Um dia
- Olha - ali está uma tenda vazia. Ali, não vês? É aquele pano a formar uma espécie de caverna, mas que recebe luz e deixa passar essa luz do Sol, de um lado ao outro.
- É bonita! Parece um Sol, mas mais pequeno. Se calhar porque é de cor laranja.
- Pois, só se for por isso.
- E afinal, que queres saber, ou dizer, a partir desse exemplo?
- Queria explicar-te o que perguntavas acerca de limpar os pensamentos e a mente. É preciso dar espaço, um espaço de luz como aquela tenda provoca.
- Mas nós vamos enchendo a nossa cabeça com ideias, novas ou renovadas e que já são as escolhidas de entre toda a variedade que poderia afluir para serem guardadas.
- Sim, sim! Mas também somos muito capazes para atafulhar-nos de ideias, imagens, críticas, comentários que ouvimos sobre nós, ou que elaboramos sobre nós próprios, sobre os outros e sobre nossos relacionamentos.
- Isso é o normal, não é?
- É, assim como a adaptação ao meio ambiente, com crítica ou sem crítica. O que quero dizer é que é saudável deixar um espaço arejado e que, com a luz do discernimento e da esperança, permita ampliar o viver do dia-a-dia.
- E, como nessa tenda, tudo poderá ser revisto com outra acuidade – com a luz da tolerância perante a ignorância ou erro, nosso ou dos outros.
- Ou com a luz da esperança, percebendo que tudo tem uma razão de ser e que tudo poderá, um dia, aqui ou noutro lugar, mudar para melhor e para nossa felicidade e paz.
- Espero que tenhas razão e que um dia tudo possa melhorar!
- Um dia!
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