motivos...
eva
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UMA FLOR DE HARMONIA NO PLENÁRIO
Aos jovens da UEDS que cavalheirescamente me ofereceram um cravo no plenário
Dá-me um cravo Vitorino:
Comove-me o galardão.
Mas meu horto é feminino:
Rosa lhe darei então.
Porque se o cravo é viril
Quer ele concubinato.
Sendo a rosa feminil,
Temos o androginato.
Que nessa grande harmonia,
É que há revolução:
Feita a vida poesia
E a luta feita união.
Mais ou menos socialismo?
Eu tomo essa embarcação.
Se a diferença está no ismo,
Está no cravo a comunhão.
UMA FLOR DE HARMONIA NO PLENÁRIO
Aos jovens da UEDS que cavalheirescamente me ofereceram um cravo no plenário
Dá-me um cravo Vitorino:
Comove-me o galardão.
Mas meu horto é feminino:
Rosa lhe darei então.
Porque se o cravo é viril
Quer ele concubinato.
Sendo a rosa feminil,
Temos o androginato.
Que nessa grande harmonia,
É que há revolução:
Feita a vida poesia
E a luta feita união.
Mais ou menos socialismo?
Eu tomo essa embarcação.
Se a diferença está no ismo,
Está no cravo a comunhão.
In “Cantigas de Risadilha”
SETE MOTIVOS DO CORPO
VI
Quando em halo de fêmea húmida e quente
São íntimas ao fogo as ancas sábias,
Está o corpo maduro no seu tempo
Aromático de rosas esmagadas.
São as Circes: fogueiras reclinadas
Como panteras em nuvens de magnólias;
Coxas versadas em abrir às lavas
Do desejo confins de lassas glórias.
Do amor, lúcida e plena anatomia;
Magníficas mulheres com flor e fruto;
Corpos de vagarosa fantasia
Que a febre afunda em estrelas de veludo.
Num esplendor de poentes envolvidas,
Sentadas têm pálpebras de violetas;
Mas erguem-se abrasadas; e despidas
São um verão a sair de meias pretas.
Capelinas que lendas insinuam,
De segredos os olhos lhes sombreiam.
Dos ombros pendem-lhes mantos de volúpias.
São fábulas que os moços estonteiam.
E aos seus leitos de prata e tílias altas
Ébrios de lua sobrem os mancebos.
Elas enterram -se nuas como espadas
Nas suas virilhas e armam-nos cavaleiros.
Ó sazonada carne que circunda
De asas, abismos e suados cumes
O mistério do ovo, dando sombra
Ao pénis que procura o fim do mundo.
In “O Armistício”
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Disse Henry Brooks Adams : a prática política consiste em ignorar os factos !
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