Tudo o que desejava
Ele sonhava e sorria a dormir. Sonhava que era feliz, que já tinha a sua nova casa – a casa dos seus sonhos.
Via o muro, o letreiro com o nome, as flores já plantadas e que apenas bordejavam os muros.
Também se via a trabalhar - entre o recortar das sebes e arbustos ou o arranjar dos telheiros de madeira para as sombras de Verão.
Enfim, tudo o que desejava, estava ali em sonhos, tão simples e tão difíceis de tornar realidade.
O despertador tocou em boa hora, porque sonhar o dia todo seria inútil.
Os sonhos e os bons desejos devem ser equilibrados senão os problemas de adaptação à realidade serão mais que muitos.
Os jovens que são habituados, pelos pais e amigos, a ter o que querem, do melhor e mais moderno, não lhes facilita a visão de que tudo deve ser equilibrado.
Que se deve ter o que se precisa e não ter por concorrência entre outros ou por gostos ambíguos.
As desadaptações, individuais e sociais, têm relação intrínseca com os hábitos e desejos desnecessários e viciosos que se vão alicerçando no quotidiano de cada um, perfazendo o seu tipo de vida.
- Ohh, eu também sou assim. Gosto tanto de ter tudo o que vejo e que acho bonito.
- Tudo?
- Tudo. Mas reconheço que nem vivendo o dobro eu conseguiria usar as coisas. É a superficialidade e o deslumbramento de cada um.
- E talvez os exageros por si mesmo…
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